Como auxiliar mulheres vítimas de violência doméstica em época de isolamento social

Por Kamila Marinho | 18/08/2020

Se você quer ajudar uma amiga, conhecida ou mesmo uma vizinha em situação de violência doméstica, é preciso, antes de tudo, acolher. Compreender a vítima é o primeiro passo para ajudá-la.

Diversos motivos podem prender uma mulher nessa armadilha, como a dependência financeira e o medo de prejudicar os filhos. Porém, a questão emocional tende a pesar mais. O agressor desqualifica a vítima constantemente até convencê-la de que ela jamais teria outro parceiro. Com a autoestima baixa, ela não consegue se imaginar em um relacionamento saudável e acaba aceitando a situação.

Especialistas destacam a importância de uma abordagem respeitosa na hora de conversar com uma vítima desse tipo de violência. É preciso ter cuidado para não culpabilizá-la.

Incentivar a procurar ajuda especializada mesmo sem sair de casa

É importante falar que ela vai encontrar amparo nas Delegacias de Mulheres. Procurar a polícia não serve só para responsabilizar o agressor, mas principalmente para proteger a mulher. Atualmente é possível registrar casos de violência doméstica e familiar contra a mulher pela internet, por meio da Delegacia Eletrônica. O atendimento digital da Polícia Civil do Estado de São Paulo foi ampliado e agora, além de fazer o boletim de ocorrência on-line, as vítimas desse tipo de violência também podem solicitar medidas protetivas sem sair de casa. Para facilitar o acesso à ferramenta e orientar as mulheres, a instituição elaborou um manual virtual com o passo a passo para comunicar crimes dessa natureza à Polícia, bem como pedir medidas para garantir a segurança em relação aos agressores.

Se a vítima for próxima

Profissionais da ONU (Organização das Nações Unidas) orientam quem quer auxiliar nesse momento delicado de abordagem. Se a vítima de violência nunca abordou a questão com você, indicar uma série ou filme que trate do tema pode ser um bom jeito de chamar a atenção para o problema e estimulá-la a comentar algo. Usar um exemplo hipotético para puxar conversa também pode ajudá-la a se identificar e se abrir com você.

Quando confrontada, a vítima tende a se afastar de quem tentou chamar sua atenção para o problema. Para evitar uma situação desconfortável, ao invés de dizer “vamos lá na delegacia agora”, pergunte “o que você pensa sobre denunciar? O que acha que pode acontecer? ”. Acolha!

É importante que a vítima conheça seus direitos. Assim como uma agressão física, a violência psicológica que baixa a autoestima da mulher e até a violência patrimonial (sumir com documentos ou cartões de crédito da mulher, por exemplo) configuram violência doméstica. A maioria das mulheres sofre calada.

Pela Lei Maria da Penha, é possível solicitar à Justiça Medidas Protetivas de Urgência, como por exemplo, uma ordem de afastamento. Se o agressor a descumpre, pode ser preso.

Rede de apoio

Fale com outras amigas e familiares. É importante pessoas próximas estarem cientes da situação e oferecerem ajuda à vítima.

Nunca procure o agressor

Não é recomendável tentar mediar o caso com o agressor. Você pode colocar-se em risco ou mesmo aumentar o perigo à vítima.

Você pode denunciar 

Em casos em que a violência já escalou para agressões físicas ou se há ameaças de morte, você pode denunciar. Lembre-se que qualquer pessoa pode fazer uma denúncia anonimamente. Ligue para o 180, serviço gratuito, ou procure informações pela Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres.

Fontes: Governo SP e ONU

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