A homenagem proposta pelo Coronel Telhada (PSDB) à Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) foi questionada por integrantes da Comissão da Verdade Vladimir Herzog — que foi reinstalada nesta terça-feira na Câmara Municipal de São Paulo e presidida pelo vereador Natalini (PV).

Para a vice-presidente do colegiado, vereadora Juliana Cardoso (PT), esse tipo de homenagem é uma “apologia” a um grupo ligado à ditadura militar. “As ações ocorridas durante esse período ferem os direitos humanos e não queremos esse tipo de postura na sociedade. Além disso, seria um desrespeito completo com as famílias das vítimas”, explicou.

Entre as principais dúvidas levantadas pelos integrantes da Comissão da Verdade está a justificativa do projeto de decreto legislativo (PDL 6/2013) encaminhado à Câmara Municipal. O texto da matéria conta o processo de formação da Rota e a repressão a líderes políticos como Carlos Lamarca e Carlos Marighella.

O vereador Calvo (PMDB) mostrou-se favorável a homenagem e deixou claro que não apoia nenhum tipo de agressão contra as pessoas. “A Rota é uma polícia de elite, única que consegue segurar o crime que está acontecendo na cidade. Precisamos de uma polícia ostensiva e com preparo para defender os cidadãos paulistanos”, justificou.

Já o vereador José Police Neto (PSD) defendeu o diálogo com o Coronel Telhada para que ele repense a proposta apresentada. “Precisamos mostrar a ele a inconsistência dessa fórmula apresentada na justificativa”, ponderou.

O vereador Mario Covas Neto (PSDB), colega de partido de Telhada, ofereceu-se para conversar com Telhada para que ele elabore novamente a justificativa do projeto. “Eu assinei favorável para que essa matéria tivesse o devido encaminhamento. Meu entendimento é que isso seria uma homenagem a Rota de hoje e não àquela da época da ditadura. E, realmente, se a justificativa apresenta essas considerações, ele se equivocou e não posso apoiar essa iniciativa”, afirmou.

“Acho que a Rota de hoje também não merece nenhuma homenagem”, disse a vice-presidente da Comissão, vereadora Juliana Cardoso (PT), durante o evento.

Apesar de não ser integrante da Comissão da Verdade, Toninho Vespoli (Psol) também colocou-se contrário à homenagem. “ Não estamos falando dos trabalhadores da Rota, mas sim da necessidade de discutir o trabalho que vem sendo realizado pelo batalhão e existem pessoas vinculadas ao regime militar”, considerou.

Durante o debate, Ivan Seixas, integrante da Comissão Estadual da Verdade, mostrou-se contrário ao projeto de Telhada. “A Rota foi criada pela ditadura para reprimir movimentos populares. Não podemos permitir isso e a sociedade precisa ficar tranquila  e saber que nunca mais isso vai acontecer”, disse.

(26/03/2013 – 16h48)