Subcomissão dos Arquivos da Ditadura exibe documentário Vala Comum

RenattodSousa
Frederico Mayr
Projeção comparativa do desaparecido Frederico Mayr, que também foi enterrado em Perus

 

O documentário “Vala Comum” do diretor João Godoy resgata a história da abertura da vala clandestina do Cemitério de Perus (Cemitério Municipal Dom Bosco, construído na primeira gestão do prefeito Paulo Salim Maluf) determinada pela prefeita Luiza Erundina em 4 de setembro de 1990. Na referida vala estavam ossadas de vítimas da repressão militar e do Esquadrão da Morte – foram desenterrados 1.049 restos mortais, envolvidos em sacos plásticos.
 
O filme foi veiculado na reunião extraordinária desta sexta-feira (04/09) da Subcomissão de Direitos Humanos para acompanhar a abertura dos arquivos da ditadura militar no Salão Nobre.
 
O documentário de 1994 é enriquecido pelos depoimentos, por exemplo, do ex-guerrilheiro Ivan Seixas, filho de Joaquim Seixas, o primeiro preso político a ser enterrado em Perus; e de Egle Vannuchi Leme, mãe de Alexandre Vannuchi Leme, cujos restos mortais também foram localizados no cemitério.
 
“Esta data é importante para a história da democracia no Brasil. Aquele ato corajoso da prefeita Luiza Erundina continua surtindo efeitos até a presente data”, frisou o vereador Ítalo Cardoso (PT), presidente da Subcomissão.
 
“Esse vídeo mostra uma realidade que hoje, com a vida democrática consolidada, a gente não consegue imaginar. O vídeo é atual. Continuamos com os arquivos fechados. O que tanto temem se a gente abrir os arquivos?”, questionou o presidente do Conselho Estadual de Defesa da Pessoa Humana (CONDEPE), Ivan Seixas.
 
Ivan lembrou que o ponto de partida para a instalação da CPI das Ossadas de Perus em 1990 na Câmara Municipal foi uma reportagem do jornalista Caco Barcellos, da TV Globo, que quis saber o que significava a anotação da letra “T” em vermelho nos requerimentos para exame de cadáveres no Instituto Médico Legal (IML). O “T” significava o rótulo de terrorista. A partir daí, novas revelações se seguiram até a descoberta da vala clandestina.
 
A ex-vereadora Tereza Lajolo, relatora da CPI das Ossadas, também esteve presente à reunião da Subcomissão. “O que nós fizemos foi resgatar a nossa história. A vala não tinha só pessoas que foram torturadas e mortas, tinha também pessoas que morreram por problemas de saúde. Durante a CPI nós fomos ameaçados.”
 
Compuseram a mesa Ítalo Cardoso, Tereza Lajolo, Ivan Seixas e Josephina Bacariça, ex-presidente da Comissão de Justiça e Paz e ativista dos direitos humanos.

Imagens para download:
RenattodSousa
Frederico Mayr
Investigação científica para identificar restos mortais de Frederico Mayr
RenattodSousa
Tereza Lajolo, Ítalo e Ivan Seixas
Subcomissão pretende desdobrar resultados da CPI das Ossadas de 1990
RenattodSousa
Subcomissão Arquivos
Tereza Lajolo, Ítalo Cardoso, Ivan Seixas, Josephina Bacariça

Este é um espaço de livre manifestação. É dedicado apenas para comentários e opiniões sobre as matérias do Portal da Câmara. Sua contribuição será registrada desde que esteja em acordo com nossas regras de boa convivência digital e políticas de privacidade.

Nesse espaço não há respostas - somente comentários. Em caso de dúvidas, reclamações ou manifestações que necessitem de resposta clique aqui e fale com a Ouvidoria da Câmara Municipal de São Paulo.

 Deixe o seu comentário:

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Veja também