O sábado (4/2) foi de comemoração para a comunidade boliviana em São Paulo, que reuniu dezenas de pessoas no Salão Nobre da Câmara Municipal para homenagear as fraternidades da Bolívia na capital. A Sessão Solene foi proposta pelo vereador Antônio Donato (PT).
A vice-cônsul da Bolívia em São Paulo, Vânia Claros, prestigiou a solenidade e afirmou que a cultura boliviana, especialmente, na capital, tem se fortalecido com o passar dos anos. A representante do consulado entende que esse avanço ocorre pela característica marcante do boliviano de não fugir as suas raízes.
“O cidadão boliviano, uma vez que sai do país, ele tem nele, nas raízes, a cultura boliviana. E eles manifestam aqui, expressam à toda a comunidade internacional, a importância de poder estar em uma instituição tão prestigiosa, que nos abre as portas e sempre nos ampara, assim como o Brasil.É significativa para nossa cultura e para que o mundo a conheça”, disse.
As fraternidades bolivianas são grupos de pessoas que buscam expressar a cultura do país sul americano através da dança, especialmente. Dana Lourdes Borda Laura, por exemplo, é integrante da fraternidade ‘Señorial illimane de São Paulo’, fundada em 2011 por um grupo de pessoas que se reuniam com frequência para dançar ‘morenada’.
“A morenada ela é conhecida como dança pesada e aqui no Brasil. As nossas duas grandes festas são o Carnaval e em agosto, que é feito no Memorial da América Latina. A gente faz (a apresentação) pela Virgem de Copacabana e também comemorando a independência da Bolívia”, contou. Caporal e Tinku são outras duas danças populares da Bolívia.
As manifestações culturais da Bolívia — país com pouco mais de dez milhões de habitantes — estão sempre no foco da câmera de Antônio Andrade, que reside no Brasil há 20 anos e é fundador de um site que cobre e divulga as atividades das fraternidades.
“Você percebe que a cultura boliviana é muito forte, muito própria, tem uma raiz muito forte, é isso que nós estamos replicando pelo Bolívia Cultural, pelo portal de notícias que é visitado, principalmente, por brasileiros que querem conhecer a Bolívia, sem as fraternidades não teria o Brasil Cultural”, explicou.
Imigração
O evento também provocou uma reflexão a cerca dos imigrantes. Paulo Illes, coordenador executivo do Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante, reconheceu os avanços no tema, mas destacou que é preciso que a cidade consiga estar a ‘ disposição’ dos imigrantes.
“Os imigrantes usam muito pouco os espaços públicos e nós precisamos potencializar isso, a gente precisa trazer eles para dentro do espaço público, que é espaço da cidadania, portanto é dos imigrantes também, para que eles possam participar das audiências públicas, para que possam participar das discussões da política da cidade”, argumentou.
O vereador Donato ratificou a importância de se fazer com que as culturas de outros países estejam cada vez mais presentes em São Paulo, dentre elas, a cultura boliviana.
Entretanto, o petista também comentou sobre a importância da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Migração, aprovada esta semana no plenário da Câmara e que será instalada nos próximos dias.
“A Câmara aprovou essa CPI, não no sentido de investigar, mas no sentido de aprofundar um debate. A questão das migrações, dos refugiados, é um tema mundial e uma cidade como a nossa que é uma cidade global também ter que ter política para isso”, explicou o parlamentar que também foi homenageado pela comunidade boliviana.