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Covid-19: A partir de sábado, todo o Estado entrará na fase vermelha do Plano São Paulo

Por Daniel Monteiro | 03/03/2021

Fase mais restritiva será válida por 14 dias, até 19 de março

A partir das 0h do próximo sábado (6/3), todo o Estado de São Paulo passará para a fase vermelha do Plano SP. A nova classificação será válida por 14 dias, até 19 de março. Dessa forma, todas as regiões paulistas, inclusive a capital (região da Grande SP), passarão para a fase mais restritiva do plano, onde estão autorizados a funcionar apenas setores essenciais da economia. O anúncio ocorreu nesta quarta-feira (3/3), em coletiva do Governo do Estado.

O enrijecimento da quarentena em São Paulo atende recomendação do Centro de Contingência do Covid-19 (órgão formado por médicos e pesquisadores e criado pelo Governo do Estado para monitorar e coordenar ações contra a propagação do novo coronavírus), devido ao aumento nos índices de casos, internações e mortes por Covid-19 em São Paulo.

Segundo dados oficiais, na última terça-feira (2/3) foram registradas 468 mortes provocadas pelo novo coronavírus no Estado, recorde desde o início da pandemia. Além disso, nas últimas 24 horas, a central de regulação de vagas da Secretaria de Saúde de São Paulo recebeu 901 pedidos para internação de pacientes com Covid-19 em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e enfermaria – o equivalente a encaminhar para internação um paciente a cada 2 minutos. “Vamos enfrentar, nas duas próximas semanas, as duas piores semanas da pandemia em São Paulo e no Brasil desde março do ano passado”, alertou o governador João Doria (PSDB).

“As recomendações do Centro de Contingência são exatamente no sentido de conseguirmos reduzir a velocidade de transmissão dos vírus. São medidas duras e que requerem a participação de toda a sociedade. Não basta só o Centro de Contingência recomendar medidas restritivas, mas é preciso que todos entendam que cada um contribui na redução da transmissão dos vírus”, destacou Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência.

“Essa segunda onda é diferente da primeira. Na primeira, nós tivemos as regiões iam aparecendo com surtos em fases mais intensas, mas eram transitórias. Passamos por todo o país, mas em momentos diferentes. Mesmo aqui em São Paulo, nós começamos na região metropolitana de São Paulo e o interior estava preservado. Depois, nós passamos por um período em que a região metropolitana reduziu a velocidade da transmissão e nós tivemos um momento no interior. Hoje, o que nós percebemos é que o país inteiro está entrando numa situação de colapso”, completou João Gabbardo, coordenador executivo do Centro de Contingência.

Na fase vermelha, está autorizado o funcionamento apenas de setores essenciais da economia, como saúde (farmácias), alimentação (supermercados e estabelecimentos que forneçam refeições por delivery), segurança pública e privada, construção civil, indústria logística, abastecimento (postos de combustíveis), transporte coletivo (ônibus, trens e metrô), comunicação social (veículos de imprensa) e outros serviços gerais previstos no plano. Também continua em vigência o toque de restrição de circulação, que na fase vermelha é válido das 20h às 5h.

O Centro de Contingência ainda reforça as recomendações para que as pessoas fiquem em casa sempre que possível; usem máscara em todos os ambientes, principalmente no convívio com idosos e pessoas com comorbidades; higienizem as mãos; e, caso viável, realizem o teletrabalho. Além disso, aglomerações de qualquer tipo não são permitidas em nenhuma hipótese.

Apesar das restrições, o Governo de São Paulo informou que as escolas do Estado – municipais, estaduais e particulares – estão autorizadas a continuarem abertas para atividades presenciais, respeitando o limite de 35% da capacidade de ocupação das unidades escolares. “Em dezembro a gente teve um decreto do governador que torna a educação essencial, porque mesmo na fase vermelha, as escolas permanecem abertas, com uma resolução complementar da Secretaria de Educação”, afirmou o secretário estadual de Educação, Rossieli Soares.

“Não temos a obrigatoriedade, neste momento, da frequência presencial. E isso é importante aqui, com clareza para as famílias: a escola está aberta para quem precisa. Para as famílias que conseguem acompanhar a educação a distância, que têm condições do seu filho estar fazendo a distância, permaneça a distância, mesmo na escola pública ou na escola privada. Mas para aqueles que realmente precisam, é fundamental que a escola esteja aberta”, ressaltou Soares.

Além do enrijecimento da quarentena, o Governo de São Paulo informou que abrirá gradualmente, a partir do dia 8 de março, 500 novos leitos para combater a pandemia no Estado, 339 novos leitos de UTI e 161 leitos de enfermaria em hospitais estaduais, municipais, santas casas e serviços filantrópicos da área pública de saúde. O objetivo é reforçar o sistema público de saúde em todo o território paulista.

Também participaram da coletiva Patrícia Ellen, secretária estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação; Jean Gorinchteyn, secretário estadual da Saúde; Marco vinholi, secretário estadual de Desenvolvimento Regional; Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan; José Medina, membro do Centro de Contingência do Covid-19; Carlos Carvalho, integrante do Centro de Contingência do Covid-19; Helena Sato, também integrante do Centro de Contingência do Covid-19; e Regiane de Paula, coordenadora de Controle de Doenças da Secretaria da Saúde.

