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Capital contabiliza 17,6 mil mortes e 585,7 mil casos confirmados de Covid-19

Por Daniel Monteiro | 09/02/2021

Segundo dados mais recentes sobre a pandemia do novo coronavírus publicados pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, na última segunda-feira (8/2) a capital paulista contabilizava 17.629 vítimas da Covid-19.

Há, ainda, 585.765 casos confirmados de infecções pelo novo coronavírus e 726.343 casos suspeitos sob monitoramento. Até segunda, 818.311 pessoas receberam alta após passar pelos hospitais de campanha, da rede municipal, contratualizados e pela atenção básica do município.

Abaixo, gráfico detalhado sobre os índices da Covid-19 na cidade de São Paulo na segunda.

Crédito: Prefeitura de SP

Em relação ao sistema público de saúde na Grande São Paulo, a atualização mais recente destaca que, nesta terça, a taxa de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) destinados ao atendimento de pacientes com Covid-19 é de 65,6%.

Considerado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e autoridades sanitárias a principal forma de contenção da pandemia do novo coronavírus, o isolamento social na cidade de São Paulo, na última segunda, foi de 39%.

Os dados são do Sistema de Monitoramento Inteligente do Governo de São Paulo, que utiliza dados fornecidos por empresas de telefonia para medir o deslocamento da população e a adesão às medidas estabelecidas pela quarentena no Estado.

ATUAÇÃO DO MUNICÍPIO

Segundo informações do Instituto Butantan, a Coronavac (vacina produzida no Brasil pelo instituto) apresenta melhor desempenho contra as novas cepas do novo coronavírus na comparação com as vacinas que se utilizam de uma única proteína como antígeno (a chamada proteína S).

Testes realizados com as variantes inglesa e sul-africana do novo coronavírus já mostraram um bom desempenho das vacinas com vírus inativado (tecnologia da vacina do Butantan), e análises estão sendo feitas atualmente contra a cepa amazônica.

O Butantan espera que, em breve, sejam apresentados os resultados das análises feitas com amostras de soro de pessoas vacinadas no Brasil sobre a efetividade contra a cepa amazônica. A expectativa é de que, pela própria forma como a vacina é produzida, essa possibilidade de ter escape, de não ter a resposta imune, é bem menor.

MAIS SOBRE O CORONAVÍRUS

Uma característica que os casos severos e fatais de Covid-19 têm é um quadro de inflamação sistêmica que, além dos pulmões, leva ao colapso diferentes órgãos do paciente. Trata-se de uma reação inflamatória fora de controle, que envolve elevadas taxas de moléculas pró-inflamatórias circulantes no sangue – fato conhecido como tempestade de citocinas. Essa resposta imunológica exacerbada tende a causar danos ainda maiores que o próprio vírus.

Um estudo conduzido por pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) em Ribeirão Preto e da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) demonstrou, pela primeira vez, que o processo inflamatório pulmonar, a tempestade de citocinas e a gravidade da doença estão associados ao aumento exagerado de mediadores lipídicos (derivados de ácido araquidônico) e de acetilcolina – substância normalmente produzida no sistema nervoso central e que participa da comunicação entre neurônios.

A pesquisa faz parte dos objetivos do consórcio ImunoCovid – coalizão multidisciplinar que envolve dez pesquisadores da USP e um da UFSCar, além de profissionais de saúde da Santa Casa de Misericórdia e do Hospital São Paulo em Ribeirão Preto, que trabalham em colaboração e com o compartilhamento de dados e de amostras.

Segundo os autores do trabalho, o achado abre caminho para novos estudos sobre a participação de mediadores lipídicos nesse tipo de inflamação, bem como possíveis marcadores de gravidade e tratamento da Covid-19.

Além dos dois componentes moleculares, os pesquisadores da USP identificaram o decréscimo na expressão de duas glicoproteínas da membrana de células de defesa (leucócitos). Também descobriram que o uso de corticoides no tratamento da inflamação reduz apenas as taxas de acetilcolina, não interferindo no ácido araquidônico e seus derivados.

Uma das conclusões é de que, apesar de ser benéfico para muitos pacientes, o uso de corticoides para tratar a hiperinflamação não induz os mesmos resultados para todos os doentes. Dessa forma, com base no que foi observado no estudo, é possível sugerir que o tratamento com corticoides seja iniciado o quanto antes em indivíduos hospitalizados e com quadros graves e críticos, em combinação com inibidores do metabolismo de ácido araquidônico.

Vale ressaltar que o uso inadequado de corticoides pode trazer riscos relevantes para o organismo. É importante buscar orientação médica no que diz respeito à dose, ao período de início e à duração do tratamento. Usar esse tipo de medicamento sem prescrição médica na fase viral da doença, que vem antes da fase inflamatória, pode agravar a infecção.

Apoiado pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) por meio de um projeto que investiga biomarcadores e novos alvos terapêuticos para a Covid-19, o trabalho foi publicado em uma plataforma on-line, em artigo ainda sem revisão por pares.

AÇÕES E ATITUDES

Pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) em São Carlos desenvolveram uma tecnologia de baixo custo para detectar material genético do vírus da Covid-19. Os cientistas obtiveram um genossensor que detectou uma sequência de DNA que simula o genoma do novo coronavírus. Além disso, o sensor pode ser acoplado a diferentes dispositivos de detecção, inclusive alguns que requerem apenas equipamentos portáteis.

A detecção com o genossensor, que utiliza nanotecnologia, ocorre quando uma sequência complementar é reconhecida na amostra que está sendo analisada, pois essa sequência complementar será hibridizada com a sequência imobilizada no genossensor. O método de identificação criado pelos pesquisadores da USP em São Carlos utiliza quatro maneiras diferentes para fazer a detecção, três das quais empregam equipamentos portáteis: impedância elétrica, eletroquímica, medida óptica e microscopia eletrônica de baixa resolução.

As medidas de impedância elétrica e eletroquímica, que correspondem a medir alterações na condução elétrica induzidas pela hibridização (detecção de material genético), podem ser feitas com equipamentos portáteis. Essas medidas são feitas com um aparelho desenvolvido em São Carlos, denominado Simple-Z, cujo custo de componentes é de aproximadamente 100 dólares e pode fazer as medições em qualquer local. A detecção com medida óptica também é feita com aparelho portátil, que é importado e de mais alto custo.

A quarta maneira de detecção emprega imagens dos genossensores após serem expostos às amostras, feitas por microscopia eletrônica de baixa resolução, equivalente à de um microscópio óptico comum. Os autores do estudo conseguiram, através desse método, mostrar que é possível fazer um diagnóstico muito preciso com análise de imagens usando Inteligência Artificial.

O objetivo, em breve, é verificar se imagens de celulares com ampliação por microscópio acoplado também servem para a análise. Caso o resultado seja positivo, isso poderia trazer uma revolução na forma de diagnóstico, pois não exige nenhum equipamento específico. Inclusive, apontam os pesquisadores, essa vertente é pesquisada não só para Covid-19, mas também para câncer e outras doenças.

Segundo os cientistas, o genossensor é seletivo, ou seja, só dá positivo se houver a sequência complementar ao DNA do novo coronavírus, e tem alta sensibilidade, inclusive superior à técnica de PCR.

Apesar dos avanços, os pesquisadores ressaltam que, para a técnica ser usada clinicamente, há um longo caminho a percorrer. O próximo passo da pesquisa é confirmar a eficiência do genossensor em amostras de pacientes. Além da USP, o estudo tem a participação da Embrapa Instrumentação de São Carlos e do Instituto Pelé Pequeno Príncipe, de Curitiba.

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