Sustentabilidade: Câmara debate logística reversa de resíduos sólidos

Luiz França/CMSP

DA REDAÇÃO
JOTA ABREU

Especialistas, autoridades e interessados participaram nesta segunda-feira (09/03) de um debate sobre a implantação da Logística Reversa na cidade.

Essa implantação está prevista no PL 295/2019, de autoria do vereador Gilberto Natalini (PV), que presidiu o encontro.

A intenção da proposta é que a vida útil dos produtos e embalagens não acabe nas ruas ou aterros sanitários, mas que seja criada uma estratégia para os resíduos retornarem para o fabricante, que, assim, deverá reincorporá-los no processo produtivo ou lhes dar um destino ambientalmente adequado.

Para o autor da proposta, a questão financeira impede que a proposta entre em prática. “Ninguém quer se responsabilizar pelo gasto, enquanto o Poder Público gasta R$2 bilhões por ano para retirar as 17 mil toneladas de lixo e jogar em um aterro fora de São Paulo, porque não há mais espaço na cidade. Nós queremos que parte importante desses resíduos seja retirada da natureza para um destino de reaproveitamento, por responsabilidade de quem produz os materiais”, explicou Natalini.

O projeto de lei estabelece que os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de produtos como pneus, eletroeletrônicos, embalagens plásticas etc. devem estruturar e implantar sistemas de logística reversa, mediante o retorno dos produtos e embalagens após o uso, independentemente do serviço público de limpeza urbana. Cumprir esta lei condiciona a emissão ou renovação do alvará de funcionamento.

Direitos e deveres

O Procurador de Justiça, José Eduardo Ismael Lutti, elogiou a proposta em tramitação na Câmara por estar em consonância com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, aprovada em 2010, mas ressaltou que a legislação federal não contempla as responsabilidades dos envolvidos no processo.

“Nossa legislação não é clara no que diz respeito às disposições, obrigações, deveres e direitos, o que vem levando a uma estagnação no sistema há 10 anos. Ela define responsabilidade compartilhada, entre o Poder Público, importador, fabricante, comércio até chegar ao consumidor. Porém, não existe detalhamento de onde começa e termina a obrigação de cada um desses setores”, disse. Lutti também afirmou que o PL pode ajudar a complementar essa lacuna no âmbito municipal.

Gastos e taxas

O representante da Abividro (Associação Brasileira das Indústria de Vidro), Lucien Belmonte, voltou a tratar do valor gasto hoje pelo município para a retirada de lixo. “São R$ 2 bilhões investidos nisso. Quanto cada paulistano está gerando de gastos com o resíduo produzido, e quanto poderia ser economizado desta verba se houvesse a destinação correta para a reutilização?”, questionou. Ele ainda criticou o fato de São Paulo levar o lixo para cidades cada vez mais distantes, retroalimentando a questão econômica dos altos valores pagos.

O advogado especialista em gestão de resíduos sólidos, Fabricio Soler, ressaltou que a responsabilidade pelo destino do material deve ser de quem também produz, ou seja, o setor privado. Para ele, é necessário estabelecer as responsabilidades de cada um no processo.

“Eu trago como referência a experiência da Europa, com cobrança de taxa ou tarifa. A (ex-prefeita) Marta Suplicy estava além do seu tempo quando criou a taxa do lixo. É extremamente necessário para que tenhamos uma gestão responsável, de forma que o gerador de resíduos pague pelo material que ele gera. Hoje a conta vem do orçamento, que tem prioridades como Saúde e Educação; parte disso atualmente vai para pagar a conta do resíduo sólido urbano, incluindo os domiciliares. Mas o novo marco regulatório do saneamento básico dá aos municípios a obrigação de enfrentar esse tema”, ressaltou Soler.

2 Contribuições

Ana Maria Veiga

Grande necessidade de aproveitar os resíduos orgânicos para compostagem .
Os resíduos orgânicos representam 30% do nosso lixo e se forem colocados direto no solo sem tratamento poluem nosso lençol freático e os rios.
Minha proposta é incentivar a coleta do resíduo orgânico pelos prédios e casas e negociar que tal coleta seja remunerada pelas beneficiários deste resíduo que farão a compostagem e terão terra adubada. Uma iniciativa extremamente importante para o meio ambiente!!!

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Fernando Henrique Semensato

A necessidade seria forçar e obrigar os predios e condominios a reciclar e fazer parcerias com empresas de reciclagem e assim contrataria dando oportunidades a catadores de reciclagem ..
E conversar com as industrias de garrafa pets, e eletronicos uma ideia de pontos de reciclagem de destribuiçao .. incentivando as pessoas quanto mais ela levar o reciclado converte em dinheiro como era antes assim todos ganha e o meio ambiente tambem

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