Fausto Salvadori | fausto@saopaulo.sp.leg.br
Um relâmpago. Quem sabe um cometa. Talvez um meteoro. É comum comparar artistas capazes de fascinar multidões com as coisas brilhantes que vemos no céu. Se muitos artistas são chamados de estrelas, pelo brilho que irradiam com regularidade ao longo de anos, um nome como o do rapper Mauro Mateus dos Santos, o Sabotage, costuma ser associado ao que o firmamento tem de mais intenso e passageiro: algo que brilha por pouco tempo, mas que continuará a ser lembrado após ter desaparecido.
Sabotage foi apresentado ao mundo no final do ano 2000, com seu primeiro e único álbum lançado em vida, Rap é compromisso, um dos mais influentes da história do rap nacional. Dono de grande sensibilidade musical e de um flow (maneira de encaixar o canto na batida) único, Sabotage chegou a outros públicos quebrando todo tipo de barreiras.
Além de cantar e compor ao lado de alguns dos principais nomes do rap, como RZO, Rappin’ Hood, Trilha Sonora do Gueto e BNegão, gravou com os roqueiros do Sepultura e Charlie Brown Jr. Numa época em que a maioria dos rappers considerava que aparecer na grande mídia era atitude de “vendido”, Sabotage inovou ao se apresentar em alguns dos principais programas de TV — e nem por isso perdeu o respeito dos seus pares.
Rompendo também as barreiras entre as diferentes formas de expressão, brilhou como ator em dois filmes de sucesso, O invasor (2002), de Beto Brant, com o qual venceu o prêmio de melhor trilha sonora no Festival de Brasília, e Carandiru (2003), de Hector Babenco.
A vida do crime não é pra ninguém
Enquanto houver desvantagem
Só ilude um personagem, é uma viagem
A minha parte não vou fazer pela metade
Nunca é tarde, Sabotage, esta é a vantagem Sabotage, Rap é compromisso
A intensa carreira do rapper durou apenas dois anos, chegando ao fim junto com sua vida, quando foi assassinado, aos 29 anos de idade. “Foi relâmpago. Para o mundo, Sabotage foi bem rápido: um meteoro que chegou, passou, arrebentou com tudo e foi assassinado”, comenta Tamires Rocha, 29 anos, filha do músico, ecoando o brilho fugaz sempre mencionado por quem fala de seu pai. Ela e o irmão, Wanderson, o Sabotinha, trabalham para preservar e disseminar o legado deixado pelo artista, que cresce ano a ano, com gravações de raps que a morte havia deixado inéditos, novas versões dos clássicos de Rap é compromisso, documentários, livros, quadrinhos, exposições e toda sorte de homenagens. Na Câmara Municipal de São Paulo (CMSP), Sabotage dá nome a um prêmio que desde 2015 homenageia artistas que se destacam em todas as vertentes do hip-hop.
Tendo conhecido o Mauro Mateus por trás do Sabotage, que explodiu para o grande público como um artista completo e inovador, Tamires explica que o rapper não surgiu do dia para a noite, mas foi fruto de uma trajetória gestada ao longo de toda uma vida. “Antes de Sabotage ser famoso, a gente, que conhecia a história do Mauro, sabia que nada foi de repente. Ele vinha se preparando há muito tempo”, conta.
O homem por trás do meteoro
Em sua longa preparação para se tornar artista, Mauro precisou lutar contra condições duras de vida, as mesmas que atingem a maioria da população pobre, preta e periférica do Brasil. “Meu pai foi um negro de periferia que passou fome, que não teve uma família estruturada, que não teve um pai para chamar de pai, que perdeu a mãe com 19 anos, que teve que ir para as drogas porque precisava comer. Ele teve uma história muito difícil para chegar aonde chegou”, resume Tamires.
Nascido em 3 de abril de 1973, Mauro era o caçula de três irmãos, criados por uma mãe solo guerreira, Ivonete Mateus de Melo. Seu marido, Júlio Alves dos Santos, abandonou a família logo após a chegada do terceiro filho.
