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Começa estudo que vai avaliar se vacina do Butantan auxilia na redução do contágio pelo novo coronavírus

Por Daniel Monteiro | 17/02/2021

Teve início na cidade de Serrana (SP), nesta quarta-feira (17/2), um amplo estudo da vacina do Instituto Butantan para avaliar se o imunizante também é capaz de reduzir o contágio pelo novo coronavírus na população. O anúncio do início da pesquisa ocorreu em coletiva do Governo do Estado no início da tarde desta quarta no Palácio dos Bandeirantes.

Conforme já havia explicado a administração estadual, este é o primeiro estudo de imunização plena da Covid-19 realizado no mundo, que visa observar a eficiência da vacinação, ou seja, determinar qual o efeito dessa imunização em massa sobre a evolução da epidemia e sobre a transmissibilidade do vírus.

Chamado de Estudo Escalonado por Conglomerados, ele pretende avaliar a transmissão da infecção, a redução do uso do sistema de saúde – chamado de carga de doença/epidemia -, se ocorrerá a chamada imunidade de rebanho, além de outros efeitos indiretos da vacinação.

O estudo também visa determinar o que a vacinação vai impactar em termos de efeitos indiretos na economia, na circulação de pessoas, na aceitação da vacinação e na ocorrência de efeitos que porventura não tenham sido previstos anteriormente.

A opção pela realização do estudo cidade de Serrana, no interior do Estado, atende alguns critérios técnicos para viabilização da pesquisa: o município deveria ser pequeno, por conta da necessidade de um grande quantitativo de vacinas a serem utilizadas; deveria ter uma taxa de infecção elevado, possibilitando avaliar rapidamente o efeito da vacinação; e deveria estar próximo ou conter um centro de pesquisa, de preferência ligado ao Estado.

Seguindo as características especificadas pela administração estadual, a cidade de Serrana tem, atualmente, 45 mil habitantes, fica a 10 quilômetros de Ribeirão Preto (um pólo local) e possui um Hospital Estadual que já faz pesquisa, do ponto de vista acadêmico. Além disso, no momento da definição do local da pesquisa, o município apresentava a maior taxa de infecção pelo novo coronavírus no Estado.

O público-alvo do estudo de eficiência será a população adulta de Serrana – em torno de 30 mil pessoas com idade acima de 18 anos. Para a realização da pesquisa, a cidade foi dividida em 25 áreas que formam quatro grandes grupos populacionais identificados pelas cores verde, amarela, azul e cinza. A vacinação será escalonada e vai ser iniciada pela região verde.

Durante todo esse período, a epidemia vai ser acompanhada no município. Para isso, foi montado um sistema de vigilância ativa onde todos os moradores foram submetidos a um senso e a um processo de georreferenciamento.

Dessa forma, à medida que prossegue a vacinação, será possível controlar o que vai acontecendo com a epidemia, o número de casos, número de exames positivos, número de internações, número de consultas médicas, entre outras informações. Também será possível comparar uma região com a outra para, assim, obter respostas sobre o que vai acontecer com a epidemia com a vacinação em massa.

Vacinas

Na coletiva, o Governo do Estado anunciou a antecipação, de setembro para agosto, da entrega de outras 54 milhões de doses da vacina do Instituto Butantan para o Ministério da Saúde. O imunizante será distribuído para todo o país, no âmbito do Programa Nacional de Imunização.

Segundo a administração estadual, a antecipação foi possível graças ao regime implementado pelo instituto, que está trabalhando 24 horas por dia, sete dias por semana – incluindo feriados e finais de semana – para produzir as vacinas.

O acordo entre Butantan e o Ministério da Saúde prevê a entrega de 100 milhões de doses do imunizante, sendo 46 milhões na primeira etapa, até abril, e outras 54 milhões na segunda etapa, até o final do mês de agosto.

Além da antecipação da produção das vacinas, o Governo do Estado anunciou a criação de uma força-tarefa para acelerar a entrega das doses da vacina para todo o Brasil. Para isso, o Instituto Butantan duplicou o número de profissionais que cuidam, especificamente, do programa de envase na fábrica do imunizante, na capital paulista. O número de profissionais nesta área subiu de 150 para 300.

Como resultado dessa força-tarefa, a partir da próxima terça-feira (23/2), o Butantan prevê que um total de 3,4 milhões de doses da vacina do Butantan serão entregues para o Ministério da Saúde.

Educação

Ainda na coletiva, o Governo do Estado anunciou que, a partir desta quarta-feira, começa a funcionar o Programa Psicólogos da Educação. Segundo o programa, 1 mil psicólogos começam a trabalhar e estão à disposição de alunos, professores e demais profissionais da rede estadual de ensino.

