Nesta quinta-feira (29/2), a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Enel da Câmara Municipal de São Paulo recebeu o coronel Jefferson de Mello, ex-comandante do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo e que estava à frente da corporação quando da tempestade do dia 3 de novembro de 2023, que deixou milhares de imóveis sem eletricidade por alguns dias na capital, afetando milhões de moradores. Ele falou como é a atuação dos bombeiros na poda de árvores.
Em seu depoimento, Mello explicou que a corporação realiza poda e manejo de árvores somente em situações de emergência e a avaliação de risco é feita por um profissional designado. “Os bombeiros não cortam árvores. Gostaria de deixar bem claro isso. O bombeiro tira o risco. Se a árvore trincou, apoiou, caiu e a árvore em si está oferecendo algum risco, aí então o corpo bombeiros é acionado, vai para o local e tira o risco. Se tiver que cortar, se tiver que podar, se tiver que movimentar, fazemos tudo o que tiver que ser feito para tirar o risco daquele local”, frisou, acrescentando que a celeridade da ação depende do apoio da concessionária, responsável pelo desligamento da energia elétrica da região, por questões de segurança.
O ex-comandante ainda relembrou que, à época da tempestade, os bombeiros tinham avaliado que um significativo número de árvores poderiam oferecer risco em diferentes regiões da cidade, devido à possibilidade de queda ou por estarem em contato com a fiação. Após a tempestade, e observando os impactos negativos do fenômeno climático, Mello acrescentou que houve um diálogo junto à Enel para que fosse criado um canal direto entre a corporação e a concessionária, de forma a agilizar o desligamento da energia para que o corpo de bombeiros pudesse atender as solicitações de poda e manejo das árvores em risco.
Especificamente sobre a tempestade, o ex-comandante dos bombeiros destacou que o trabalho de corte das árvores e galhos caídos foi demorado por conta do grande número de intercorrências ocorridas em toda a cidade. “Nós ficamos ali com uma questão de mais de 2 mil árvores pendentes. Então, fugiu totalmente da normalidade”, ressaltou.
Sobre o efetivo disponível e as formas de atuação, Mello comentou que, após mudança nas regras da atividade delegada, em dezembro de 2023, os bombeiros de folga passaram a ser autorizados a trabalhar na poda preventiva, por meio de convênio com a Prefeitura – mas que tal atividade não se enquadra no escopo de trabalho regular da corporação.
Avaliação dos vereadores
Integrante da CPI da Enel, a vereadora Elaine do Quilombo Periférico (PSOL) falou da importância de estabelecer as responsabilidades sobre o trabalho da poda de árvores na cidade. “Porque foi uma das principais responsáveis pela queda de energia ter demorado tanto tempo para ser restabelecida. Uma das coisas que temos conversado e discutido na CPI é sobre a poda feita como prevenção e sobre de quem é a responsabilidade de fazer essa prevenção. Então, se essa responsabilidade não é da companhia de energia, ou se ela não estava cumprindo essa responsabilidade, e se essa responsabilidade também não era do corpo de bombeiros, resta à Prefeitura responder porque essa poda, que é feita de manutenção, não estava sendo feita da maneira correta”, pontuou Elaine.
Já o vereador João Jorge (PSDB), presidente da CPI da Enel, abordou as formas como o corpo de bombeiros pode colaborar para prevenir a queda de árvores na capital. “Eles podem nos ajudar, nos alertar, inclusive, nessa questão de algumas árvores que devem ser podadas a seu tempo e outras que também podem ser eventualmente erradicadas. Há um cuidado, e esse cuidado é louvável, das Subprefeituras, dos agrônomos quando se pede para erradicar uma árvore. Eles são muito criteriosos e, geralmente, há uma negativa. No entanto, é muito importante que se observe também, do ponto de vista de segurança do Corpo de Bombeiros, que essa árvore daqui seis meses, um ano, numa ventania ou num vento um pouco mais forte, que essa árvore possa cair e causar um dano maior. Acho que deve haver um pouco mais de critério não só para o não, mas também pensando na segurança da população”, finalizou Jorge.
Sobre a CPI
Instalada em 9 de novembro do ano passado, a CPI da Enel da Câmara Municipal de São Paulo tem o objetivo de investigar a atuação da Enel, concessionária responsável pelo fornecimento de energia elétrica na capital paulista, principalmente após a demora no restabelecimento da energia na cidade após a tempestade ocorrida no dia 3 daquele mês que, na ocasião, deixou milhares de imóveis sem eletricidade por alguns dias na capital.
Participaram da reunião desta quinta-feira os vereadores João Jorge (PSDB) – presidente da CPI, Ricardo Teixeira (UNIÃO) – vice-presidente, Jorge Wilson Filho (REPUBLICANOS) – relator, Dr. Milton Ferreira (PODE), Elaine do Quilombo Periférico (PSOL), Luna Zarattini (PT) e Thammy Miranda (PL) – todos integrantes da Comissão. A íntegra dos trabalhos pode ser conferida no vídeo abaixo: