Palmas para a cidadania
Prêmio Milton Santos reconhece projetos que tornam São Paulo melhor
Rodrigo Garcia | rodrigogarcia@saopaulo.sp.leg.br
Organização Cidades sem Fome
Uma horta comunitária feita em espaço público para criar oportunidades de trabalho ou uma vila ecológica, no extremo oeste de São Paulo, que melhora a qualidade de vida dos moradores. Em uma cidade complexa como São Paulo, há muitos problemas, mas também várias propostas de soluções, como as citadas acima. Em reconhecimento a essas ações, a Câmara Municipal de São Paulo (CMSP) concede, anualmente, o Prêmio Milton Santos aos melhores projetos para o desenvolvimento social da capital paulista.
Na edição deste ano, a vencedora da Categoria 1 (projetos que objetivam a consolidação de direitos territoriais e culturais) foi a Associação Independente da Vila Nova Esperança, com o projeto União pela Urbanização da Vila Nova Esperança. De acordo com a presidenta da entidade, Maria de Lourdes Andrade de Souza, mais conhecida como Lia da Vila Nova Esperança, o objetivo do trabalho é criar uma vila ecológica, com base sustentável, na comunidade localizada no extremo oeste de São Paulo, a fim de melhorar a qualidade de vida dos moradores.
“Na nossa luta já chorei tanto que não tenho mais lágrimas. Agora temos motivo para sorrir”, contou Lia, agradecendo pela Salva de Prata recebida em Sessão Solene na Câmara, em 24 de junho. Ela espera que o prêmio ajude a comunidade, que existe desde 1960, a se urbanizar de uma forma melhor. “O que a gente mais quer é não prejudicar a mata.”
Na categoria vencida pela entidade comandada por Lia houve duas menções honrosas. Uma foi para a Escola de Governo de São Paulo – Associação Instituto de Política e Formação Cidadã (IPFC), pelo projeto Escola de Governo: Compromisso Histórico com a Construção da Cidadania Ativa, que atua politicamente para a transformação da sociedade, principalmente por meio dos cursos de formação de governantes e formação cidadã. A outra foi concedida à Viração Educomunicação, com o projeto Agência Jovem de Notícias (AJN), uma articulação de núcleos de adolescentes e jovens de organizações e escolas públicas que produzem e disseminam informação de interesse comunitário.
Na Categoria 2 (projetos que resultem em novas formas de solidariedade social), a Organização Cidades sem Fome foi a vencedora, com o projeto Cidades sem Fome, que desenvolve hortas comunitárias utilizando espaços públicos e privados, sem destinação específica, para criar oportunidades de trabalho a pessoas em situação de vulnerabilidade social e proporcionar a elas autossuficiência financeira e de gestão.
De acordo com Hans Dieter Temp, fundador e coordenador de projetos da Associação Cidades sem Fome, a entidade quer “contribuir com políticas públicas mais sólidas na questão da produção de alimentos nas áreas metropolitanas”. Segundo ele, “São Paulo é um dos maiores polos consumidores do mundo, existem pessoas vulneráveis, existe terra e existe consumo. Temos uma equação que fecha muito bem”. Temp acredita que a vitória no prêmio mostra que o modelo pode ser incorporado pelas políticas públicas, “beneficiando milhares de pessoas”.
Duas menções honrosas foram concedidas na Categoria 2: uma para a Associação Prato Cheio, pelo projeto Rota Solidária, iniciativa que coordena sistema de arrecadação e redistribuição de alimentos a entidades assistenciais. O outro homenageado foi o Instituto da Oportunidade Social (IOS), com o projeto Inclusão Produtiva de Jovens e Pessoas com Deficiência em Áreas Urbanas, cuja meta é a inclusão produtiva de pessoas com menor acesso às oportunidades do mercado, por meio da capacitação profissional gratuita e diferenciada em tecnologia da informação e regras de negócios.
Critérios
O Prêmio concedido pela CMSP foi criado pela Resolução 6/2002, a partir de uma proposta do vereador Nabil Bonduki (PT), que foi aluno de Milton Santos, o mais conceituado geógrafo brasileiro. “Propus esse prêmio para homenagear o intelectual e dar continuidade a suas ideias, além de reconhecer as iniciativas relacionadas ao território da cidade que precisam ter visibilidade”, explicou o parlamentar.
A escolha dos vencedores cabe à comissão julgadora composta por entidades ligadas a desenvolvimento social e urbano, cultura, economia e administração e finanças públicas. Nesta edição, representantes da Ordem dos Advogados do Brasil, da Fundação Getulio Vargas, da Fundação Carlos Chagas, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie, do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec) e da Escola de Comunicação e Artes da USP foram os jurados. Alguns dos critérios utilizados são abrangência do projeto, estímulo à participação comunitária, sustentabilidade técnica e potencial de transformação social.
Neste ano, o Prêmio Milton Santos recebeu 59 inscrições. O jurado representante do Cenpec, Alexandre Isaac, elogiou os projetos e os participantes: “Vocês não aceitam a realidade como natural; fazem perguntas e os projetos procuram respondê-las”.
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