A reunião da Comissão Extraordinária de Apoio ao Desenvolvimento do Turismo, do Lazer e da Gastronomia desta terça-feira (29/8) abordou o afroturismo na capital paulista. O colegiado recebeu durante o encontro representantes do setor e pesquisadores para discutir questões voltadas ao turismo negro na maior cidade do país e suas possibilidades.
Afroturismo é um conjunto de práticas de resgate, valorização, preservação, reconexão com a identidade e história por meio de bens culturais, materiais e imateriais tendo sujeitos negros como protagonistas. A ideia é despertar para a consciência histórica e ancestral das pessoas negras, exaltando o passado no atual futuro.
A pesquisadora de turismo, Denise Rodrigues, trouxe em apresentação um resumo do contexto racial no Brasil, além dos fatores para combater o racismo e como a cidade pode influenciar. Ela ainda citou os principais locais turísticos, como estátuas, igrejas e festas culturais. “Estamos na cidade mais negra do país, temos 4,5 milhões de negros só em São Paulo. Trabalhar o afroturismo aqui é essencial. A territorialidade afro-paulistana não está concentrada em um único lugar, por isso precisamos repensar a cidade e seus usos. Valorizar, se apropriar de espaços, sentimento de pertencimento e entendimento da nossa história, além de refletir”, concluiu.
Já Hubber Clemente, fundador da startup Afroturismo Hub, voltada ao setor do afroturismo, afirmou que a cidade pode potencializar oportunidades de inclusão e diversidade. O Guia da Diversidade, da Secretaria Estadual de Turismo e Viagens de São Paulo, identificou 15 locais de grande potencial. “Através do apoio ao consumo identitário, o afroturismo tem boas perspectivas para aumentar o turismo interno na cidade. Bairros mais distantes como Grajaú e Cidade Tiradentes, que contam com grande parte da população negra, precisam vir para regiões mais centrais trazendo conteúdos”.
Para a guia de turismo Deborah Fabrício, a ideia é por luz a uma memória da contribuição que negros deram à São Paulo, mas que o tempo permitiu apagá-la. “Eu mesmo fico investigando roteiros específicos. Onde tem escola de samba, há indícios de quilombos. Destaco também o Museu Afro Brasil, no Ibirapuera. O tour não é só para pessoas negras, mas sim para todos que tenham interesse em conhecer outras narrativas, além da do colonizador”.
A SPTuris (São Paulo Turismo) lançou em 2012 um roteiro, que está em sua terceira edição, abordando os principais lugares que se relacionam com o afroturismo. O guia atual, lançado no final do ano passado, traz 28 atrações ressaltando o legado afro sobre as visões artísticas, religiosas e gastronômicas em São Paulo.
Presidente da Comissão de Turismo, vereador Rodrigo Goulart (PSD), destacou que o papel do colegiado é divulgar, explorar e fomentar este outro segmento turístico. “Tanta história mostrada nas pautas apresentadas hoje e por isso considero importante essa integração. Já há uma política pública voltada ao afroturismo, precisamos agora divulgar e explorar a geração de emprego e renda ao cultivar a história de um povo com rica expressão cultural”.
Estiveram presentes na reunião desta terça, que pode ser vista na íntegra no vídeo abaixo, os vereadores Rodrigo Goulart (PSD) – presidente, Sansão Pereira (REPUBLICANOS) – vice-presidente, e Sandra Santana (PSDB).