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Prevalência do novo coronavírus na população da capital é de 13,9%, aponta novo inquérito sorológico

Por Daniel Monteiro | 12/02/2021

Em coletiva na manhã desta sexta-feira (12/2), foram apresentados os resultados do segundo inquérito sorológico de 2021 realizado pela Prefeitura de São Paulo no município. O levantamento aponta que a prevalência do novo coronavírus na população da cidade é de 13,9%. A porcentagem obtida mostra uma estabilidade da doença, uma vez que no levantamento anterior, realizado em janeiro de 2021, a prevalência havia sido de 14,1%

Apesar da estabilidade, os resultados da segunda fase do inquérito sorológico apontaram que a prevalência de anticorpos contra o novo coronavírus vem crescendo na população do município, em relação aos levantamentos anteriores. Na fase 0/2020, a prevalência era de 9,5%, enquanto na fase 1/2021 a prevalência chegou a 14,1% e se manteve em 13,9% na fase 2/2021.

Representando o Legislativo paulistano na coletiva, esteve presente a vice-presidente da Câmara Municipal de São Paulo, vereadora Rute Costa (PSDB). Também participaram o prefeito Bruno Covas (PSDB); o vice-prefeito Ricardo Nunes (MDB); o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido; o secretário municipal de Licenciamento, César Azevedo; o secretário municipal de cultura, Alê Youssef; e a secretária-adjunta de Educação, Minea Paschoaleto Fratelli.

Inquérito Sorológico

Os dados mais recentes também mostram que houve diminuição das diferenças entre as prevalências de infecção, considerando as regiões de saúde do município e as variáveis sócio-demográficas de renda, escolaridade e raça/cor. Houve também uma aproximação da prevalência nas regiões com IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) médio e baixo.

Outro dado do levantamento mostra maior prevalência entre os indivíduos que não restringem contatos (20,0%) em relação a população que só têm contato com os moradores do mesmo domicílio (9,5%). Houve maior prevalência, ainda, entre os indivíduos que frequentam pelo menos 1 dos seguintes locais: restaurantes, cafés, bares, hotéis, academia (17,7%) em relação aos que não frequentam (11,4%)

Por fim, o estudo mostra que a prevalência entre os assintomáticos é de 38,3%, próxima aos valores observados nas fases anteriores do inquérito sorológico. Segundo a Prefeitura, os resultados reforçam a necessidade de manutenção das medidas de distanciamento social em todas as regiões do município e classes sociais.

Além de um panorama geral do avanço do vírus, a segunda fase do inquérito sorológico traz outros dados importantes: na questão da faixa etária, houve uma aproximação das estimativas de prevalência entre todas as faixas etárias dos moradores da cidade de São Paulo: de 18 a 34 anos, prevalência de 13,9%; de 35 a 49 anos, 14,2%; de 50 a 64 anos, 15,7%; e de 65 anos ou mais, 11,1%.

Em relação à escolaridade, a faixa com ensino superior apresenta menor estimativa de prevalência (9,9%), mantendo a tendência dos estudos anteriores. Nos demais grupos, naqueles que declararam ter o até o Ensino Fundamental, a prevalência do vírus foi de 16,2%; até o Ensino Médio, 14,6%; e nos que não estudaram, 15,3%.

Por outro lado, em relação à raça/cor, a diferença de prevalência entre os indivíduos da raça/cor preta e parda e da raça/cor branca está diminuindo ao longo das fases do levantamento. Atualmente, a prevalência é de 13,6% nas pessoas de raça/cor branca e de 14,5% nas pessoas de raça/cor preta.

Volta às aulas

Na coletiva, a Prefeitura de São Paulo confirmou para a próxima segunda-feira, dia 15 de fevereiro, o retorno das aulas presenciais nas escolas da rede pública de ensino do município. Um comitê de monitoramento vai acompanhar diariamente a situação das escolas em relação ao retorno presencial.

A administração municipal informou que fez vistorias nas unidades escolares, para assegurar que todos os protocolos de saúde foram implementados. Dessa forma, para esse retorno no dia 15, há um grupo grande de escolas que abrirão presencialmente, considerando o regramento de 35% dos estudantes presentes. Os alunos que retornarem presencialmente no dia 15 terão ensino híbrido, uma vez que todas as crianças farão as mesmas atividades, estando presencialmente ou não.

A Prefeitura destacou, ainda, que por algumas situações, ou uma reforma grande que está sendo finalizada ou a troca dos contratos de limpeza, um grupo de escolas deverá ter o retorno às aulas presenciais somente no dia 22 de fevereiro. O adiamento visa garantir a segurança de todos os educadores e estudantes. Apesar disso, as aulas voltam no dia 15 e os estudantes dessas unidades terão atividades on-line.

