COORDENADORES:
Prof. Dr. Alexsandro Santos (Escola do Parlamento)
Prof. Cleber Ribeiro de Souza (IPAD-Seja Democracia)
TIPO DE EVENTO: Seminário
JUSTIFICATIVA:
A construção e o desenvolvimento da modernidade ocidental encontram no binômio cidadania-democracia um dos seus pilares fundamentais. Tal conexão está relacionado a produção de uma noção de ‘contrato social’, de natureza política, forjado tanto no campo da filosofia política quanto na própria produção das institucionalidades dos Estados Modernos.
Ocorre que, ao produzir o binômio cidadania-democracia, a modernidade sustentou a possibilidade da existência de um território em que essa identidade e essa relação política eram válidas (o território metropolitano) e outro território em que essa identidade e essa relação política não eram válidas (o território colonial/colonizado).
Assim, a democracia liberal e a cidadania moderna permitiu (e, mais do que isso, ordenou) um avesso de seus princípios, no qual determinados sujeitos e determinadas nações eram excluídas de sua abrangência e de seu lado luminoso.
Além dessa cisão territorial, também foram evidentes na construção da cidadania e da democracia liberal tipicamente modernas, a negação do status de cidadão às mulheres, às populações africanas ou afrodiaspóricas e aos povos originários da América. Também estavam alijados da plenitude da cidadania e da democracia os pobres e a classe trabalhadora.
Assim, a democracia liberal e o estatuto jurídico da cidadania sustentaram também um contrato de dominação de classe (cf. T.S. Marshall), de dominação sexual ou de gênero (cf. Carole Pateman) e um contrato de dominação racial (cf. Charles W. Mills).
A democracia brasileira, produzida basicamente no século XX, é atravessada por essas três marcas excludentes do projeto de cidadania moderno. E, para desfazer essa conexão perversa, é fundamental enfrentar e discutir o patrimonialismo, o racismo estrutural e o machismo/patriarcado como forças organizadoras da desigual distribuição do poder político e dos direitos da cidadania.
Este percurso formativo está orientado nessa perspectiva e nasce de uma parceria estabelecida entre o Instituto de Pensamentos e Ações em defesa da Democracia – IPAD e a Escola do Parlamento.
Desta forma, o objetivo central da parceria é, por meio de um consistente percurso formativo, ampliar os espaços de formação e de mobilização pela defesa da democracia e da república brasileira, de corpos que foram excluídos até então do projeto de cidadania moderno. O percurso terá como princípio a radicalização da democracia e da república brasileira, no sentido de focalizar potentes caminhos para a superação da desigualdade estrutural, representados pelas formas patriarcais, patrimonialistas e racistas que a sustentam.
OBJETIVOS:
Espera-se que, ao final das atividades previstas nessa iniciativa, os participantes tenham ampliado sua capacidade de:
- Identificar, analisar e compreender as limitações, atravessamentos e desafios que o racismo estrutural e a estrutura patriarcal de poder, como pilares da modernidade ocidental, atravessam a qualidade da democracia no Brasil;
- Identificar, analisar e compreender a sub-representação, o silenciamento e a negação da participação de mulheres e homens negros nos espaços de poder e decisão da democracia no Brasil;
- Refletir, dialogar e elaborar sentidos e significados em relação aos impactos do racismo estrutural e da relação patriarcal de poder na construção das subjetividades políticas das pessoas negras e das mulheres no Brasil;
- Construir alternativas para ampliar a participação de pessoas negras e de mulheres na democracia e nos espaços de decisão política.
EMENTA:
- Patrimonialismo, classe e aporofobia no pensamento e nas instituições políticas do Brasil;
- Raça, Racismo Estrutural e Contrato Racial de Dominação na Democracia Liberal;
- Patriarcalismo, opressão de gênero e presença das mulheres na arena democrática brasileira;
- Qualidade da democracia, racismo estrutural e estrutura patriarcal;
- Partidos políticos e (sub)representação racial e de gênero;
- Instituições e (sub)representação racial e de gênero;
- A luta e o ativismo de mulheres e da população negra em defesa da democracia;
METODOLOGIA
- Três Seminários Formativos, cada um composto por três encontros virtuais, nos quais serão convidados professores externos e especialistas em cada um dos temas, sob a mediação da equipe do Instituto de Pensamentos e Ações pela Democracia.
PÚBLICO ALVO: Público em geral
VAGAS: 500
CERTIFICADOS:
Os participantes serão certificados se cumprirem as seguintes exigências:
- Frequência: 6 dos 9 encontros;
- Realização da atividade de avaliação final.
1° SEMINÁRIO: ENFRENTANDO O PATRIMONIALISMO NA DEMOCRACIA BRASILEIRA
DATA | TEMA | CONVIDADOS |
19/03
Horário: 13h às 15h |
A Elite do Atraso e o Patrimonialismo Brasileiro
( Clique aqui para assistir novamente) |
Prof. Dr. Jessé de Souza
Mediação: Prof. Dr. Alexsandro Santos Apresentação do curso: Prof. Cleber Ribeiro |
27/03
Horário: 14h às 16h |
Desafios de uma sociedade patrimonialista
(Clique aqui para assistir novamente) |
Eduardo Marinho
Mediação: Prof. ME. Auta Azevedo |
10/04
Horário: 14h às 16h |
Corpos dissidentes na ruptura do Patrimonialismo Brasileiro.
(Clique aqui para assistir novamente) |
Prof. Dr. Dani Balbi
Mediação: Prof. Douglas Vina |
2° SEMINÁRIO: RACISMO ESTRUTURAL – O LIMITE DA DEMOCRACIA BRASILEIRA
DATA | TEMA | CONVIDADOS |
17/04
Horário: 14h às 16h |
Racismo: entre a cultura e a estrutura os limites/desafios da democracia brasileira.
(Clique aqui para assistir novamente) |
Prof. Dr. Valter Roberto Silvério |
24/04
Horário: 14h às 16h |
Lideranças negras na política institucional
(Clique aqui para assistir novamente) |
Maiara Felicio Jesus dos Santos |
08/05
Horário: 14h às 16h |
Os limites e desafios da democracia brasileira
(Clique aqui para assistir novemente) |
Sônia Abiké |
3° SEMINÁRIO: PATRIARCADO E DOMINAÇÃO DE GÊNERO – A CENTRALIDADE DOS CORPOS FEMININOS NA DEMOCRACIA BRASILEIRA
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