Vereadora Patrícia Bezerra (PSDB)
É comum ouvirmos que as crises podem revelar o que há de pior ou o que há de melhor nos seres humanos.
Infelizmente, neste momento de distanciamento social, temos visto os índices de assassinatos de mulheres em casa quase dobrarem no Estado de São Paulo, passando de 9 no ano passado, para 16 neste ano, considerado o período do início do distanciamento social até hoje.
A residência, local que deveria ser o de maior segurança da mulher para se proteger do coronavírus, é o lugar mais perigoso para ela: pesquisa Raio-X do feminicídio em São Paulo revelou que 66% dos feminicídios consumados ou tentados foram praticados na casa da vítima pelo marido ou companheiro.
Mas, afinal, a quarentena justifica o aumento de feminicídios? O coronavírus não transforma ninguém em uma pessoa violenta. Não, de forma nenhuma! Mas, lamentavelmente, associado a fatores como consumo de bebidas alcoólicas, desemprego e dificuldades financeiras, a situação potencializa padrões violentos.
O vírus na verdade é outro e já infectou a todos: é uma cultura que ainda vê a mulher como objeto e posse do homem, responsável por aliviar “todas as suas tensões”, sejam sexuais, verbais, físicas, até de formas violentas. A cultura das relações de poder, onde a mulher deve ser subjugada e oprimida.
Então, o que fazer? Sair de casa sujeita a adoecer, ou ficar em casa sujeita a morrer? Cabe a todos nós lembrarmos a todas as mulheres que apesar do isolamento físico, as redes de apoio e os canais para pedido de ajuda estão funcionando, seja por telefone, pela internet por meio de aplicativos.
O importante é saber que você não é culpada e que não está sozinha! Mas também é imprescindível combater o vírus, não esse que nos tranca em casa, mas o que tem aprisionado centenas de milhares de mulheres na violência e tirado delas o direito à existência.
Peça ajuda! Disque 180!