Prefeitura anuncia suspensão das aulas presenciais e aumento de leitos na capital
Em coletiva na manhã desta sexta-feira (12/3), a Prefeitura Municipal de São Paulo anunciou a suspensão das aulas presenciais na capital paulista a partir da próxima quarta-feira, 17 de março. A interrupção das atividades escolares durará até o dia 1º de abril e vale para rede pública municipal, estadual e para a rede privada do município.
Conforme explicou a Prefeitura, nos dias 15 e 16 as escolas públicas municipais estarão abertas para orientação dos pais sobre a suspensão das atividades presenciais e o oferecimento de merenda para os alunos. A partir do dia 17, será antecipado o recesso de julho do ensino municipal, de forma a viabilizar o fechamento das escolas. As aulas presenciais deverão retornar no dia 5 de abril, após o feriado da Páscoa.
Segundo a Prefeitura, a medida se faz necessária após a vigilância sanitária do município registrar, na última semana, 500 surtos de síndrome gripal – o que significa dois ou mais casos de síndrome gripal em uma escola. O número é superior ao registrado nas duas semanas anteriores, quando houve a notificação de 173 e 181 surtos nas unidades escolares. Por conta dessa situação, a vigilância sanitária fez uma nota técnica embasando a necessidade de suspensão das aulas no município neste momento.
Na coletiva, a Prefeitura também anunciou a abertura, na próxima semana, de mais 555 leitos para atendimento de pessoas com Covid-19, sendo 130 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e 185 de enfermaria.
Na próxima segunda-feira, serão abertos 100 leitos de UTI no hospital de M’Boi Mirim, 20 leitos de UTI no hospital de Guarapiranga e 10 leitos de UTI no hospital São Luiz Gonzaga, além de 105 leitos de enfermaria no hospital da Cantareira. E, ao longo da semana que vem, serão abertos 60 leitos de enfermaria no hospital da Capela do Socorro e 20 no hospital Sorocabano.
Outra medida adotada pela administração municipal foi o aprimoramento do protocolo de atendimento dos pacientes de Covid-19, com o estabelecimento de parâmetros clínicos e laboratoriais voltados à identificação oportuna de risco para sinais de agravamento da infecção, que poderão impactar na redução de hospitalização e mortalidade. Além disso, há a forte recomendação para que o cidadão, ao sentir sintomas, procure imediatamente as unidades de saúde do SUS (Sistema Único de Saúde) municipal, para encaminhamento aos Hospitais Dia da capital.
Durante a coletiva, a vice-presidente da Câmara Municipal de São Paulo, vereadora Rute Costa (PSDB), destacou as ações mais recentes realizadas pela Casa no combate à pandemia na capital.
Ela citou a aprovação na última quarta-feira (10/3), em primeiro turno, da ratificação para que a cidade de São Paulo integre o consórcio de municípios brasileiros que será formado para a compra de vacinas contra a Covid. “O projeto, enviado pelo prefeito Bruno Covas (PSDB), foi aprovado por unanimidade pelos vereadores. Uma prova da união do Legislativo no enfrentamento da pandemia. A expectativa é que o projeto seja aprovado em segundo turno na próxima semana”, afirmou Costa.
A vice-presidente do legislativo paulistano também citou a destinação de R$ 55 milhões dos vereadores para a compra de vacinas. “Em acordo alinhado nesta quarta-feira pelos líderes, ficou definido que cada um dos 55 vereadores vai destinar R$ 1 milhão de suas emendas parlamentares para reforçar os esforços financeiros da prefeitura na compra dos imunizantes”, frisou.
Por fim, Rute Costa destacou a aprovação da extensão da Renda Básica Emergencial no município. “No fim de fevereiro, a Câmara também aprovou a extensão da Renda Básica Emergencial, dando a autorização para que a prefeitura auxilie a população mais carente com o programa por mais três meses. Cerca de 1,3 milhão de paulistanos serão beneficiados com essa ajuda emergencial, muito importante neste momento de dificuldades pelo qual muitas famílias estão passando”, finalizou a vereadora.