A lista com as escolas que abrirão a partir de 15 de fevereiro e com as escolas que funcionarão a partir do dia 22 está disponível no portal da Secretaria Municipal de Educação. As informações também estão em posse das diretorias regionais, para que a comunicação com as escolas, com os pais e com os familiares possa ser feita de forma clara.

Cultura

Ainda na coletiva, a Prefeitura de São Paulo lançou o Plano de Amparo à Cultura, no total de R$ 100 milhões. A iniciativa é um conjunto de medidas diversas de apoio ao Carnaval, a artistas, técnicos, produtores, espaços culturais, grupos e coletivos do setor cultural. A ação estima contemplar sete mil atividades, 215 espaços e 26 mil profissionais da cultura.

O plano é composto pela antecipação e garantia dos editais de fomentos, Promac (Programa de Municipal de Apoio a Projetos Culturais) e contratações diretas de programação artística, além da criação do novo edital para espaços culturais e casas noturnas. O cronograma de lançamento dos editais será realizado entre fevereiro e maio.

Foi anunciada, ainda, a criação do projeto Ruas SP, uma ampliação do programa de ocupação de ruas e calçadas da cidade (chamado Ocupa Rua), que visa aumentar a capacidade de atendimento dos estabelecimentos comerciais, que estão com limitação de público por conta da pandemia.

MAIS SOBRE O NOVO CORONAVÍRUS

Nesta sexta-feira (12/2), o Governo do Estado anunciou o início da aplicação da segunda dose da vacina do Butantan contra a Covid-19, completando o esquema vacinal do imunizante e garantindo proteção completa aos vacinados.

Primeira brasileira vacinada contra Covid-19, a enfermeira da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Mônica Calazans, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, recebeu a segunda dose do imunizante durante a coletiva no Palácio dos Bandeirantes.

Ela recebeu a primeira dose da vacina no dia 17 de janeiro, na abertura da campanha de vacinação, que ocorreu imediatamente após a Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) aprovar o uso emergencial da vacina do Butantan.

A segunda dose do imunizante será aplicada nos profissionais da saúde, indígenas e quilombolas, além de idosos acima de 60 anos e pessoas com deficiência a partir de 18 anos que vivem em instituições de longa permanência, que receberam a primeira dose da vacina do Butantan. O intervalo entre as doses é de 14 a 28 dias, conforme bula do produto.

As prefeituras são responsáveis por organizar o consumo de suas grades e programar o abastecimento da rede para imunizar todas as pessoas que integram os públicos-alvo. A divisão das grades é baseada no quantitativo proporcional de vacinas previsto para São Paulo conforme o PNI (Programa Nacional de Imunizações), do Ministério da Saúde.

A campanha de imunização contra a Covid-19 em São Paulo tem se desenvolvido conforme a disponibilidade das remessas do Ministério da Saúde. À medida que o governo federal viabilizar mais doses, as novas etapas do cronograma e públicos-alvo da campanha de vacinação contra o novo coronavírus serão divulgadas pelo Governo de São Paulo.

Também teve início nesta sexta-feira a vacinação de idosos na faixa etária de 85 a 89 anos. A imunização desta faixa etária estava prevista para começar no dia 15 de fevereiro, mas foi antecipada em três dias devido à disponibilidade de mais vacinas produzidas no Butantan.

Sobre a situação epidemiológica, de acordo com o boletim diário mais recente publicado pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo sobre a pandemia do novo coronavírus, nesta sexta-feira (12/2) a capital paulista totaliza 17.916 vítimas da Covid-19.

Há, ainda, 597.990 casos confirmados de infecções pelo novo coronavírus e 740.037 casos suspeitos sob monitoramento. Até esta sexta, 840.334 pessoas haviam recebido alta após passar pelos hospitais de campanha, da rede municipal, contratualizados e pela atenção básica do município.

Abaixo, gráfico detalhado sobre os índices da Covid-19 na cidade de São Paulo.

Crédito: Prefeitura de SP

Em relação ao sistema público de saúde, nesta sexta-feira (12/2) a taxa de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) destinados ao atendimento de pacientes com Covid-19 na Grande São Paulo é de 65,6%.

Já na última quinta (11/2), o índice de isolamento social na cidade de São Paulo foi de 39%. A medida é considerada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e autoridades sanitárias a principal forma de contenção da pandemia do novo coronavírus.

A aferição do isolamento é feita pelo Sistema de Monitoramento Inteligente do Governo de São Paulo, que utiliza dados fornecidos por empresas de telefonia para medir o deslocamento da população e a adesão às medidas estabelecidas pela quarentena no Estado.

ATUAÇÃO DO MUNICÍPIO

Teve início nesta sexta-feira (12/2) a vacinação de 2.196 pessoas em situação de rua com mais de 60 anos no município de São Paulo. A imunização começou no Núcleo São Martinho de Lima, localizado na rua Siqueira Cardoso, 277, Belenzinho.

