A necessidade de ações conjuntas entre as áreas de psicologia e assistência social é fundamental para o tratamento das pessoas. É o que defenderam os participantes do seminário “A interdisciplinaridade no Cuidado com a Família” promovido neste sábado (27/5), na Câmara Municipal de São Paulo, pela Cefatef (Centro de Formação e Estudos Terapêuticos da Família).
De acordo com os palestrantes, profissionais dessas áreas precisam estar atentos ao paciente e ao ambiente em que ele vive. A psicóloga e integrante do Cefatef Neusa de Oliveira Santos ressaltou que todos “somos um ser integral” e que é necessário cuidar de inúmeros aspectos. “Quando se trata apenas o psicológico, é como se a pessoa não tivesse recursos para lidar com outras áreas da vida. Por exemplo, uma criança que tem problema na escola. Precisamos ir até a instituição para entender o que acontece”, argumentou.
A compreensão da complexidade de cada família é um dos sinais que os profissionais precisam estar atentos. Para a diretora pedagógica do Cefatec, Cleonice Peixoto de Melo, os especialistas precisam buscar ferramentas diferentes para cada caso. “É preciso entender a família. Porque muitas vezes os pais buscam ajuda para o filho, no entanto, o problema é na relação conjugal. Os dois não se entendem e a ajuda deverá ser para eles. E todos serão beneficiados”, disse.
A relação estabelecida entre os pacientes e os profissionais é um dos fatores que podem contribuir com o processo dos que buscam ajuda. A vice-presidente da APTF (Associação Paulista de Terapia Familiar) e integrante da Interfaci (Instituto de Família, Casal, Comunidade e Indivíduo), Marcia Moreira Volponi, destacou que os psicólogos e assistentes sociais precisam ficar atentos a esse aspecto. “O nome da profissão é pouco relevante. A importância é o ser humano, aquela pessoa que se apresenta diante de você e você se apresenta diante dela”, argumentou.
A participante do evento Maria Lucia da Costa Bertelli concordou com as palestrantes. Psicóloga do Instituto Tiago Camilo – projeto social desenvolvido pelo atleta olímpico que dá nome a instituição – , Maria acha que se houver maior integração das ações seria “mais fácil”. “É super importante entender a vivência e a dinâmica familiar. Esse curso é fundamental porque todo conteúdo que traz informação nos ajuda no trabalho”, opinou.
O gestor de uma casa de abrigo para idosos, Wagner Fujarra, ressaltou a importância das políticas públicas serem pensadas em conjunto. “É muito importante a integração porque percebemos que existe uma dicotomia entre os profissionais e o trabalho deve ser feito em parceria”, disse.
A operação das policias Civil e Militar na Cracolândia, região central de São Paulo, na semana passada – onde suspeitos de traficar drogas foram presos e pessoas foram encaminhadas para abrigos – foi um dos assuntos debatidos durante o seminário.
Para Neusa, faltou integração entre as áreas de saúde, segurança e assistência social. “Essas pessoas que estão nas ruas estão abandonadas, tem falta de amor e precisam de uma abordagem diferente para que elas tenham uma entrada na sociedade”, comentou.
A ex-secretária da Assistência e Desenvolvimento Social, vereadora Soninha (PPS), destacou a importância desse trabalho conjunto. “Não se faz assistência social sem psicologia. A demanda da secretaria era de promover concursos para psicólogos, porque eles são contratados pela Secretaria de Saúde e precisam ser nomeados para trabalhar na Assistência Social. Esse é um dos problemas na prática”, contou.
O profissional de uma comunidade terapêutica para dependentes químicos Eduardo Bertelli participou do seminário e considerou importante o debate realizado. “Faltou integração das áreas [saúde e assistência social] na ação na cracolândia para que cada profissional atuasse com os diferentes aspectos dos que estão ali”, disse.
A coordenadora de ensino do Cefatef, Fabiane Moraes de Siquiera, ficou satisfeita com a grande participação da população e destacou a importância de o seminário ser realizado na Câmara. “O trabalho interdisciplinar é fundamental e os políticos podem contribuir com políticas públicas eficazes para garantir o atendimento, principalmente, as pessoas mais carentes que podem pagar por esses serviços”.
A vereadora Soninha (PPS) elogiou o seminário. “Quanto mais conhecermos sobre o assunto e ouvirmos os especialistas e os envolvidos, mais conseguiremos participar na elaboração de políticas públicas interdisciplinares”, disse.