São Paulo anuncia retomada gradual de atividades presenciais em todo o Estado
A partir deste sábado (17/4) o Estado de São Paulo entrará na Fase de Transição do Plano SP, com a reabertura escalonada de diferentes setores sociais e da economia em todo o território paulista. O anúncio dessa nova fase, que inicialmente deve durar duas semanas, ocorreu em coletiva nesta sexta-feira (16/4) no Palácio dos Bandeirantes.
A Fase de Transição está dividida em duas etapas, com a retomada da atividade comercial sendo autorizada na primeira semana e a volta do setor de serviços na segunda semana. O objetivo é promover um retorno seguro e gradativo das atividades presenciais, com medidas que evitem aglomerações e possibilitem o respeito ao distanciamento social.
Todos os setores autorizados a voltar deverão operar com limite máximo de 25% da capacidade de ocupação e terão de aplicar protocolos sanitários rigorosos. Assim, na primeira etapa, de 18 a 23 de abril, está autorizada a retomada presencial das atividades comerciais, como em lojas e shoppings, das 11h às 19h, bem como das atividades religiosas em igrejas e templos, com restrições.
Já na segunda etapa, de 24 a 30 de abril, deverá ser retomado o setor de serviços. As academias estarão autorizadas a funcionar das 7h às 11h e das 15h às 19h. Salões de beleza e barbearias, atividades e estabelecimentos culturais (como parques, clubes e museus), além de restaurantes e similares, poderão funcionar das 11h às 19h.
Importante destacar que, durante a Fase de Transição, a função bar continua proibida nos estabelecimentos comerciais autorizados a abrirem, como restaurantes e similares. Dessa forma, só poderá haver consumo de bebidas alcoólicas nos estabelecimentos cujos CNPJs tenham autorização e ofereçam refeições aos consumidores.
Apesar da retomada, ainda serão mantidas diversas medidas restritivas já vigentes. Continuarão válidos o toque de recolher das 20h às 5h; o teletrabalho para as atividades administrativas não essenciais; e o escalonamento do horário de entrada e saída de atividades do comércio, serviços e indústrias. A Fase de Transição é válida para todas as regiões do Estado.
“A ideia da criação desta Fase de Transição é justamente para que a gente possa dar passos seguros adiante, sem o risco de retrocedermos, contando com o apoio da população nesse novo momento da epidemia em São Paulo”, explicou o vice-governador Rodrigo Garcia.
De acordo com o Governo de São Paulo, a melhoria nos índices da pandemia no território paulista, como a diminuição no número de novos casos e nos índices de ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e enfermaria para Covid-19, possibilitou a implementação das novas medidas de reabertura anunciadas nesta sexta.
MAIS SOBRE O NOVO CORONAVÍRUS
Segundo dados mais recentes sobre a pandemia do novo coronavírus publicados pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, nesta sexta-feira (16/4) a capital paulista contabilizava 25.265 vítimas da Covid-19.
Havia, ainda, 774.049 casos confirmados de infecções pelo novo coronavírus. Desde o início da pandemia, 1.154.550 pessoas haviam recebido alta após passar pelos hospitais de campanha, da rede municipal, contratualizados e pela atenção básica do município.
Abaixo, gráfico detalhado sobre os índices da Covid-19 na cidade de São Paulo.
Em relação ao sistema público de saúde da região metropolitana de São Paulo, a atualização mais recente destaca que, nesta sexta (16/4), a taxa de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) destinados a pacientes com Covid-19 é de 83,3%.
Considerado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e autoridades sanitárias a principal forma de contenção da pandemia do novo coronavírus, o isolamento social na cidade de São Paulo, na última quinta-feira (15/4), foi de 41%.
Os dados são do Sistema de Monitoramento Inteligente do Governo de São Paulo, que utiliza dados fornecidos por empresas de telefonia para medir o deslocamento da população e a adesão às medidas estabelecidas pela quarentena no Estado.
ATUAÇÃO DO MUNICÍPIO
A partir da próxima segunda-feira (19/4), começa na capital a vacinação do grupo prioritário formado por trabalhadores dos serviços da área de saúde com 47, 48 e 49 anos. Este público-alvo é de cerca de 40 mil pessoas.
Segundo as regras dos programas nacional, estadual e municipal de imunização, trabalhadores dos serviços de saúde são todos aqueles que atuam em espaços e estabelecimentos de assistência e vigilância à saúde, sejam eles hospitais, clínicas, ambulatórios, laboratórios e outros locais.