Também participaram da coletiva o prefeito Bruno Covas (PSDB); o vice-prefeito Ricardo Nunes (MDB); o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido; e o secretário municipal de Educação, Fernando Padula.
Inquérito Sorológico
Ainda na coletiva, foi apresentada a quarta fase do inquérito sorológico do município. Devido ao aprimoramento das análises, com a inclusão do teste Elisa para o novo coronavírus, foi constatada que a prevalência do novo coronavírus na população da cidade, hoje, é de 25%. Ou seja, um quarto da população da capital paulista já teve contato e apresenta anticorpos para o vírus.
Em linhas gerais, os dados mais recentes mostram maior aproximação das prevalências nas diferentes regiões do município em relação ao levantamento anterior, com destaque para a região Sul da cidade. A prevalência na quarta fase do inquérito sorológico foi de 20,1% na região Sudeste, 26% na Norte, 19,4% na Centro-Oeste, 26% na Leste e 28,6% na Sul.
A pesquisa também mostra a continuidade da aproximação da prevalência nas regiões de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) médio e alto. A prevalência por faixa do IDH se mantém menor na faixa de IDH alto (20,1%), em relação às faixas intermediária (25,5%) e baixa (28,8%)..
O estudo evidenciou uma mudança na prevalência do vírus em relação à faixa etária das pessoas, com mais casos na população mais jovem. Em pessoas de 18 a 34 anos, a maior prevalência é de 29,4%; de 35 a 49 anos, a prevalência é de 21,3%; de 50 a 60 anos, a prevalência é de 27%; e nas pessoas acima de 65 anos, a prevalência é de 21,4%.
Por fim, a pesquisa mostra que a prevalência entre os assintomáticos se mantém alta, em 45,1%. Os resultados reforçam a necessidade da manutenção das medidas de distanciamento social em todas as regiões do município e classes sociais, bem como o uso de máscara.
A íntegra do Inquérito Sorológico pode ser consultada neste link
MAIS SOBRE O NOVO CORONAVÍRUS
De acordo com o boletim diário mais recente publicado pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo sobre a pandemia do novo coronavírus, na última quinta-feira (11/3) a capital paulista totalizava 19.353 vítimas da Covid-19.
Havia, ainda, 661.646 casos confirmados de infecções pelo novo coronavírus. Até quinta, 914.193 pessoas haviam recebido alta após passar pelos hospitais de campanha, da rede municipal, contratualizados e pela atenção básica do município.
Abaixo, gráfico detalhado sobre os índices da Covid-19 na cidade de São Paulo.
Em relação ao sistema público de saúde, nesta sexta-feira (12/3) a taxa de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) destinados ao atendimento de pacientes com Covid-19 na Grande São Paulo é de 89,4%.
Já na última quinta (11/3), o índice de isolamento social na cidade de São Paulo foi de 41%. A medida é considerada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e autoridades sanitárias a principal forma de contenção da pandemia do novo coronavírus.
A aferição do isolamento é feita pelo Sistema de Monitoramento Inteligente do Governo de São Paulo, que utiliza dados fornecidos por empresas de telefonia para medir o deslocamento da população e a adesão às medidas estabelecidas pela quarentena no Estado.
ATUAÇÃO DO MUNICÍPIO
Na próxima semana, entre segunda (15/3) e sexta-feira (19/3), a Prefeitura de São Paulo realiza blitzes educativas com enfoque na prevenção da Covid-19. A medida tem caráter preventivo e também é uma forma de conscientizar a população sobre os riscos da doença.
As ações de conscientização contarão com a participação da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), GCM (Guarda Civil Metropolitana) e do Comando de Policiamento de Trânsito da Polícia Militar.
As intervenções possibilitam a exibição de mensagens por profissionais de saúde aos motoristas, lembrando sobre as medidas essenciais para prevenir a disseminação da doença. A CET também colocará um painel móvel em cada um dos locais com a mensagem “previna-se do coronavírus, use máscara sempre”.
