Testes da CoronaVac começam dia 20 de julho em São Paulo
O governo de São Paulo vai iniciar a fase 3 de teste em humanos da vacina contra o novo coronavírus, chamada de CoronaVac, no dia 20 de julho, após autorização da Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária). O anúncio foi feito pelo governador do Estado, João Dória (PSDB), em coletiva a imprensa nesta segunda-feira (06/7). Participam da testagem, nesse primeiro momento, apenas profissionais da saúde. As inscrições podem ser feitas a partir do dia 13 de julho em aplicativo digital do Instituto Butantan.
Os voluntários serão selecionados entre profissionais de saúde, da rede pública ou privada, com mais de 18 anos, que não tenham tido Covid-19 e que não estejam em teste para outras vacinas Foram estabelecidos alguns critérios para a participação, como não serem portadores de doenças instáveis [que afetem a resposta imune], distúrbios de coagulação e, as mulheres não poderão estar grávidas ou planejar uma gravidez pelos próximos três meses.
Segundo Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, esta terceira etapa, chamada clínica, é voltada para a testagem em humanos. O laboratório chinês, desenvolvedor da vacina, já realizou testes do produto em cerca de mil voluntários na China, nas fases 1 e 2. Antes, o modelo experimental aplicado em macacos apresentou resultados expressivos em termos de resposta imune contra as proteínas do vírus.
“A fase 2 [de testes clínicos, feito na China] demonstrou a segurança e a eficácia da vacina. Após 14 dias da segunda vacinação, mais de 90% das pessoas vacinadas desenvolveram proteção. Então é uma vacina que tem um perfil de proteção elevado”, explicou.
Em todo país, serão realizados testes em nove mil voluntários de seis estados brasileiros: São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná. A pesquisa clínica será coordenada pelo Instituto Butantan e o custo da testagem é de R$ 85 milhões, custeados pelo governo.
A vacina é inativada, ou seja, contém apenas fragmentos do vírus, inativo. Com a aplicação da dose, o sistema imunológico passaria a produzir anticorpos contra o agente causador da Covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus. No teste, metade das pessoas receberão a vacina e metade receberá placebo, substância inócua. Os voluntários não saberão o que vão receber.
ETAPAS DA TESTAGEM
O desenvolvimento de uma vacina é feito em etapas. A primeira delas é a fase laboratorial, onde é feito a avaliação de qual a melhor composição para a vacina. A segunda etapa, chamada de pré-clínica, é a de testes em animais. A terceira etapa é a chamada fase clínica, de testes em humanos.
Essa terceira etapa é dividida em três fases. As fases 1 (inicial, que avalia se a vacina é segura) e 2 (que conta com uma maior quantidade de voluntários e avalia a eficácia do produto) já foram realizadas na China, com sucesso. Agora a vacina está entrando na fase 3, que é um estudo populacional, que começa no dia 20 de julho.
“Na fase inicial [da vacina] foram feitos estudos em macacos. Os resultados foram publicados na revista científica Science. A fase 1 [de testagem clínica] contou com 144 voluntários [chineses] e, a fase 2, com 600 voluntários na China. E a fase 3 será agora feita no Brasil”, explicou Dimas Covas.
Caso os testes feitos com esses nove mil voluntários, na fase 3, se mostrem positivos, a vacina entrará na etapa de registro junto à Anvisa e então começará a ser produzida em larga escala. A expectativa do Instituto Butantan é de que a vacina poderá estar disponível para a população em junho de 2021. “Comprovada a eficácia e segurança da vacina, o Instituto Butantan terá o domínio da tecnologia e ela poderá ser produzida em larga escala no Brasil para fornecimento ao SUS [Sistema Único da Saúde] de forma gratuita até junho de 2021”, explicou o governador de São Paulo.
VACINA REINO UNIDO
Esta é a segunda vacina que está sendo testada no Brasil. A primeira é a que está sendo produzida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, e iniciou sua pesquisa clínica no País no fim de junho. A solução, denominada ChAdOx1 nCoV-19, é uma das 141 candidatas cadastradas na OMS (Organização Mundial de Saúde) e está entre as 13 que já estão em fase clínica de testes em humanos no mundo.
Os testes da vacina em São Paulo estão sendo coordenados pelo CRIE (Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais) da UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo). Segundo informações da Universidade de Oxford, pelo menos 5 mil profissionais da saúde participarão das testagens no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Fontes: Agência Brasil, Governo de São Paulo, Anvisa