A Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente promoveu uma Audiência Pública nesta quarta-feira (23/3) com secretários, subprefeitos e moradores das margens dos córregos Ipiranga e Mirassol para esclarecer o andamento de obras de contenção de alagamentos não concluídas. O debate foi conduzido pelo vereador Aurélio Nomura (PSDB) , autor do requerimento para convocação da audiência.
“É o conjunto mais antigo de obras da cidade de São Paulo, com mais de 40 anos. Porém, mesmo com a construção do piscinão Deputado Jooji Hato e a interligação da lagoa Aliperti os moradores continuam sofrendo perdas com as enchentes”, pontuou Nomura.
O secretário-adjunto de Infraestrutura Urbana e Obras, Marcos Garcia, revelou que não apenas a bacia do Ipiranga, mas todas as bacias hidrográficas da cidade estão passando por um estudo da FCTH-USP (Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica da Escola Politécnica da USP) financiado pelo FEHIDRO (Fundo Estadual de Recursos Hídricos) para orientar melhor as obras de contenção. O mapeamento vai apontar intervenções necessárias como canalização, microdrenagem e piscinões.
Segundo Garcia, haverá uma segunda fase de obras no córrego Ipiranga com canalização, viário e ciclovias. “Será canalizado todo o trecho do reservatório Jooji Hato, passando pelo parque da Independência até a sua foz na avenida Tereza Cristina”, afirmou.
Morador do Ipiranga há cerca de 25 anos, Sérgio Nascimento mostrou um vídeo gravado por ele no dia 16 de janeiro com o córrego no limite e ruas alagadas, apesar do piscinão Jooji Hato não estar cheio, um sinal de que as águas não escoam para o reservatório. De acordo com o vereador Aurélio Nomura, o governo lançou uma licitação para rebaixar a calha do córrego Ipiranga e assim evitar a retenção da água, uma vez que ela desce para o piscinão por gravidade.
O subprefeito do Ipiranga, Adinilson José de Almeida, ressaltou que os problemas de enchente da cidade só serão sanados após o estudo da FCTH-USP apontar soluções integradas. “Não adianta investir em ações que amenizam a enchente temporariamente. A região do Ipiranga, que é uma das que mais sofrem atualmente, só terá solução quando pensarmos na cidade como um todo”, refletiu.
O subprefeito da Vila Mariana, Luis Felipe Miyabara, informou que faltam realizar várias obras em duas grandes etapas após o piscinão Jooji Hato e a interligação da lagoa Aliperti. “Na primeira etapa ainda falta a construção de um canal extravasor, a ligação do córrego Cacareco ao piscinão e 1600 metros de alargamento da calha do córrego Ipiranga da Fagundes Filho até a Avenida Bosque da Saúde. A segunda etapa desta grande obra seria o alargamento da Avenida Bosque da Saúde até a Avenida Tereza Cristina, fazendo conexão até o Tamanduateí”, detalhou.
A situação do córrego Mirassol também foi discutida na Audiência Pública. Porém, o secretário Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras, Marcos Monteiro, disse que o fato de ter casas construídas sobre o curso d’água dificulta o término das obras. “Temos um córrego canalizado, mas há a necessidade de remoções para dar continuidade às obras. É uma situação que se repete em várias regiões de São Paulo de difícil solução porque implica na retirada das famílias. São residências consolidadas de alvenaria e lajes de concreto, não são barracos”, explanou.
O vereador Aurélio Nomura afirmou que o diálogo com a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) e a Secretaria Municipal de Habitação será retomado para resolver o impasse. “Só assim vamos concluir a obra do córrego Mirassol que sofre inundação ainda e esse problema social de moradias sobrepostas no trecho de um quarteirão”.
Também participaram da Audiência Pública, o presidente da Comissão, vereador Paulo Frange (PTB), a vice-presidente, vereadora Ely Teruel (PODE) e o vereador Rodrigo Goulart (PSD). Para assistir a íntegra do debate basta acessar o vídeo abaixo: