MARCELO MIÚRA
DA TV CÂMARA
A anemia falciforme é genética, hereditária e atinge predominantemente os negros. Ela se caracteriza por uma alteração dos glóbulos vermelhos que perdem a forma arredondada e elástica, adquirindo um aspecto de uma foice, o que dificulta a passagem do sangue e a oxigenação dos tecidos.
“Ela surgiu através da escravidão, que trouxe o gene falciforme. Quando ele se manifesta como doença, a pessoa tem muitos sintomas de dor e crises álgicas”, explicou Catarina Melnikoff, representante da Secretaria Municipal da Saúde.
Esses sintomas envolvem também dores articulares, fadiga intensa, palidez, icterícia – ou seja um aspecto mais amarelado da pele e dos olhos — feridas nas pernas, tendência a infecções, cálculos biliares, atraso no crescimento, além de problemas neurológicos, cardiovasculares e pulmonares.
A hematologista e presidente da Associação Lua Vermelha, Marimília Pitta, ressalta que esta doença não se limita à cor da pele. “A gente tem três mil e quinhentas crianças nascendo com anemia falciforme por ano nesse país. Nós estamos falando de milhares de pessoas, a gente não está falando de uma incidência pequena, a gente está falando de uma incidência maior do que a Aids, por exemplo. Então isso é muito sério, é um problema de saúde pública e o governo precisa por a mão”, disse.
O vereador Natalini (PV) é coautor de uma lei, sancionada em 2007, que instituiu um programa de assistência aos portadores da anemia falciforme. Hoje, segundo ele, a doença atinge cerca de 120 mil pessoas na cidade. “O fato da doença ser testada no teste do pezinho, no recém-nascido, já fez com que se diagnosticasse a doença ao nascer, e isso já prepara a família, prepara o próprio paciente para as complicações que podem vir”,esclareceu.
O vereador Netinho de Paula (PCdoB) presidiu a audiência pública que contou com a presença do secretário municipal de promoção da igualdade racial, Antônio Pinto. “A gente precisa divulgar, porque os nascidos estão sendo bem tratados, mas tem muita gente com anemia falciforme que não aparece e que às vezes não tem o incentivo para o tratamento”, disse o vereador.
Na pauta da Comissão de Saúde, a vereadora Patrícia Bezerra (PSDB) destacou os seis requerimentos aprovados, entre eles, a questão da dengue e a falta de medicamentos.
“A gente vai trazer de novo o secretário, vai trazer de novo toda uma oitiva para saber por que a medicação não está chegando na ponta e não está contemplando a população que mais precisa. Outra coisa que é muito pertinente discutir é a questão da dengue. A gente está vivendo um surto de dengue fora do período”, disse.