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Hospital Geral de Vila Penteado passará a atender exclusivamente casos de Covid-19

Por Daniel Monteiro | 22/03/2021

A partir desta terça-feira (23/3), o Hospital Geral de Vila Penteado, na zona Norte da capital,  passará a atender exclusivamente pacientes com diagnóstico de Covid-19. Com a unidade, estarão disponíveis 196 leitos destinados ao tratamento da doença, sendo 55 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e 141 de enfermaria. O anúncio ocorreu no início da tarde desta segunda-feira (22/3), em coletiva do Governo do Estado no Palácio dos Bandeirantes.

Os novos leitos fazem parte da expansão da rede de saúde anunciada no começo do mês pela administração estadual e visam centralizar o atendimento dos pacientes com o novo coronavírus, principalmente aqueles com a forma mais grave da Covid-19. Pacientes com outras doenças serão encaminhados aos demais hospitais estaduais da cidade de São Paulo para continuidade do tratamento.

Oxigênio

Na coletiva, o Governo de São Paulo informou que, após mobilização com a iniciativa privada, criou uma força-tarefa destinada ao aumento da produção, logística e distribuição de oxigênio no Estado, para evitar o desabastecimento em todos os hospitais paulistas.

Em reunião realizada nesta segunda-feira, cinco empresas fornecedoras do insumo garantiram a produção e abastecimento de oxigênio para os leitos de UTI em todo o território paulista.

Além disso, a Ambev se prontificou a criar, em um prazo de 10 dias, uma usina de oxigênio na cidade de Ribeirão Preto, no interior do Estado, e a doar integralmente a produção futura de 120 cilindros de oxigênio por dia. Já a Copagaz afirmou que utilizará a sua frota, que distribui hoje botijões de gás, para o transporte e a logística do insumo.

Segundo o Governo de São Paulo, esse esforço visa atender a rede estadual de hospitais, mas também leva em conta as redes municipais de hospitais públicos, a rede de entidades filantrópicas, como as Santas Casas, e a rede privada do Estado.

Vacinas

O Governo do Estado informou que, na manhã desta segunda-feira, o Instituto Butantan entregou ao Ministério da Saúde mais 1 milhão de doses da vacina contra o novo coronavírus, que deverão ser distribuídas em todo o país através do Programa Nacional de Imunização. Com a nova remessa, o Butantan chega a 25,6 milhões de doses da vacina entregues.

Leitos de UTI

Ainda na coletiva, o Governo de São Paulo afirmou que o Governo Federal continua descumprindo a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de custear os leitos de UTI destinados à Covid-19 no Estado. De acordo com a administração estadual, nesta segunda-feira, apenas 20% dos 5.800 leitos de UTI de São Paulo estão sendo custeados com verba federal.

MAIS SOBRE O NOVO CORONAVÍRUS

De acordo com o boletim diário mais recente publicado pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo sobre a pandemia do novo coronavírus, nesta segunda-feira (22/3) a capital paulista totalizava 20.362 vítimas da Covid-19.

Havia, ainda, 689.714 casos confirmados de infecções pelo novo coronavírus. Desde o início da pandemia, 981.863 pessoas receberam alta após passar pelos hospitais de campanha, da rede municipal, contratualizados e pela atenção básica do município.

Abaixo, gráfico detalhado sobre os índices da Covid-19 na cidade de São Paulo.

Crédito: Prefeitura de SP

Em relação ao sistema público de saúde, nesta segunda-feira (22/3) a taxa de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) destinados ao atendimento de pacientes com Covid-19 na Grande São Paulo é de 91,6%.

Já no último domingo (21/3), o índice de isolamento social na cidade de São Paulo foi de 51%. A medida é considerada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e autoridades sanitárias a principal forma de contenção da pandemia do novo coronavírus.

A aferição do isolamento é feita pelo Sistema de Monitoramento Inteligente do Governo de São Paulo, que utiliza dados fornecidos por empresas de telefonia para medir o deslocamento da população e a adesão às medidas estabelecidas pela quarentena no Estado.

