Subcomissão de Cultura ouve demanda de comunidade artística da região de Campo Limpo

Afonso Braga | REDE CÂMARA SP

Audiência Pública da Subcomissão de Cultura desta quinta-feira (25/8)

MARCO CALEJO
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De forma itinerante, a Subcomissão de Cultura da Câmara Municipal de São Paulo tem percorrido diferentes regiões da capital paulista para promover audiências públicas com o objetivo de ouvir a demanda cultural da população nas periferias. Na noite desta quinta-feira (25/8), o colegiado, que é vinculado à Comissão de Finanças e Orçamento, realizou o debate na região do Campo Limpo, na zona sul da cidade.

Para a presidente da Subcomissão,  vereadora Elaine do Quilombo Periférico (PSOL), ir até as comunidades aproxima a Câmara da população. “A ideia da Subcomissão de Cultura, passados os piores momentos da pandemia, foi conseguir circular nos territórios e ouvir a população sobre as questões referentes à cultura”.

Elaine também destacou que esta foi a terceira audiência do colegiado. Na pauta, os desafios em manter as ocupações culturais e a cessão de uso de espaços públicos, além de temas relacionados às contratações artísticas e aos editais. “Estamos falando de um território (Campo Limpo) que é fato na história da cidade na construção de políticas públicas”.

Após o discurso inicial, a parlamentar passou a palavra para profissionais da região que trabalham com a área cultural. O produtor musical e fundador do Coletivo Fora de Frequência, Alanshark, falou de espaços culturais, da falta de recursos e da arte do hip-hop. “O hip-hop, historicamente, tem um papel crucial no desenvolvimento dos jovens, nas comunidades, tanto na formação educacional como na formação artística”.

O DJ Sérgio, conhecido como Vovô, pediu mais discussão sobre o Carnaval nas periferias. Ele cobrou políticas públicas para os blocos carnavalescos periféricos. “O Carnaval periférico clama por um espaço”.

Já a poetisa Aline Anaya falou do projeto Revoada Funk, formado para fortalecer a cultura do funk e dar visibilidade aos artistas. “O projeto tomou proporções gigantescas. Percebemos a presença de muitos meninos e meninas que gostam e fazem o funk ali no Bloco do Beco, que incrivelmente nunca vi aquele espaço tão favela”.

Já a produtora cultural Suzi Soares, moradora de Campo Limpo, ressaltou a burocracia e a dificuldade para artistas se inscreverem em editais da Prefeitura. “Eu vejo essa carência de gente que está começando e que não sabe nem por onde abrir um edital em uma plataforma. Essas pessoas estão engatinhando, e aí vem a burocracia da Secretaria Municipal de Cultura”.

A literatura também entrou na pauta de discussão. Alessandra Leite fez considerações sobre as bibliotecas comunitárias, em especial ao espaço localizado em Campo Limpo. “Temos um acervo de aproximadamente quatro mil livros de diferentes gêneros. Estamos focados na escuta dos nossos mais de 300 leitores e frequentadores. Promovemos ações artísticas e culturais com participação de agentes da comunidade, como associações bairros, escolas e UBSs (Unidades Básicas de Saúde)”.

Kátia Alves ressaltou o trabalho de coletivos culturais e artísticos, falou sobre a importância da Audiência Pública e aproveitou o espaço para cobrar políticas efetivas em prol da cultura. “O Estado chega, mas de uma forma repressiva justamente para oprimir nossos corpos pretos e periféricos”.

Outra participante da audiência foi Paloma Xavier. Ela contou que faz parte do Espaço Cultural Cita, em Campo Limpo, há mais de dez anos. Para Paloma, o local traz impactos positivos na vida das pessoas e precisa ser mantido. “Para a minha formação enquanto artista e profissional é muito importante. O Cita é um espaço que recebe pessoas daqui, desse território, e de outros municípios. Aqui temos ponto de ônibus que vai para Itapecerica (da Serra) e Embu”.

Também participaram da audiência representantes do Executivo municipal. Em nome da Secretaria Municipal de Cultura, Eric Augusto, assessor do gabinete da pasta, reconhece a dificuldade em acessar editais. Ele disse que há um projeto para facilitar o processo. “Vamos criar espaços nas casas (culturais), nos ambientes da periferia para facilitar esses editais, para a galera aprender como estruturar esse tipo de projeto”.

Eric informou ainda que para o próximo ano haverá novidades para movimentos culturais da periferia. “Nós já temos a curadoria do hip-hop e agora vamos fazer a curadoria do funk. Isso é um grande avanço em entender que a cidade de São Paulo também representa esse movimento popular tão importante para os nossos jovens”.

Assista abaixo a íntegra da audiência da Subcomissão de Cultura desta quinta-feira:

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