Os moradores da região de Brasilândia e Freguesia do Ó, na zona norte da capital, receberam os vereadores na sessão pública do programa ‘Câmara no seu Bairro’, que aconteceu na manhã deste sábado (26/9). Os assuntos mais recorrentes na tribuna popular – montada no ‘CEU Jardim Paulistano’-, foram falta de espaços de cultura, esporte e lazer, além da regularização fundiária e áreas para moradias populares.
“Nós temos aqui uma região de urbanização relativamente recente, com várias áreas de risco. Então todos os aspectos da urbanização, asfaltamento, proteção das encostas e toda a infraestrutura que vem junto com isso, a educação, unidades de saúde e equipamentos de lazer são necessários. Isso foi muito falado e nós vamos nos debruçar sobre isso para contribuir com essas questões”, afirmou Donato (PT), presidente da Câmara Municipal.
“São os mesmos problemas de toda a cidade, é igual para todo lugar. Mas, eu pontuo a questão da zeladoria do bairro, a região aqui é bastante acidentada, com muitas escadarias, vielas, ou seja, a presença da subprefeitura se faz muito necessária”, complementou o vereador Claudinho de Souza (PSDB).
Moradia popular
Tião Bezerra, advogado e ex-vereador da região, trouxe aos parlamentares duas demandas ligadas a moradia, área em que atua. De acordo com ele, a prefeitura está enfrentando dificuldade em encontrar terrenos para implantação do Programa ‘Minha Casa, Minha Vida’. Bezerra também se mostrou preocupado com os moradores do Jardim Damasceno.
“É um dos problemas mais graves que nós temos. Esta é uma área que está ocupada há mais de quinze anos e o proprietário entrou com uma ação de reintegração de posse para retirar todas as famílias de lá”, alertou Bezerra.
“A gente percebe que aqui na região noroeste os movimentos são fortes e organizados, especialmente os que trabalham na questão da moradia. Eles enfrentam muitos desafios e aproveitaram para expor tudo isso hoje no Câmara no seu Bairro”, considerou Jair Tatto (PT).
Esporte e Cultura
Fernado Ripol, funcionário público, indagou os parlamentares com relação a flexibilização dos processos de cultura no município. De acordo com ele, o fomento as atividades culturais devem ser mais ‘incisivo e menos burocrático’, só assim, os movimentos culturais podem sobreviver.
“A cultura é muito mais do que, simplesmente, o Teatro Municipal ou a música clássica. Partindo desse princípio e da exclusão da população negra e periférica e de todos os acessos possíveis a hora que o cara pega para concorrer a um edital é difícil é ter um monte de certificados, um monte de coisas que no dia dele não faz parte”, pontuou.
Com relação ao esporte, o conselheiro municipal Rui Primo, usou a tribuna para pedir apoio dos parlamentares com relação ao tema. O munícipe argumentou que embora existam 17 clubes da comunidade e dois centros esportivos no entorno, é necessário dar maior qualidade aos equipamentos.
“A nossa região é avaliada como uma das piores em qualidade de vida dentro da cidade e o esporte é uma das principais reclamações. Precisamos de mais unidades de esporte e fazer com que as que existem funcionem plenamente”, afirmou Primo.
Hospital da Brasilândia
Com obras iniciadas no início deste mês, o Hospital municipal da Brasilândia é bem aceito pela maioria da população, no entanto, existem algumas divergências quanto a sua localização. O pedagogo e líder comunitário Adilson Souza é a favor do projeto e garante que a população está satisfeita.
“Essa era uma obra prometida há mais de vinte anos. Nós temos 290 mil habitantes na Brasilândia e no distrito da Freguesia, 190 mil. Para isso nós temos um hospital municipal que atende à demanda, que é o hospital Nove de Julho, que fica na Avenida João Paulo. Esse hospital vem para complementar o atendimento à saúde na região”, comemorou.
Para Fernando Ripol, a obra está no local errado. “Eu acho que o hospital deve existir, mas não ali. Para construir o hospital, a prefeitura terá que desativar um campo e um sacolão. Existe o Hospital Penteado e o de Taipas, que estão a cinco quilômetros. Que fizesse no Paulistano, Terezinha, regiões mais afastadas”, sugeriu.
Claudinho de Sousa acredita que a saúde é sempre importante, reitera que a luta pelo hospital é antiga, mas aponta que há estudos com relação ao número de leitos necessários para cada grupo de habitantes, o que leva os moradores a questionarem a localização do novo hospital.
“Se você pegar a Vila Brasilândia, você tem três hospitais no entorno. Ou seja, hospital é sempre muito bem vindo porque traz uma série de bem feitorias no entorno, mas está num raio de cinco quilômetros de outros equipamentos”, disse.
Limpeza urbana
Os pontos de descarte de lixos irregulares em Brasilândia/Freguesia do Ó foi outro ponto abordado na sessão pública. O líder comunitário Rodrigo Olegário Carmelita atua no combate ao problema e é autor do programa “Bairro Limpo”, que busca impedir a prática irregular.
“Eu criei esse programa há três anos, preocupado com a questão das crianças e com o nosso território, porque o distrito de Brasilândia já é criminalizado. No entanto, aqui moram pessoas bacanas e nós precisamos de mais atenção do poder público”, disse.
Carmelita usou como exemplo a EMEF Senador Milton Campos, que sofre com o problema de descarte de lixo. Para ele, a solução seria acabar com os pontos ociosos, caso contrário o esforço que dele e de outros moradores será em vão.
“Se você der ‘vida’ nestes locais, ou seja, fizer plantio de árvores, fizer trabalhos de grafites, colocar equipamentos de lazer, vai acabar com estes pontos viciados, é simples”, sugeriu.
Os vereadores Andrea Matarazzo (PSDB), Ari Friedenbach (PROS), Conte Lopes (PTB), Eliseu Gabriel (PSB), Mário Covas Neto (PSDB), Marquito (PTB) e Salomão Pereira (PSDB) também estiveram presentes à sessão pública.