A abolição da escravatura foi tema debate na Câmara Municipal de São PauloA noite desta quinta-feira (11/5) foi de debate e homenagens para relembrar o Dia da Abolição da Escravatura – Lei Áurea – assinada há 129 anos no dia 13 de maio pela Princesa Isabel. Durante o evento promovido pelo vereador Isac Félix (PR) na Câmara Municipal de São Paulo, os participantes chamaram a atenção para o racismo e os problemas que os negros enfrentam no mercado de trabalho.
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), pretos e pardos somam mais da metade da população e representam 75% dos brasileiros mais pobres e não chegam a um quinto dos mais ricos. O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da população negra é 15% inferior ao dos brancos.
O presidente da Câmara do Comércio Brasil/Benin, Arthur Neto, contou que o preconceito está em todas as áreas. “Essa sessão é muito importante para mostrar as lutas e as conquistas que tivemos desde a Lei Áurea. No entanto, o preconceito contra os negros continua na educação, habitação, saúde e na hora de procurar emprego. Somos quase metade dos mais de 14 milhões de desempregados no Brasil”, disse.
O presidente do Instituto Portal Afro, Jader Nicolau, parabenizou a Câmara pelo evento e criticou a maneira como foi feita a Abolição. “O Brasil precisa mostrar que os negros sempre trabalharam muito e não era preguiçosos, igual a história conta. Quando houve a abolição, os negros não tiveram nenhum direito”, disse.
A coordenadora de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da secretaria de Direitos Humanos e Cidadania, Maria Aparecida de Laia, foi uma das homenageadas da noite por sempre ter atuado em defesa dos negros. “Fiquei surpresa e feliz por ser lembrada”, agradeceu Maria, quem contou sobre as ações que estão sendo desenvolvidas pela pasta. “Eventos que relembram o Dia da Abolição são importantes porque foi o primeiro ato de promoção dos direitos humanos e nossa meta é colocar luz aos segmentos mais vulneráveis”, acrescentou.
O coordenador de Política para Idosos, Alexandre Teixeira Ramos, revelou mais algumas ações da secretaria de Direitos Humanos para ajudar na inclusão. “Sabemos que a maioria dos idosos negros está nas periferias. Estamos criando um projeto de Universidade da Maturidade, que será aberta e para a terceira idade. Para que todos possam envelhecer com dignidade”, detalhou.
O representante das Lojas Maçônicas de São Paulo, José Renato dos Santos, foi mais um dos homenageados no evento. A instituição em que ele atua incorporou as propostas abolicionistas. “A maçonaria teve grande contribuição ao fazer leis para eliminar a escravatura. É importante que a Câmara realize evento como esse para que o Dia da Abolição continue no calendário de eventos”, explicou.
O vereador Isac Felix elogiou o debate e agradeceu aos homenageados. “É fundamental discutir a abolição para entender o que acontece no Brasil. Os negros sempre tiveram grande importância e precisam ser valorizados. E, infelizmente, ainda existe o preconceito de raça, que não deveria ocorrer”, disse.