As blitzes educativas ocorrerão das 7h às 9h nas seguintes vias:
– Segunda-feira (15/3) – Estrada do Lageado Velho, nº 1013 X Estrada Dom João Nery – Zona Leste;
– Terça-feira (16/3) – Av. Corifeu de Azevedo Marques X Av. Escola Politécnica – Zona Oeste;
– Quarta-feira (17/3) – Av. Jabaquara X Rua Fagundes Dias – Zona Sul;
– Quinta-feira (18/3) – Rua Pedroso X Rua Maestro Cardim – Centro;
– Sexta-feira (19/3) – Na rotatória entre a Av. Antonio César Neto, Av. Paulo Lincoln do Valle Pontin e Rua Francisca Espósito Tonetti – Zona Norte.
AÇÕES E ATITUDES
Conduzido na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), um estudo demonstrou que compostos produzidos pela microbiota intestinal a partir da quebra de fibras alimentares não interferem na entrada ou replicação do novo coronavírus no intestino.
Mas, embora o tratamento de células in vitro com essas moléculas não tenha apresentado relevância para a infecção local do tecido, ele reduziu a expressão de um gene importante para a entrada viral nas células e de um receptor de citocina que favorece a inflamação. Os dados foram publicados na revista Gut Microbes.
Sintomas gastrointestinais como diarreia, vômito e dor abdominal podem acometer até 50% dos pacientes de Covid-19 e 17,6% dos casos graves. Essas alterações estão em parte associadas à entrada do vírus nas células intestinais e a alterações de suas funções normais.
Além disso, estudos recentes indicam que indivíduos acometidos pela doença apresentam modificações importantes da microbiota intestinal, incluindo diminuição de bactérias que produzem ácidos graxos de cadeia curta – moléculas que regulam as células intestinais e de defesa do organismo.
Por conta disso, os pesquisadores testaram se esse tipo de ácido graxo teria efeito direto na infecção de células intestinais pelo novo coronavírus. Outros trabalhos já indicavam que a alteração na microbiota intestinal e em seus produtos poderia modificar a resposta imune durante o quadro infeccioso.
No trabalho mais recente, amostras saudáveis de tecido do colón intestinal e de células epiteliais da mesma região foram infectadas com o novo coronavírus em laboratório e analisadas em seguida. Conforme mostraram os resultados, não houve diminuição da quantidade de vírus, que foi a mesma tanto nas células e tecidos tratados com os ácidos graxos de cadeia curta quanto nas amostras que não receberam o tratamento.
No entanto, as amostras de biópsias intestinais tratadas apresentaram queda significativa na expressão do gene DDX58 (receptor do sistema imune inato que detecta ácidos nucleicos virais e ativa uma cascata de sinalização que resulta na produção de citocinas pró-inflamatórias) e do receptor de interferon-lambda, que medeia a atividade antiviral. Também ficou menos expressa a proteína TMPRSS2, importante para a entrada do vírus nas células, apontam os autores do estudo.
Os pesquisadores coletaram amostras de tecido do cólon de 11 pacientes sem Covid-19. Os testes foram realizados também em células epiteliais intestinais, que formam a parte mais superficial do intestino e ficam em contato próximo com a microbiota intestinal. Tanto as amostras de tecido quanto as células foram infectadas em laboratório com o novo coronavírus.
Os tecidos e as células foram tratados com uma mistura de acetato, propionato e butirato, compostos obtidos no intestino por meio da metabolização, pela microbiota intestinal, dos ácidos graxos de cadeia curta presentes nas fibras alimentares. O tratamento não alterou a carga viral das biópsias intestinais nem das células. Não houve, tampouco, mudanças na permeabilidade e integridade das paredes celulares.
Os autores do estudo indicam que isso não exclui a possibilidade de os ácidos graxos de cadeia curta terem uma ação significativa na infecção pelo novo coronavírus. Eles argumentam que talvez os efeitos antivirais dependam das interações com outras células do organismo. A hipótese continuará sendo investigada, agora em modelos animais, pois é possível que a ação desses compostos na infecção dependa de um sistema mais completo do que aqueles que foram utilizados (células e tecidos isolados) in vitro.
*Ouça abaixo a versão podcast do boletim Coronavírus