A família vivia em um barraco de dois cômodos num conjunto de favelas entre a Marginal Pinheiros e o Campo Belo, na cidade de São Paulo. Um pedaço imenso de miséria cercado de riqueza por todos os lados, um contraste que faria a cabeça de Maurinho logo cedo e viria a influenciar a revolta de sua arte. “Crescemos no meio do bagulho, da burguesia, da dinheirada”, relatou Sabotage, décadas depois, numa entrevista que aparece no documentário O Maestro do Canão. “A gente do lado de uma Chácara Flora, Brooklin, Campo Belo, Granja Julieta, e passando necessidade, vai vendo ao nosso redor as limusines passando, os BMW, os Corollas. Aí você começa fazendo a mente e pá”.
Canão era o nome da favela onde a família morava, batizada assim por causa de um cano de cimento usado pelos moradores para acessar as próprias casas, atravessando por cima do Córrego das Espraiadas. A favela foi quase toda eliminada com a construção da Avenida Roberto Marinho, mas o nome segue imortalizado na produção musical de Sabotage.
O apelido surgiu logo cedo, nas brincadeiras de infância, dado por Sergio Mateus dos Santos, o Deda, o irmão mais querido de Maurinho. Enquanto isso, a sabotagem maior vinha da pobreza, contra a qual o jovem se virava como podia, encarando as poucas oportunidades que encontrava, fosse em bicos como guardador de carros ou feirante, fosse no crime, que o adotou desde criança. O primeiro emprego que teve na vida foi aos oito anos, como olheiro do tráfico de drogas no Canão. Aos 15, após furtar o toca-fitas de um carro, foi apreendido por policiais militares e levado à Febem, destinada a adolescentes infratores, atual Fundação Casa. Na ocasião, os policiais o espancaram até arrancar seus dentes superiores. Essa marca da violência policial e do racismo foi um traço que Sabotage carregou em seu rosto ao longo da maior parte da vida.
Entre o crime e os empregos precários, descobriu o hip-hop, movimento artístico dos becos e vielas, nascido no bairro do Bronx, na Nova York dos anos 70, e que traz em seu DNA a denúncia social aliada à arte, baseada em quatro elementos: o canto do MC e a batida do DJ, que, juntos, fazem soar o rap, ao lado da dança do breaking e da arte visual do grafite e do pixo.
Mauro se encantou primeiro pela dança, formando um grupo de street dance com seus irmãos, mas logo começou a compor e cantar. Foi aí que passou a frequentar batalhas de rap, campeonatos musicais em escolas e casas de shows, onde, na cara de pau, pedia aos proprietários ou aos músicos para deixá-lo subir ao palco e cantar algumas de suas composições. “Quando fez sucesso, ele era bem despojado nos palcos e não tinha vergonha, mas é porque já vinha de algo lá atrás”, afirma Tamires, mostrando como o artista aparentemente pronto, que surgiu para o grande público em 2000, era o passo final de uma longa correria.
“Um dia ainda vou viver de música”, Sabotage dizia sempre para a mãe, mesmo nos momentos mais difíceis. Dona Ivonete não chegou a ver nada disso: em 1992, a mãe do futuro rapper morreu por complicações decorrentes de uma cirurgia para instalação de um marcapasso. Enquanto isso, Sabotage precisava lutar pela própria sobrevivência — e de cada vez mais pessoas. Tinha 19 anos quando se casou com uma namorada de infância, Maria Dalva da Rocha Viana, com quem teve dois filhos: Wanderson, nascido em 10 de janeiro de 1993, e Tamires, que chegou logo em seguida, em 23 de maio de 1994. No ano seguinte, de um relacionamento fora do casamento, nasceu outra filha, Larissa.
A pressão de cuidar de uma família com crianças pequenas, numa situação de tanta pobreza que por vezes o casal tinha de usar camisetas como fraldas, levou Mauro a abraçar de vez a atividade de traficante de drogas. “Aí eu optei, porque na periferia a fonte de renda da favela não é o governo quem manda. Mesmo porque o governo só sobe na favela com a polícia”, contaria anos mais tarde, em uma entrevista. Em 26 de janeiro de 1995, sofreu a primeira autuação como adulto, por porte ilegal de arma, e, três dias depois, por tráfico de drogas. “Disse muitas vezes: não, não era o que queria / Mas andava como queria, sustentava sua família”, cantaria em Rap é compromisso. No mesmo ano, conseguiu concluir o ensino fundamental, aos 22 anos.
