Uso misto de zonas residenciais gera polêmica em debate do PDE

Luiz França / CMSP
POLITICA_URBANA-04-06-2014-FRANCA-00617-72CAPAA população mostrou-se dividida nesta quarta-feira (4/6) em relação ao uso das Zers (Zonas Exclusivamente Residenciais) enquanto uns defendem que essas áreas sejam apenas para casas, outros preferem que os locais possam ser de uso misto, ou seja, comercial e residencial. O tema tem dominado os debates do PDE (Plano Diretor Estratégico) e também as propostas de emendas apresentadas pelos vereadores para o projeto.

Para integrantes dos movimentos Reurb e Zer Legal, o item Manutenção das Zonas Estritamente Residenciais, previsto no artigo 13 do PDE,  deve ser modificado para permitir que o tema volte a ser debatido no plano regional de bairro. Estamos pedindo apenas o direito de participação, o que não será possível se for aprovado assim o Plano Diretor. Além disso, alguns dizem que o meio ambiente será prejudicado se tivermos zonas mistas nessas áreas. Mas isso não é verdade, as Zers não vão acabar se tivermos uso misto, defendeu Christian Bojlesen, que preside as duas entidades.

O representante do grupo de moradores do Jardim da Saúde Arnaldo das Neves afirmou que o uso misto das Zers aumentará a segurança. O Plano Diretor precisa ser revisto, porque da maneira como está colocado o zoneamento já está pré-definido. Queremos discutir isso mais para frente para que a população possa reconquistar as ruas. O fato de ter comércio em zonas residenciais aumenta a segurança, argumentou.

Cristina Antunes, vice-presidente da Ciranda, entidade que reúne todas as associações de moradores de Santo Amaro, diverge da opinião de Neves. De acordo com ela, as áreas de Zers já são muita seguras. Na nossa região conseguimos nos organizar e hoje podemos andar tranquilamente pelas ruas e todos os vizinhos se conhecem. Temos muita qualidade de vida e é o que queremos para todos da capital. Além disso, temos os serviços no entorno, o que não atrapalha em nada, disse.

O vice-presidente da Associação Jardim Paulistano Residencial, Fernando Sampaio, defende que o Plano Diretor seja aprovado com essa redação [sem a zona mista]. Somos favoráveis à manutenção das Zers, porque conseguimos preservar a área verde, os vizinhos são unidos e temos segurança. O que não podemos aceitar é o comércio ilegal, que muitas vezes tenta se instalar nesses locais, explicou. Ele ainda sugeriu que essa organização seja levada para outras regiões. As periferias também deveriam ter áreas assim, porque é melhor para todos, acrescentou.

Alberto Milani, morador do Pacaembu, zona oeste, disse que o comércio pode acabar com as residências. O comércio costuma cortar árvores para fazer estacionamento, e também quando ele começa a se estabelecer nos bairros, as residências vão acabando, afirmou.

O vereador Ricardo Nunes (PMDB), autor de uma proposta de emenda sobre o tema, acredita que a discussão deve ser aprofundada. Não somos contra as Zers, mas isso deve ser discutido regionalmente, sinalizou. O vereador Ricardo Young (PPS) acha que pode haver o uso misto, mas é necessário critério. Todos os argumentos para a manutenção das zonas residenciais estão corretos, no entanto temos que tomar cuidado com patrimônios que possam ser esquecidos e se tornem um ônus para a população. Se for para flexibilizar, o comércio deve atender todas as características necessárias de uma Zer, como não gerar tráfego e impacto para vizinhança, opinou.

Relator do PDE, o vereador Nabil Bonduki (PT) não vê o texto do projeto como uma definição de zoneamento. O que está escrito permite uma discussão de corredores comerciais e nos permitirá manter as Zers com suas características urbanísticas e paisagísticas, disse.

(04/06/2014 15h10)

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