Todas as 5,1 mil escolas dos 645 municípios do Estado de São Paulo serão atendidas por esses profissionais. O atendimento será feito de maneira virtual e presencial e o objetivo é contribuir para a melhoria da convivência e do ambiente escolar.

Com investimento de cerca de R$ 5 milhões mensais, o novo programa prevê um pacote de 40 mil horas semanais, o equivalente a 160 mil horas mensais de acompanhamento psicológico. Cada escola terá à sua disposição, dependendo da demanda de cada local, de 2 a 20 horas semanais para que o psicólogo possa realizar o atendimento, presencial ou virtualmente, da maneira mais rápida e efetiva para cada unidade escolar. A definição da carga horária levará em conta fatores como o número de alunos, de turnos e de ocorrências registradas em cada escola.

Participaram da coletiva o governador João Doria, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas; a coordenadora do Centro de Controle de Doenças do Estado, Regiane de Paula; o secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn; o secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi; o coordenador executivo do Centro de Contingência do Covid-19, João Gabbardo; e o secretário estadual da Educação, Rossieli Soares.

MAIS SOBRE O NOVO CORONAVÍRUS

Segundo dados mais recentes sobre a pandemia do novo coronavírus publicados pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, até a última terça-feira (16/2) a capital paulista contabilizava 18.039 vítimas da Covid-19.

Havia, ainda, 598.476 casos confirmados de infecções pelo novo coronavírus e 740.384 casos suspeitos sob monitoramento. Até a última terça, 862.986 pessoas haviam recebido alta após passar pelos hospitais de campanha, da rede municipal, contratualizados e pela atenção básica do município.

Abaixo, gráfico detalhado sobre os índices da Covid-19 na cidade de São Paulo.

Crédito: Prefeitura de SP

Em relação ao sistema público de saúde na Grande São Paulo, a atualização mais recente destaca que, nesta quarta, a taxa de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) destinados ao atendimento de pacientes com Covid-19 é de 65,2%.

Considerado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e autoridades sanitárias a principal forma de contenção da pandemia do novo coronavírus, o isolamento social na cidade de São Paulo, na última terça (16/2), foi de 40%.

Os dados são do Sistema de Monitoramento Inteligente do Governo de São Paulo, que utiliza dados fornecidos por empresas de telefonia para medir o deslocamento da população e a adesão às medidas estabelecidas pela quarentena no Estado.

ATUAÇÃO DO MUNICÍPIO

Por meio da Secretaria Municipal de Educação, a Prefeitura de São Paulo implementou um sistema de monitoramento on-line que visa registrar a incidência de casos suspeitos de Covid-19 nas escolas da rede municipal.

A partir do fluxo de monitoramento da transmissão enviado para as unidades educacionais, os profissionais da escola podem identificar casos suspeitos, entrar em contato com as famílias e viabilizar o encaminhamento para as UBSs (Unidades Básicas de Saúde) de referência.

O apontamento dos casos suspeitos deverá ser feito pela equipe gestora por meio do sistema CITsmart, em Monitoramento COVID-SIMC-19. A equipe gestora deverá registrar os dados do aluno ou profissional e encaminhá-lo com o formulário impresso para a UBS de referência. Isso viabilizará o atendimento e permitirá o controle por parte das autoridades de Saúde e Educação.

O fluxo de monitoramento da transmissão foi organizado conjuntamente com a Secretaria de Saúde. Caso haja constatação de um ou mais sintomas, a escola deverá fazer o isolamento do estudante, entrar em contato com a família, preencher o formulário no sistema CITsmart e imprimi-lo, orientando que os responsáveis levem a criança até a UBS de referência. No caso do educador, este deverá ir até a unidade médica. Na confirmação de infecção por Covid-19 os familiares deverão comunicar a escola imediatamente.

São sintomas de Covid-19: febre, dor de cabeça, dor de garganta, tosse, coriza, falta de ar e perda de olfato ou paladar. Em crianças, considerar também obstrução nasal. Na suspeita de Covid-19, a febre pode estar ausente e diarreia pode estar presente.

AÇÕES E ATITUDES

Uma pesquisa, liderada pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), é o primeiro do estudo que tem como objetivo avaliar a resposta à vacina contra a Covid-19 em pacientes imunossuprimidos (doenças reumáticas e pessoas que vivem com HIV/AIDS) para determinar a resposta imune.

A primeira etapa da pesquisa foi finalizada no dia 10 de fevereiro de 2021 com quase 2 mil pessoas vacinadas, sendo aproximadamente 1.500 pacientes e 500 voluntários do grupo controle.

A importância deste estudo é reforçada por análise epidemiológica recente de 252.119 pacientes hospitalizados no Brasil com Covid-19 realizada pelo mesmo grupo, que observou que pacientes com lúpus têm 73% mais chances de evoluir para óbito dos que os que não têm lúpus.

*Ouça a versão podcast do boletim Coronavírus nos links abaixo:

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