MAIS SOBRE O NOVO CORONAVÍRUS

Segundo dados mais recentes sobre a pandemia do novo coronavírus publicados pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, na última terça-feira (2/3) a capital paulista contabilizava 18.739 vítimas da Covid-19.

Havia, ainda, 635.969 casos confirmados de infecções pelo novo coronavírus. Até terça, 892.363 pessoas haviam recebido alta após passar pelos hospitais de campanha, da rede municipal, contratualizados e pela atenção básica do município.

Abaixo, gráfico detalhado sobre os índices da Covid-19 na cidade de São Paulo.

Crédito: Prefeitura de SP

Em relação ao sistema público de saúde na Grande São Paulo, a atualização mais recente destaca que, nesta quarta (3/3), a taxa de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) destinados ao atendimento de pacientes com Covid-19 é de 77,9%.

Considerado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e autoridades sanitárias a principal forma de contenção da pandemia do novo coronavírus, o isolamento social na cidade de São Paulo, na última terça (2/3), foi de 38%.

Os dados são do Sistema de Monitoramento Inteligente do Governo de São Paulo, que utiliza dados fornecidos por empresas de telefonia para medir o deslocamento da população e a adesão às medidas estabelecidas pela quarentena no Estado.

ATUAÇÃO DO MUNICÍPIO

Na última segunda-feira (1/3), 3.156 mil mães selecionadas para o Programa Operação Trabalho – POT Volta às Aulas, da Prefeitura de São Paulo, começaram a trabalhar em mais de 1.500 escolas municipais da capital paulista. As mulheres contratadas vão atuar no reforço da aplicação dos protocolos sanitários e de distanciamento social nas unidades escolares.

Entre os dias 26 e 28 de fevereiro, foram convocadas ao todo 4.543 mulheres, sendo que destas, 69% estão entre as mães aprovadas para o início do trabalho. O programa tem ainda 1.434 vagas não preenchidas pelo não comparecimento das candidatas ou por mulheres que não atenderam aos pré-requisitos da vaga, como estar desempregada há mais de quatro meses e não receber nenhum tipo de benefício.

As mulheres que faltaram ainda podem ir em um dos 13 postos do Cate (Centro de Apoio ao Trabalho e Empreendedorismo) em que estava agendada a convocação, entre 10h e 16h, com os seus documentos. A lista das aprovadas e os endereços podem ser consultados clicando aqui.

Durante seis meses do POT Volta às Aulas, as mulheres estarão, junto com os educadores, na retaguarda das crianças, contribuindo com a manutenção da higiene e da segurança sanitária dos alunos, fazendo a aferição de temperatura e ajudando no monitoramento e sensibilização sobre prevenção à Covid-19 no ambiente escolar.

Elas também ajudarão na limpeza e higienização dos equipamentos da Secretaria Municipal da Educação. As mães receberão uma bolsa auxílio no valor de R$ 1.155,00 para cumprir uma carga horária de seis horas por dia e 30 horas semanais.

AÇÕES E ATITUDES

Conduzidos na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), experimentos laboratoriais indicam que os anticorpos presentes no plasma sanguíneo de pessoas que já tiveram Covid-19 e se recuperaram são cerca de seis vezes menos eficientes para neutralizar a variante brasileira do novo coronavírus, denominada P.1., do que a chamada linhagem B, que circulou no país nos primeiros meses da pandemia.

O estudo mostra ainda que o plasma coletado de indivíduos que receberam a segunda dose da CoronaVac há cerca de cinco meses apresenta baixa quantidade de anticorpos capazes de neutralizar o novo coronavírus – tanto a linhagem B quanto a variante P.1. Os dados foram divulgados na última segunda-feira (1/3) na plataforma Preprints with The Lancet e ainda estão em processo de revisão por pares.

Para os autores da pesquisa, o que esses resultados preliminares sugerem é que tanto as pessoas que já tiveram Covid-19 como aquelas que foram vacinadas podem ser infectadas pela nova variante P.1. e, portanto, não devem se descuidar.

Segundo os pesquisadores, esse fenômeno é comum e ocorre também com outras vacinas, fazendo com que alguns vírus continuem circulando mesmo após uma população ser imunizada. Eles destacam que, em hipótese alguma, o estudo sugere que a vacina não funciona.

Os experimentos descritos no artigo foram realizados com apoio da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) no Laboratório de Estudos de Vírus Emergentes do Instituto de Biologia da Unicamp. Foram utilizadas 20 amostras de secreção nasofaríngea de pacientes infectados pela variante brasileira, que foram inoculadas em culturas celulares suscetíveis ao novo coronavírus. A presença da P.1. nas amostras dos pacientes foi confirmada por sequenciamento do genoma viral.

Dois isolados da variante P.1. obtidos a partir das culturas infectadas in vitro foram usados nos testes de neutralização feitos tanto com o plasma de convalescentes quanto de vacinados. As amostras de plasma convalescente – coletadas entre dois e três meses após a infecção – foram testadas paralelamente contra a linhagem B e a variante P.1. Os resultados indicam que o potencial de neutralização frente à nova cepa foi em média seis vezes menor.

*Ouça abaixo versão podcast do boletim Coronavírus

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