Vacina produzida em parceria com o Instituto Butantan é segura, aponta estudo com 50 mil voluntários
Resultados de uma pesquisa com 50.027 voluntários na China, divulgados nesta quarta-feira (23/9) pelo Governo do Estado, demonstram que a vacina Coronavac, desenvolvida pelo Instituto Butantan, na capital paulista, em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac Life Science, é segura e não apresentou reações adversas significativas.
Do acordo as informações fornecidas, do total de voluntários, 94,7% não tiveram nenhuma reação adversa. Outros 5,36% sentiram efeitos adversos de grau baixo, como dor no local da aplicação, febre moderada e perda de apetite.
Em nova etapa para o desenvolvimento do imunizante, começaram na China os testes em crianças e idosos. Entre as pessoas com mais de 60 anos, a vacina foi aplicada em 422 voluntários e os resultados apontaram 97% de eficácia. Os estudos em crianças têm 552 voluntários de 3 a 17 anos e os resultados ainda serão divulgados.
No Brasil, os testes clínicos estão sendo realizados desde o dia 21 de julho e a vacina já foi aplicada em quase 5.600 voluntários, sem nenhum registro de reação adversa grave. Eles são acompanhados por 12 Centros de Pesquisa distribuídos por 5 Estados brasileiros, mais o Distrito Federal.
A expectativa, também informada nesta quarta-feira pelo Instituto Butantan, é que ainda neste ano, haja a participação de crianças e adolescentes brasileiros nos estudos sobre a vacina, como já acontece na China.
Caso os resultados dos estudos continuem apontando a segurança da vacina, até dezembro o Instituto Butantan receberá 46 milhões de doses da Coronavac, sendo 6 milhões de doses do imunizante já pronto para aplicação. Outras 15 milhões de doses devem chegar até fevereiro de 2021.
A vacina desenvolvida pela Sinovac Life Science é considerada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) uma das mais promissoras do mundo. O imunizante utiliza tecnologia já conhecida e amplamente aplicada em outras vacinas pelo Instituto Butantan.
MAIS SOBRE O CORONAVÍRUS
De acordo com boletim diário desta quarta-feira (23/9) publicado pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo sobre a pandemia do novo coronavírus (causador da Covid-19), a capital paulista contabiliza 12.463 vítimas da doença.
Há, ainda, 321.633 casos confirmados de infecções pelo novo coronavírus e 387.648 casos suspeitos sob monitoramento. Até o momento, 436.954 pessoas receberam alta após passar pelos hospitais de campanha, da rede municipal, contratualizados e pela atenção básica do município.
Abaixo, gráfico detalhado sobre os índices da Covid-19 na cidade de São Paulo nesta quarta-feira.
Em relação ao sistema de saúde pública na Grande SP, nesta quarta-feira a taxa de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) destinados ao atendimento de pacientes com Covid-19 é de 46,1%.
Na última terça-feira (23/9), o índice de isolamento social na cidade de São Paulo foi de 43%. A medida é considerada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e autoridades sanitárias a principal forma de contenção da pandemia do novo coronavírus.
A aferição do isolamento é feita pelo Sistema de Monitoramento Inteligente do Governo de São Paulo, que utiliza dados fornecidos por empresas de telefonia para medir o deslocamento da população e a adesão às medidas estabelecidas pela quarentena no Estado.
Ainda em relação à situação da pandemia, nesta quarta-feira a administração estadual vetou o retorno parcial de público aos estádios de futebol do Estado, inclusive na capital paulista, nas partidas de qualquer competição disputada por clubes ou seleções. A possibilidade foi barrada devido ao alto risco de aglomerações e disseminação do novo coronavírus dentro e fora de arenas nos dias de jogos.
A medida vem após o Ministério da Saúde atender na última terça-feira (22/9) pedido da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e autorizar o retorno do público aos jogos do Campeonato Brasileiro, com limite máximo de 30% da capacidade dos estádios. Apesar do parecer favorável, o Governo Federal condicionou a medida a regulações sanitárias e protocolos de segurança determinados por Estados e prefeituras.
Pela proposta da CBF, os principais times da capital paulista poderiam mobilizar entre 15 mil a 20 mil torcedores por partida, inviabilizando o controle de aglomerações e o distanciamento social em ruas, estabelecimentos comerciais e espaços de alimentação em barracas de vendedores ambulantes no entorno dos estádios.
Segundo o Governo do Estado, todos os 645 municípios paulistas estão na fase amarela do Plano São Paulo de retomada econômica e enfrentamento à Covid-19 e um eventual retorno do público aos estádios de futebol também iria contra as próprias regras sanitárias determinadas pela administração estadual.
AÇÕES E ATITUDES
Na próxima quinta-feira (24/9), às 17h, acontece o 3º Webinar Agência FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e Canal Butantan, que debaterá o impacto da pandemia de Covid-19 entre idosos.
Com o título “COVID-19, 60+: que epidemia é essa?”, o evento vai apresentar os resultados de estudo soroepidemiológico realizado em instituições de longa permanência e os avanços de outras pesquisas em andamento. Também serão debatidos os riscos da doença entre a população com mais de 60 anos.
De acordo com o estudo, a soroprevalência para Covid-19 por teste sorológico rápido variou entre as 15 instituições participantes e confirmou a vulnerabilidade das pessoas institucionalizadas para a doença. O inquérito soroepidemiologico foi realizado com uma população de 209 idosos entre 22 de junho e 8 de julho.
Participarão do webinar Dimas Tadeu Covas, diretor do Instituto Butantan e professor da FMRP-USP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo), e de Alexander Precioso, diretor do Centro de Farmacovigilância, Segurança Clínica e Gestão de Risco do instituto.
O evento contará ainda com a participação de Paulo Villas Bôas, pesquisador e professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista), Paulo Rossi Menezes, da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, e de Yeda Duarte, coordenadora do SABE (Estudo Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento), sobre as condições de vida e saúde dos idosos residentes no município de São Paulo.
Mayana Zatz, coordenadora na USP (Universidade de São Paulo) do CEGH-CEL (Centro de Estudos do Genoma Humano e de Células-Tronco), apresentará a conclusão de estudos, iniciados nos anos 2000, que levaram à criação do maior banco genômico da América Latina de população idosa. No âmbito da pesquisa que tem como foco o envelhecimento saudável, Zatz investiga por que grupos de idosos nonagenários e centenários têm resistência à infecção pelo novo coronavírus.
O encontro será transmitido pelo Canal Butantan no YouTube. Não há necessidade de inscrição prévia e as perguntas poderão ser enviadas pelo chat do canal.