Sabotage seguia se preparando para o grande artista que ambicionava se tornar um dia, ainda que a realidade indicasse que seu caminho tinha tudo para ser outro. “Mesmo quando ainda não tinha show ou estúdio, passava 24 horas por dia escrevendo. Ele passava duas, três horas por dia na frente de um espelho dançando, ensaiando performance. Era isso o que ele fazia. Ele não tinha show nem era famoso, mas estava ensaiando como se tivesse marcado o melhor show para fazer no dia seguinte”, recorda Tamires.
Um bom lugar
Se constrói com humildade, é bom lembrar
Aqui é o mano Sabotage
Vou seguir sem pilantragem, vou honrar, provar
No Brooklin, tô sempre ali
Pois vou seguir, com Deus, enfim Sabotage, Um bom lugar
Mesmo com todo empenho, havia uma grande probabilidade de que o artista desaparecesse antes de ser conhecido pelo Brasil, tragado pela máquina cruel do crime e da miséria. Foi o que Maurinho viu acontecer com seu irmão Deda, o primeiro artista que o inspirou, com quem ele planejava formar a dupla de rap Sabotage. Não deu tempo. Em 2 de setembro de 1999, dias após deixar a prisão, Deda foi assassinado com 13 tiros. “Meu irmão, a minha outra face / Ali foi que eu perdi a minha cara metade”, escreveu o músico em País da fome. O sonho da dupla morreu com ele. Sabotage deveria ser apenas um.
Maurinho se sentia cada vez mais sozinho, como cantou em No Brooklin: “Tipo um portador do vírus: magoado, esquecido / Sem minha mãe, sem meu irmão, só meus filhos”. Mas não havia sido esquecido. Foi também em 1999 que recebeu a visita, no ponto de venda de drogas onde atuava, de dois grandes nomes do rap nacional: Sandrão, do grupo RZO, e Rappin’ Hood. Os músicos foram até lá numa missão, a de resgatar Sabotage do mundo do crime e levá-lo de vez para o da música. Chegaram a pedir autorização do líder local do tráfico para tirar o amigo de lá e levá-lo para gravar um álbum. Anos depois, em 2003, durante uma sessão solene na Câmara Municipal de São Paulo, Rappin’ Hood lembraria do diálogo com o chefe de Sabotage:
“Chegamos lá e ele falou:
— Vocês não vão deixar o moleque no veneno [sem dinheiro]? Porque aqui o moleque tem dinheiro. Aqui ele tá bem. Vocês vão tirar ele daqui? Quero ver, quero ver o CD na minha mão.
E o restante da história é essa que vocês conhecem…”
Orientado por Helião e Sandrão, do RZO, Sabotage aprimorou seu estilo. O resultado se materializou no final de 2000, quando lançou Rap é compromisso, gestado ao longo de nove meses. Com produção executiva dos Racionais e artística do grupo RZO, Rappin’ Hood e coletivo Instituto, o álbum reunia a nata do gênero, praticamente um Vingadores do rap nacional. O sucesso foi imediato e começou a transformar a vida do rapper.
Enquanto a voz de Sabotage emplacava nas rádios sucessos como Um bom lugar e Respeito é pra quem tem, a imagem do artista chegou às telas de cinema, no filme O invasor, numa participação de poucos minutos em que interpretava a si mesmo, cantando um rap que desconcertava os personagens brancos e burgueses da trama. Nos bastidores, a participação do músico foi muito maior. Além de participar da trilha sonora, ajudou o ator e músico Paulo Miklos a compor o personagem do protagonista, Anísio, um malandro da quebrada, como muitos que Sabotage havia conhecido, chegando a modificar as falas para que soassem com a voz das ruas. A parceria foi homenageada no rap Mun-rá: “Sabotage, mano Anísio / Eu vejo diabólico, confiro, analiso / Um branco e um preto unido / Respostas que calam o ridículo”.
“Sabotage era um cara gentil e amoroso. Todos na equipe ficaram fãs dele. Sedutor, estava sempre disposto e criativo. Trabalhamos durante toda a filmagem, ‘traduzindo’ as falas do meu personagem. Tirando do papel e transformando em linguagem viva. Sem dúvida, esse processo foi decisivo para a criação e o sucesso do meu personagem”, escreveu Miklos no prefácio da biografia Sabotage – um bom lugar, de Toni C.
