O combate à pandemia do coronavírus chega a um momento-chave. A tão necessária retomada das atividades econômicas tem de ser feita de forma organizada, prudente e cautelosa, para evitar uma segunda onda, que venha sobrecarregar o sistema de saúde da cidade de São Paulo, que até agora conseguiu dar resposta adequada ao desafio.
Desde que se instalou a polêmica sobre dar prioridade à saúde ou à economia, tenho dito que as duas caminham juntas. Na Câmara Municipal de São Paulo, como não poderia deixar de ser, as primeiras medidas de enfrentamento se deram no campo da saúde. Aprovamos a liberação de recursos para a prefeitura, transferimos dinheiro de despesas da Câmara para a saúde e a assistência social, cortamos em 30% os salários e as verbas de gabinete dos vereadores.
Ciente de que, apesar da continuidade da pandemia, era preciso pensar na retomada econômica, o Legislativo Municipal começou a debater um projeto que previa a adoção de uma escala de bandeiras de cores para a organização da retomada. Com a adoção do Plano São Paulo, lançado pelo governo do Estado, entendemos que a Câmara deveria assumir o papel de interlocutora da sociedade no debate sobre a reabertura.
Pessoalmente, tenho participado diariamente de reuniões entre os mais diversos segmentos econômico-sociais e a Prefeitura: construção civil, imobiliárias, shoppings, restaurantes, organizadores de eventos, comércio de rua, varejistas, além dos escritórios de advocacia que foram contemplados com a flexibilização na última sexta-feira.
Em todas essas articulações, o que mais tenho constatado é um enorme senso de compromisso e responsabilidade por parte dos dirigentes e dos empresários envolvidos. Existe, claro, um sentimento de urgência, afinal, para muitos empreendedores a paralisação das atividades os colocou à beira de um colapso nos seus negócios.
Mas todos têm a consciência clara do desafio que precisam enfrentar para garantir a segurança de seus colaboradores e suas famílias, no fim das contas, de toda a sociedade. Ninguém ignora os riscos, todos se comprometem em reduzi-los para que se possa proteger também o emprego e a renda dos paulistanos.
Do lado do poder público, é preciso acreditar também na criatividade dos empreendedores. Um exemplo: pelo Plano São Paulo, os restaurantes só poderão reabrir as portas a partir da etapa 3 (amarela). A limitação é até compreensível, mas se há espaço para shoppings centers abrirem no estágio atual (etapa 2 – laranja), por que não os restaurantes. Basta que se desenvolvam protocolos que previnam aglomerações. Tenho certeza de que o setor saberá responder.
O mesmo acontece com o setor de promoção de eventos. Ninguém imagina realizar grandes shows agora. Mas por que não permitir a organização de eventos futuros e, assim, antecipar algum faturamento para salvar empregos que estão por um fio?
Por fim, não podemos nos esquecer da responsabilidade geral da sociedade. A flexibilização das atividades econômicas não pode ser vista pela população como um sinal verde para tudo. Cabe ao poder público manter uma comunicação contínua para incentivar os comportamentos adequados.
Com sensibilidade e colaboração de todos vamos caminhar de maneira mais rápida para as próximas etapas de flexibilização e, juntos, teremos um horizonte mais claro de volta à normalidade. Ainda que seja ao tão falado novo normal.
*Artigo publicado no blog de Fausto Macedo no portal Estadão em 10 de junho de 2020
*Eduardo Tuma é vereador pelo PSDB e presidente da Câmara Municipal de São Paulo