Vereadores debatem o excesso da medicalização em audiência

Mariana Ghirello
Da TV Câmara

A venda de Ritalina dobrou nos últimos cinco anos, chegando a mais de um milhão de caixas vendidas, segundo dados da Anvisa.  O remédio é usado no tratamento do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). A substância também é utilizada para aumentar a concentração, mas o assunto preocupa especialistas.

“Para as crianças e adolescentes que tomam, os danos são muito perversos, porque é uma anfetamina. Então ele vai estimular durante toda a infância o cérebro dela, e ela vai ficar agitada para ter os rendimentos e a concentração esperada”, explicou Rui Harayama, do Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade, durante reunião da Comissão de Saúde da Câmara.

“Muitos criam uma dependência química a outros tipos de substâncias estimulantes. A gente tem ouvido muitos casos de crianças e jovens que tem problema de socialização por crescer com esse estigma de ser uma pessoas que tem uma doença mental. A gente está criando uma geração de novos adultos cada vez mais infeliz com sua própria perfomance na sociedade”, disse.

Para os médicos presentes, existe um excesso de recomendação dos remédios psicofarmacêuticos. “Não só existe um excesso de prescrições dos médicos da rede municipal, mas também de médicos que atuam fora do serviço público. Sabemos disso porque, pelo menos para os remédios que estão disponíveis na relação municipal de medicamentos essenciais, as prescrições feitas fora dos serviços de saúde do município são também atendidas nas farmácias do município”, explicou José Ruben de Alcântara Bonfim, da Assistência Farmacêutica da Secretaria Municipal de Saúde.

“É preciso mostrar para a população o que está acontecendo com as nossas crianças, com os nossos jovens. Hoje, infelizmente, eles estão dopados. Então, está todo mundo preocupado com o crack, cocaína e coisas assim, e no fim nos estamos medicando as nossas crianças com a famosa Ritalina”, disse o vereador Aníbal de Freitas (PSDB).

Outro assunto debatido pelos integrantes da Comissão de Saúde foi a redução nos atendimentos no Hospital Municipal São Luiz Gonzaga, do Jaçanã. Segundo os vereadores, as cirurgias foram suspensas e a UTI foi fechada.

“Ocorre que a maioria destes hospitais, hospitais filantrópicos, que não visam lucros, ou hospitais do município, acaba trabalhando com um déficit, porque gastam mais todo mês do que recebem”, disse o vereador Calvo (PMDB).

O vereador Gilberto Natalini (PV) disse que já foi aprovado um requerimento solicitando aos secretários municipal e estadual da Saúde e ao ministro da Saúde informações sobre a situação real do hospital e quais providências estão sendo tomadas.

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