O artista voltaria a ter um papel semelhante dos bastidores de outro sucesso, Carandiru. Em imagens dos bastidores da produção, aparece dando dicas de como compor personagens vindos da marginalidade. Na tela, teve participações curtas, mas marcantes, especialmente a cena em que homenageia a bunda da cantora Rita Cadillac com uma metralhadora de beijos.
Além das participações no cinema, o músico não recusava convites para programas de TV, contrariando a atitude da maioria dos rappers de sua época, que frequentemente se recusavam a dar entrevistas ou cantar em veículos da mídia hegemônica por acreditar que isso significava se vender para “o sistema”. Sabotage pensava diferente. “Meu pai dizia: ‘Eu faço rap dentro do barraco para que o favelado ouça e o boy também, porque eles têm que entender nossa realidade e saber que não somos diferentes deles. Não tem que ter um muro entre a gente e eles. Nós temos que ser a ponte’”, conta Tamires.
O músico também fazia pontes entre os diferentes estilos, misturando o rap com samba, pop, rock. “Sabotage tirou aquilo do rap só se misturar com rap e abriu caminhos para vários outros”, afirma a rapper Lunna Rabetti, 43 anos. O fato de ter conseguido trocar o crime pela música, segundo ela, também é inspirador. “Ele mostra para a periferia que é possível viver da arte e soltar o grito, levando suas demandas para o mundo”.
Porém, ainda que o hip-hop tenha ajudado Sabotage a romper com as amarras do crime, algumas delas voltaram para cobrá-lo. Na manhã de 24 de janeiro de 2003, após deixar a esposa Dalva no trabalho, levou quatro tiros na Avenida Professor Abraão Moraes, no bairro da Saúde. Tinha a mesma idade do irmão Deda, quando foi vítima da mesma morte matada.
Denunciado como autor do crime, Sirlei Menezes da Silva teria sido um rival de Sabotage quando ambos atuavam como traficantes, segundo o Ministério Público. Condenado a 14 anos de prisão em 2010, Silva negou o crime.
Seja como for, a violência que abateu Sabotage é a mesma que costuma atingir mais as pessoas com sua cor de pele no Brasil, onde negros são 84% dos mortos pela polícia, 78% das vítimas de homicídios em geral e compõem 67,5% da população carcerária, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2022, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Fugaz e intensa, a trajetória de Sabotage suscita as comparações mais grandiosas. “Um Garrincha da rima brasileira”, é a definição de Rappin’ Hood. O jornalista Alexandre de Maio o chama de “O Che Guevara do rap”. Nas palavras de seu amigo e parceiro Sandrão, do RZO: “Merecedor de um castelo, saindo de um barraco de madeira, atravessando a cidade, correndo atrás de seu sonho, apenas um neguinho, um mestre, um monstro, um professor, Sabotage”. E o escritor e agitador cultural Sérgio Vaz, grande poeta das periferias brasileiras, dedicou a ele um poema, chamado Sabotage (O invasor):
Mauro
era um negro de asas,
um pássaro
com os pés no chão.
(…)
O poeta,
de plumas negras
e voz de pedra,
cravou seu canto
preto e branco
nas vidraças
do mundo colorido.
(…)
Um dia,
num voo curto
depois de um longa-metragem,
um disparo sem rosto,
uma bala sem gosto,
calou o personagem.
Diante disso,
e sem nos esperar,
desfez o compromisso,
seguiu de viagem
e foi cantar em outro lugar,
num bom lugar.
Sabotage, o prêmio
Em 2003, pouco após a morte de Sabotage, a Câmara Municipal de São Paulo homenageou o artista com uma sessão solene, organizada pela vereadora Tita Dias, que reuniu a viúva e os filhos do músico ao lado de nomes marcantes do rap, como Sandrão, Rappin’ Hood e o escritor Ferréz. “Só Sabotage para trazer o rap pra dentro desta casa que também é nossa”, saudou Hood naquela noite.
