ANDREA GODOY
DA TV CÂMARA
A declaração do comandante da Rota, tenente-coronel Ricardo Augusto Araújo, de que o policial vai ter dificuldade se abordar uma pessoa na periferia, da mesma forma que faz a abordagem nos Jardins, foi tema de uma Audiência Pública na Câmara Municipal sobre abordagens policiais. A entrevista do comandante ao UOL foi publicada no dia 24 de agosto.
A Audiência conjunta das Comissões de Segurança e dos Direitos da Criança, do Adolescente e da Juventude debateu as abordagens policiais, principalmente na periferia, onde há relatos de excessos cometidos por policiais militares. Os secretários de Segurança do Estado e do Município, bem como o comandante da PM foram convidados, mas não estiveram presentes.
O vereador Alfredinho (PT), que presidiu a Audiência Pública, disse que o objetIvo não se trata de nenhum tipo de revanche em relação à Rota ou à Polícia Militar. “É um debate de formas de abordagem. Ninguém aqui é contra a polícia. A gente é contra os maus policiais e abordagens diferenciadas. Esse é o debate. Como a policia pode se comportar e agir dentro da comunidade”.
O militante do Movimento Negro de São Paulo, Tiago Soares, acredita que há um racismo institucional produzido pelo Estado e que é preciso mudar isso na formação realizada pelas academias militares.
“Tem uma pesquisa feita por um grupo de jovens da periferia, na zona sul de São Paulo, que ouviu 700 estudantes do Educação de Jovens e Adultos. Do total, 400 falaram que tinham sido abordados pela Rota e mais da metade disse que sofreu algum tipo de violência, seja psíquica, moral ou física.
Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo compilados pelo Condepe (Conselho Estadual de Defesa da Pessoa Humana), no primeiro trimestre de 2017 houve um aumento de 16% nas mortes provocadas por integrantes da Polícia Militar. Foram registradas 217 mortes contra 186 no mesmo período do ano passado.
O comandante geral da Guarda Civil Metropolitana, inspetor Adelson de Souza, entende que a abordagem é sempre complexa. “Não é simples de definir. Eu me arriscaria a dizer que cada abordagem é única, é diferente da outra. Até porque as abordagens se baseiam, por similaridade, aos pilares do crime que são o autor, a vítima, e o ambiente. Cada um desses componentes provoca diferença.”