Nº10 – Premiação

Inspiração para o bem

Prêmio Betinho homenageia entidades que promovem cidadania e solidariedade

Rodrigo Garcia | rodrigogarcia@saopaulo.sp.leg.br

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CAPACITAÇÃO – Projeto do Cempre transforma catadores em recicladores

Cempre

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RECONHECIMENTO – Vereador Rubens Calvo (de calça branca) entrega Salva de Prata à equipe do Cempre

Marcelo Ximenez/CMSP

Há 22 anos, a associação sem fins lucrativos Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre) vem ajudando a transformar catadores em profissionais da reciclagem de resíduos sólidos. Em agosto, esse esforço foi reconhecido pela cidade de São Paulo, pois seu projeto Cooperar Reciclando-Reciclar Cooperando ganhou a Salva de Prata do Prêmio Betinho de Democracia e Cidadania, entregue em sessão solene pela Câmara Municipal de São Paulo (CMSP).

Analista de projetos do Cempre, Aline Paschoalino explica que o Cooperar Reciclando-Reciclar Cooperando fornece equipamentos, capacitação e palestras sobre saúde e segurança para grupos de catadores. “Apoiamos mais de 140 cooperativas em todo o Brasil, somando um total de mais de 4 mil trabalhadores”, conta.

No evento, também foram entregues duas menções honrosas. Uma para a Fundação Itaú Social pelo Programa Jovens Urbanos, que procura ajudar quem está entrando no mercado de trabalho. A outra foi para a Escola de Governo de São Paulo – Associação Instituto de Política e Formação Cidadã (IPFC) pelo projeto Escola de Governo: Compromisso Histórico com a Construção da Cidadania Ativa. Para Maurício Xixo Piragino, diretor da Escola de Governo, o reconhecimento por parte da CMSP é muito importante, pois mostra que os vereadores estão preocupados com a educação. “A democracia brasileira avança quando as câmaras municipais ficam melhores,” opina.

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HOMENAGEM – Representantes da Escola de Governo de São Paulo (esquerda) e da Fundação Itaú Social receberam menção honrosa pelos projetos

Fotos: Marcelo Ximenez/CMSP

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Na edição deste ano do Prêmio Betinho concorreram 18 projetos, analisados por uma comissão julgadora formada por representantes da Associação Brasileira das Organizações Não Governamentais (Abong), da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, da Associação Juízes para a Democracia, da Ação da Cidadania Contra a Miséria e pela Vida e do Teatro Popular União e Olho Vivo, organização vencedora no ano passado. Um dos julgadores, Gilson Mendes, da ONG Cidadania Contra a Miséria e pela Vida, explica que um dos principais critérios é a abrangência da iniciativa, mas também são analisados o estímulo à participação da comunidade e as soluções inovadoras da proposta.

CONTINUIDADE DO TRABALHO

O nome do prêmio é uma homenagem ao sociólogo Herbert de Souza, Betinho, um dos principais militantes contra a miséria no País. A premiação foi criada por meio do Projeto de Resolução (PR) 36/1997, para homenagear as organizações que se destacaram na execução de projetos relacionados à luta pela cidadania e o combate à miséria na cidade de São Paulo. De acordo com a justificativa apresentada pelo ex-vereador José Eduardo Cardozo, autor da proposta, a iniciativa, além de homenagear Betinho, “é um instrumento de continuidade ao trabalho por ele desenvolvido para estimular a mobilização do povo brasileiro pelo fim da miséria”.

Segundo o vereador Calvo (PMDB), que presidiu a sessão solene de entrega, essa premiação é fundamental para não se esquecer da importância da solidariedade. “Estou aqui para absorver um pouco dessa energia positiva das pessoas que se preocupam com o próximo”, declarou o parlamentar.

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Betinho é inspiração para muitos projetos de solidariedade

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Sinônimo de solidariedade

O sociólogo Herbert de Souza, Betinho, já foi mais conhecido como “o irmão do cartunista Henfil”. Contudo, depois de voltar do exílio e liderar uma campanha contra a fome no País, ficou conhecido internacionalmente e se tornou sinônimo de solidariedade.

Militante de esquerda, ele se exilou em 1971 e viveu no Canadá e no México. Com a anistia, voltou ao Brasil em 1979 e, depois de dois anos, fundou o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), dedicado à democratização da informação.

A luta contra as injustiças sociais se intensificou em 1993, quando Betinho lançou a campanha Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, com o lema “Cada um pode fazer alguma coisa pelo outro” e a proposta de arrecadar alimentos para famílias carentes.

Betinho defendia a criação de pequenos grupos para planejar e executar ações solidárias, desde distribuir sopa nas ruas até organizar hortas comunitárias. A Campanha da Fome chegou a mobilizar cerca de 3 milhões de voluntários, arrecadando e distribuindo toneladas de alimentos para famílias carentes de todo o Brasil.

O sociólogo costumava dizer que “acabar com a fome não é só dar comida, e acabar com a miséria não é só gerar emprego, mas reconstruir radicalmente toda a sociedade”. Por sua luta, Betinho foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz em 1994, mas não ganhou.

Ele era hemofílico e contraiu o vírus HIV, causador da aids, em uma transfusão de sangue. Em 1986, ajudou a fundar a Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia). Morreu em consequência da doença em 9 de agosto de 1997, aos 62 anos. Hoje é inspiração para muitos projetos de solidariedade.

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