O rap voltaria para dentro da Casa cinco anos depois, em 2008, quando os vereadores aprovaram a criação do Prêmio Sabotage, por meio da resolução 2/2008, a partir de um projeto da então vereadora Soninha. A honraria busca “reconhecer pessoas que tenham se destacado no cenário do hip-hop”, em categorias baseadas nos quatro elementos do gênero: Disk Jockey (DJ), Mestre de Cerimônia (MC), Grafite e Breaking.
“O rap, com seu ritmo e poesia, é, acima de tudo, manifestação de amor e respeito pela comunidade em que surge, nos cantos afastados das grandes metrópoles — e o Sabotage, oriundo da favela do Canão, na Zona Sul paulistana, personificou isso como ninguém. Para ele, ‘rap é compromisso, não é viagem’. É o que diz o refrão de uma de suas músicas mais famosas”, dizia a justificativa do projeto, lamentando a “carreira tragicamente encurtada” de Sabotage e acrescentando: “fosse ele um jovem talento da classe média e isso nunca teria acontecido”.
A resolução, contudo, não entrou imediatamente em vigor. Foi aí que, seis anos depois, em 2014, o Fórum de Hip Hop Municipal (criado em 2005 para “combater o racismo e o genocídio, que seguem firmes e fortes”, nas palavras de um de seus idealizadores, André Luiz dos Santos, 49 anos, o Rapper Pirata) pediu à Câmara Municipal que regulamentasse a resolução de 2008 e desse início à realização da premiação. Houve quem não gostasse da ideia. “Teve gente que perguntou: ‘mas a Câmara vai homenagear um traficante?’”, lembra Pirata.
Ao final, o pedido foi atendido. Em outubro do mesmo ano, um ato regulamentou a resolução anterior e o resultado é que a premiação passou a ser concedida regularmente a partir de 2015. “A importância do prêmio Sabotage é, simbolicamente, a periferia ocupar este espaço de excelência que é a Câmara Municipal de São Paulo. E é ainda mais simbólico essa premiação ocorrer num espaço que costuma premiar as polícias”, destaca Pirata.
A jornalista Gisele de Moraes Machado, da Equipe de Eventos da CMSP, explica que a organização do Prêmio Sabotage está sob a responsabilidade de seu departamento, que recebe as inscrições e submete a escolha dos premiados a uma comissão composta por cinco pessoas “com notório saber” nas categorias contempladas pela premiação. Esses jurados são indicados pela Comissão Extraordinária de Juventude da Câmara Municipal. “As comissões têm estado a cada ano mais diversas e o resultado disso pode ser visto na composição das listas de vencedores”, afirma Machado.
Premiada no ano passado como melhor MC, Lunna Rabetti, que é presidenta da Frente Nacional Mulheres Hip-Hop, ficou feliz com o reconhecimento pelos seus 28 anos de trajetória e com o espaço cada vez maior que as mulheres conquistaram na honraria. “É um prêmio que tem bastante preocupação com a equidade de gênero”, destaca. A rapper, que cantou com Sabotage, diz que o amigo teria aprovado esse respeito pela diversidade. “Numa época em que o hip-hop ainda tinha muito machismo, Sabotage tinha uma visão futurista e abria espaço para mulheres cantarem e tocarem com ele”, lembra.
Tamires, que participou da maior parte das edições do prêmio como palestrante, jurada ou espectadora, afirma que a honraria é um grande incentivo para quem faz hip-hop no Brasil. “Mesmo que alguns rappers estejam em alta, o rap não está. Existem muitos artistas no anonimato que são muito bons e esse prêmio reconhece eles. É um incentivo: não desista, continua, porque não é fácil”, afirma. “Deveria ter um prêmio como esse em todos os estados do Brasil.”
Quem recebe
Honraria homenageia os quatro elementos do hip-hop, cultura de rua surgida no bairro do Bronx, em Nova York, nos anos 1970. Além do rap (ritmo e poesia), que é a música cantada pelo DJs e tocada pelos MCs, o hip-hop reúne dança e artes gráficas.
Edição: Sândor Vasconcelos – sandor@saopaulo.sp.leg.br
Saiba mais
Livro
Sabotage – Um bom lugar: biografia oficial de Mauro Mateus dos Santos. Toni C. LiteraRUA, 2013.
Filmes
Sabotage Nós. Direção de Guilherme Xavier Ribeiro. 2013.
Sabotage: o Maestro do Canão. Direção de Ivan 13P. 2015.