ATUAÇÃO DO MUNICÍPIO

No último sábado (20/3), a cidade de São Paulo alcançou a marca de 1 milhão de vacinados com a primeira dose da vacina contra o novo coronavírus. Até sábado, 1.022.861 pessoas haviam recebido a primeira dose do imunizante, enquanto 338.930 também já tinham recebido a segunda dose.

Nesta semana o município segue com a vacinação de idosos com idade entre 72 e 74 anos, grupo estimado em 200 mil pessoas. O grupo alvo desta fase pode procurar o imunizante em umas 468 UBSs (Unidades Básicas de Saúde), nos 18 drive-thrus espalhados pela cidade, nos 17 Serviços de Assistência Especializada e nos três centros-escolas.

A CÂMARA DURANTE A PANDEMIA

Após aprovação unânime da Câmara Municipal de São Paulo, na última terça-feira (16/3), o prefeito Bruno Covas (PSDB) sancionou o PL (Projeto de Lei) 123/2021, do Executivo. Dessa forma, entra em vigor na cidade a lei n° 17.554, de 17 de março de 2021, que permite a entrada da capital paulista no consórcio público de municípios para aquisição de vacinas contra a Covid-19.

O consórcio público foi instituído pela FNP (Frente Nacional de Prefeitos) para a compra de vacinas contra o novo coronavírus. A iniciativa visa ampliar a vacinação na capital paulista com a aquisição de imunizantes complementares ao PNI (Programa Nacional de Imunizações), do governo federal.

O objetivo é dar celeridade à imunização da população contra a Covid-19 e atender eventuais demandas por medicamentos, equipamentos e insumos necessários aos serviços públicos municipais de saúde.

Durante a discussão do PL na Câmara, os vereadores comunicaram que mais de 1.700 municípios demonstraram intenção em participar do consórcio. Também foi informado que a Prefeitura de São Paulo negocia a compra de cinco milhões de doses.

Além disso, os vereadores da Câmara Municipal de São Paulo irão destinar R$ 55 milhões para a compra de vacinas. Cada um dos 55 parlamentares irá encaminhar R$ 1 milhão das respectivas emendas parlamentares para viabilizar a aquisição de imunizantes.

AÇÕES E ATITUDES

Em estudo divulgado na plataforma meRxiv, pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo) sugerem respostas sobre quais componentes do sistema imune se desregulam e atuam no agravamento da Covid-19 – que é provocado justamente pelo desequilíbrio na resposta do sistema de defesa das pessoas infectadas pelo novo coronavírus.

Os autores descrevem no artigo, ainda não revisado por pares, como o contato com o novo coronavírus altera o funcionamento do macrófago – uma espécie de “gari” do sistema imune, encarregado de eliminar, por meio da fagocitose, restos de células mortas e outras partículas estranhas ao organismo.

Por meio de experimentos in vitro, os cientistas descobriram que, ao internalizar uma célula infectada pelo novo coronavírus ainda ativo, o macrófago passa a produzir quantidades excessivas de moléculas pró-inflamatórias, o que pode contribuir para o quadro conhecido como tempestade de citocinas, observado em pacientes com a forma grave da doença.

Além disso, de acordo com o estudo, a internalização de uma célula morta infectada reduz em até 12 vezes a capacidade do macrófago de reconhecer e fagocitar outras células mortas que eventualmente surgirem em seu caminho.

Conforme explicam os autores do estudo, milhões de células morrem em nosso organismo todos os dias e elas precisam ser eliminadas de forma eficiente. Caso contrário, poderiam ser interpretadas como um sinal de perigo ou gerar autoantígenos, favorecendo o surgimento de doenças autoimunes.

No caso do pulmão afetado pelo novo coronavírus, a remoção contínua das células mortas pelos macrófagos é essencial para a regeneração do tecido. Se a presença do vírus em uma célula fagocitada subverte essa função dos macrófagos, possivelmente pode contribuir para o dano tecidual extenso característico da Covid-19, destacam os cientistas.

A pesquisa contou com financiamento da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

*Ouça abaixo a versão podcast do boletim Coronavírus

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