A vacinação desse público será feita por profissionais do Programa Consultório na Rua da Secretaria Municipal da Saúde, que conta com 26 equipes, distribuídas nas seis Coordenadorias Regionais de Saúde. Eles serão responsáveis por levar as vacinas às pessoas que vivem em situação de rua com mais de 60 anos.

A vacinação será feita das 7h às 19h, até que essa população, que já está cadastrada e tem vínculo com o Programa, seja completamente vacinada. Ao todo, cerca de 500 profissionais atuarão na logística utilizando 50 carros para deslocamento e vacinação.

A Prefeitura de São Paulo lembra que o feriado de Carnaval foi cancelado em todo o Estado. Na capital paulista, também foi decretada a suspensão do ponto facultativo como medida de enfrentamento à pandemia de Covid-19 que, apesar do início da vacinação, encontra-se com alta no número de casos e com variantes do novo coronavírus já notificadas no território municipal.

O decreto nº 60.060, publicado na edição de 30 de janeiro de 2021 do Diário Oficial do Município, estabelece que não haverá ponto facultativo nas repartições públicas municipais nos dias 15 e 16 de fevereiro, relativos ao Carnaval, e no dia 17, referente à Quarta-feira de Cinzas.

A expectativa é de que, com a suspensão do feriado, haja a diminuição da mobilidade das pessoas e a redução das aglomerações, duas características típicas da festa popular. A medida se faz necessária para tentar controlar a contaminação e sua consequente alta de casos e mortes pelo novo coronavírus, a exemplo do que se viu no fim do ano e que até agora impacta nos números da saúde. Os desfiles de blocos também estão proibidos.

AÇÕES E ATITUDES

Um estudo de pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) identificou sete proteínas presentes no plasma sanguíneo de pacientes hospitalizados por Covid-19 que podem servir como indicadores de gravidade e até indicar alvos terapêuticos.

Essas moléculas são associadas à resposta imunológica, proteção do pulmão, complicações vasculares e descontrole inflamatório (tempestade de citocinas), comuns em alguns pacientes com Covid-19. A ação das proteínas e seus efeitos no agravamento da doença serão agora estudados com maior profundidade pelo grupo.

De acordo com os pesquisadores, as alterações nos níveis de proteínas do plasma sanguíneo são bons indicadores de como ocorre o desenvolvimento das doenças, inclusive infecções virais. Com a análise das variações da expressão proteica [proteômica] de pacientes hospitalizados, foram então selecionadas sete moléculas com maior potencial para serem investigadas dada a fisiopatologia da Covid-19.

Entre 4 de maio e 4 de julho de 2020, o estudo avaliou 163 pacientes internados no Hospital Estadual de Bauru com diagnóstico confirmado de Covid-19 por teste de RT-PCR. Os pacientes foram divididos em três grupos: 76 indivíduos que tiveram alta hospitalar sem internação em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) ou casos suaves, 56 que tiveram alta após permanecerem um período na UTI (casos severos) e 31 que morreram mesmo sob acompanhamento na UTI (críticos).

Ao comparar o proteoma dos três grupos, os pesquisadores observaram níveis altos das proteínas IREB2, GELS, POLR3D, PON1, SFTPD e ULBP6 apenas nos casos mais suaves. As amostras de sangue analisadas foram coletadas no momento em que os doentes deram entrada no hospital. Também foram coletadas amostras semanais para acompanhar a evolução de cada participante. Esses dados serão analisados nas próximas etapas da pesquisa.

No estudo, apenas pacientes que precisaram de tratamento intensivo apresentavam a proteína Gal-10 no plasma sanguíneo quando deram entrada no hospital. Trata-se de um conhecido marcador de morte de células de defesa (eosinófilos), o que sugere, de acordo com os pesquisadores, algum grau de comprometimento do sistema imune. Uma hipótese aventada é de que o aumento de Gal-10 nos pacientes críticos e severos pode estar associado à tempestade de citocinas que leva ao descontrole da inflamação.

Os pesquisadores explicam que a identificação de proteínas relacionadas a diferentes complicações e estágios da infecção podem abrir caminho para o reconhecimento de alvos terapêuticos e biomarcadores que auxiliem a tomada de decisão por parte dos profissionais de saúde.

O estudo conta com a colaboração de pesquisadores do Hospital Estadual de Bauru e do Instituto Adolfo Lutz de Bauru (SP). Os dados preliminares foram publicados em uma plataforma on-line, ainda sem a revisão de pares. O grupo de pesquisadores é apoiado pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

*Ouça abaixo a versão podcast do boletim Coronavírus 
1ª edição
2ª edição

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