Assim, poderão ser imunizados médicos; enfermeiros/técnicos e auxiliares; nutricionistas; fisioterapeutas/ terapeutas ocupacionais; biólogos; biomédicos/técnicos de laboratório que façam coleta de RT-PCR do novo coronavírus e análise de amostra de Covid-19; farmacêuticos/técnico de farmácia; odontólogos/auxiliares de saúde bucal/técnicos de saúde bucal; fonoaudiólogos; psicólogos; assistentes sociais; profissionais da educação física; e médicos veterinários.
Toda a rede de vacinação da cidade, inclusive as 468 UBSs (Unidades Básicas de Saúde), está disponível aos públicos elegíveis da campanha, o que inclui pessoas de grupos prioritários anteriores que ainda não iniciaram ou completaram o esquema vacinal.
É recomendado que as pessoas busquem a vacina de maneira gradual, evitando aglomerações nos postos da capital e preenchendo o pré-cadastro no site Vacina Já para agilizar em até 90% o tempo de atendimento para imunização.
Importante destacar que, mesmo após a vacinação, as pessoas devem manter as regras de distanciamento social, uso de máscaras e lavagem/higienização constante das mãos. O uso de álcool em gel também segue indispensável.
AÇÕES E ATITUDES
Desenvolvido pela empresa paulista Timpel, um tomógrafo por impedância elétrica ajudou médicos do Massachusetts General Hospital, em Boston, nos Estados Unidos, a reduzir em 80% a necessidade de pacientes com insuficiência respiratória aguda internados na instituição e com indicação de terapia de ECMO (oxigenação por membrana extracorpórea) a serem submetidos ao tratamento, popularmente conhecido como “pulmão artificial” e adotado hoje em casos muito graves de Covid-19.
Os resultados do estudo foram descritos em artigo publicado na revista Respiratory Care. O tomógrafo por impedância elétrica, desenvolvido pela empresa com apoio do PIPE-FAPESP (Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), permite que equipes médicas monitorem ininterruptamente e de forma não invasiva, à beira do leito, a condição do pulmão de pacientes com insuficiência respiratória. Desse modo, é possível otimizar a ventilação mecânica com o objetivo de reduzir complicações e lesões pulmonares e evitar o prolongamento desnecessário do procedimento.
Conforme apontam os pesquisadores, a ventilação mecânica é complexa, não intuitiva e apresenta vários perigos que não são visíveis à beira do leito. Além disso, as respostas dos pacientes são muito heterogêneas. Isso porque a evolução dos pacientes durante a intubação é lenta e a estratégia de ventilação mecânica adotada em um caso pode não funcionar em outro.
Por isso, é muito importante a equipe médica ter indicadores individualizados para visualizar a condição do pulmão de um paciente para realizar a ventilação mecânica adequadamente, com a finalidade de diminuir o tempo de dependência e, consequentemente, os efeitos colaterais da intubação.
E o tomógrafo auxilia nesse processo, pois faz a avaliação da resistência à passagem de uma corrente elétrica (a impedância), que varia substancialmente devido ao ar nos pulmões, na medida em que o paciente inspira e expira. Por meio de uma cinta com 32 eletrodos, o equipamento emite uma corrente elétrica de baixa intensidade ao redor do tórax do paciente – similar à corrente elétrica utilizada em exames de eletrocardiograma.
À medida que atravessa o tórax e encontra diferentes resistências no percurso, a corrente elétrica indica a região dos pulmões por onde o ar está circulando. Com base na impedância medida na superfície do tórax são geradas 50 imagens por segundo, que representam a distribuição e a dinâmica de insuflação do pulmão, fornecendo uma informação vital ao médico, em tempo real, à beira do leito.
Um software integrado ao equipamento, desenvolvido durante o projeto apoiado pelo PIPE-FAPESP, permite à equipe médica avaliar a melhor estratégia de ventilação protetora para o paciente.
Com o auxílio do equipamento, a equipe médica do Massachusetts General Hospital desenvolveu estratégias de ventilação mecânica individualizada para 15 pacientes com insuficiência respiratória aguda internados na instituição e com indicação de ECMO.
Por meio de manobras de ventilação mecânica visualizadas por meio do tomógrafo, eles conseguiram que apenas dois dos 15 pacientes com indicação de ECMO fossem submetidos ao procedimento, em que o sangue do paciente circula fora do corpo, por meio de cânulas, passa pela bomba e membrana de um equipamento que funciona como um pulmão artificial e retorna oxigenado para o corpo.
A mesma equipe médica do hospital americano relatou em outro estudo, publicado no início de 2020 na revista Critical Care, ter conseguido também com base na ventilação mecânica individualizada visualizada pelo tomógrafo desenvolvido pela Timpel reduzir pela metade o risco de morte de pacientes obesos e com insuficiência respiratória aguda que necessitaram ser intubados.
*Ouça abaixo a versão podcast do boletim Coronavírus