Cuidados com a saúde mental devem ser prioridade durante o isolamento social

Mesmo necessário, o isolamento social também traz consequências negativas, principalmente à saúde mental, como o aumento da pressão psicológica e do estresse em grande parte da população afetada, causados pelas incertezas quanto ao fim da pandemia e ao restabelecimento de uma rotina normal de vida.

Para lidar com esse problema, autoridades em saúde pública de todo o mundo têm dado dicas e alertado para a importância dos cuidados com a saúde mental durante a quarentena.

O Departamento de Saúde Mental da OMS, inclusive, lançou um guia compilado (que pode ser lido na íntegra neste link), dirigido a diferentes grupos, com orientações relativas ao tema. Abaixo, listamos algumas delas.

ORIENTAÇÕES GERAIS

– Demonstre empatia com todos os afetados em qualquer país. O novo coronavírus deve afetar pessoas em muitos países e regiões e não existe nenhuma relação da doença com uma etnia ou nacionalidade. As pessoas infectadas não fizeram nada errado e merecem nosso apoio, compaixão e gentileza;

– Reduza a leitura ou o contato com notícias que podem causar ansiedade ou estresse. Procure notícias e atualizações uma ou duas vezes ao dia evitando o “bombardeio desnecessário” de informações. A enxurrada de notícias sobre um surto pode levar qualquer pessoa à preocupação;

– Busque informação apenas de fontes fidedignas, como a Organização Mundial da Saúde ou autoridades locais, e dê passos práticos para preparar seus planos, proteger-se e à sua família. Informe-se com os fatos e não com boatos ou informações erradas. Os fatos ajudam a minimizar o medo;

– Projeta a si próprio e apoie os outros ajudando-os em seus momentos de necessidade. A assistência ao próximo em seu momento de carência pode ajudar tanto quem recebe o apoio como quem dá o auxílio. Um exemplo: telefone para seus vizinhos ou pessoas em sua comunidade que precisam de auxílio extra. A atuação conjunta, em comunidade, pode ajudar a criar solidariedade e a enfrentar o Covid-19.

CRIANÇAS

– Ajude as crianças a expressarem, de forma positiva, seus medos e ansiedades. As crianças se sentem melhor e mais aliviadas quando podem comunicar os sentimentos num ambiente de apoio. Lembre-se que cada criança tem sua própria maneira de fazê-lo e, algumas vezes, atividades criativas, jogos e desenhos podem ajudar;

– Em estresses e crises é normal crianças buscarem e exigirem mais dos pais. Fale com seus filhos sobre o coronavírus de forma honesta e apropriada à idade deles. Se as crianças tiverem preocupações, o fato de conversar sobre o assunto pode ajudar a baixar a ansiedade delas. O diálogo pode auxiliá-las a criar mecanismos para lidar com as próprias emoções da melhor forma nesses momentos difíceis;

– Mantenha as crianças perto de seus pais e familiares caso seja seguro para elas. Evite a separação deles. Caso uma criança tenha que ser retirada de seus pais ou tutores, certifique-se de que durante o tempo da separação o contato com eles seja regular;

– Mantenha as rotinas familiares sempre que possível e crie novas rotinas principalmente com as crianças em casa. Pense em atividades lúdicas e pedagógicas para fazer com elas. Sempre que possível, incentive as crianças a continuarem brincando e se socializando com os outros, mesmo que somente na família por causa do distanciamento social no momento.

IDOSOS

– Idosos, especialmente em isolamento social e aqueles com problemas cognitivos (como demência) podem se tornar ansiosos, estressados, com raiva, agitados e distanciados durante a quarentena. Ofereça a eles apoio emocional por meio de redes familiares ou de agentes de saúde;

– Partilhe fatos simples sobre o que está acontecendo com informações claras a respeito da redução de riscos e infecções em palavras compreensíveis para quem tem barreiras de entendimento. Repita a informação sempre que necessário. As instruções precisam ser claras, concisas e respeitar a individualidade do idoso;

– Se o idoso tem alguma doença ou síndrome, certifique-se de que seus medicamentos estão disponíveis para uso. Mantenha um grupo ou rede de contatos para pedir ajuda caso necessário;

– Aprenda, ensine e estimule o idoso a realizar exercícios físicos simples, que podem ser realizados em casa, durante o isolamento e a quarentena, para não reduzir sua mobilidade;

– Mantenha rotinas e tarefas diárias regulares ao idoso sempre que possível, como limpeza, canto, pinturas, entre outras, e crie novas atividades em um ambiente diferente. Estimule o contato do idoso com entes queridos, ainda que por telefone.

PESSOAS EM ISOLAMENTO

– Fique em contato e mantenha uma rede ativa de amigos e conhecidos. Ainda que isolado, tente ao máximo manter sua rotina e crie novas. Se as autoridades de saúde recomendaram distância física para conter o surto, você pode manter a proximidade digital com e-mails, redes sociais, telefone, teleconferências, etc;

– Durante esse período de estresse, esteja atento a seus sentimentos e demandas internas. Envolva-se com atividades saudáveis e aproveite para relaxar. O exercício constante, o sono regular e uma dieta balanceada ajudam. Mantenha tudo em perspectiva e seja otimista.

DISCIPLINA E NOVAS DESCOBERTAS

Já o Instituto de Psiquiatria Paulista aconselha a população a se reinventar com atividades em família e descobertas de formas diferentes de lazer.

Para quem está em home office, o conselho é disciplina, manter a rotina de antes para não se atrapalhar nos horários. “Acorde, tome seu banho e seu café, coloque uma roupa e eleja um cantinho do trabalho. Tire suas pausas para descanso, separe seus horários de almoço e saiba a hora de acabar o expediente. Evite trabalhar do quarto e faça pausas entre uma atividade e outra”.

Fontes: OMS (Organização Mundial da Saúde), Instituto de Psiquiatria Paulista