A criação de novos parques e áreas verdes na cidade de São Paulo foi tema de Audiência Pública realizada na noite desta segunda-feira (28/3) pela CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Legislação Participativa) da Câmara Municipal de São Paulo. O debate, proposto em requerimento de autoria do vereador Professor Toninho Vespoli (PSOL), foi aprovado pela Comissão no último dia 9 de março.
Na justificativa para a realização da Audiência, o autor reforça a importância da gestão de qualidade no desenvolvimento socioambiental do município através de ações que viabilizem lazer, saúde pública, melhoria na qualidade do ar, melhoria da convivência em comunidade, melhorias climáticas, corredores verdes e a criação de ecobairros – temas diretamente ligados à criação de novos parques.
“A gente sabe da questão das mudanças climáticas e o que acontece não somente aqui na nossa cidade, mas no Brasil inteiro. A gente sabe também que nessa época de chuva tem um setor da sociedade que mais sofre e a gente sabe o impacto que tem para mitigar os efeitos dos gases-estufa a questão do plantio de árvores, dos parques. Sem contar também os poucos espaços de lazer que tem a capital para os seus munícipes, então a discussão para a gente é algo importantíssimo”, explicou o vereador Toninho Vespoli.
Debates
Pesquisador do IEA-USP (Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo), Ivan Carlos Maglio destacou a necessidade de aumentar e redistribuir o número de parques da cidade. “A distribuição das áreas verdes na cidade é sabidamente desigual. Há estudos do próprio Instituto de Estudos Avançados, onde nós fizemos pesquisa sobre isso, e as áreas verdes nas cidades são mal distribuídas”, apontou. “Está na hora de ter uma discussão mais realista”, refletiu Maglio.
Na sequência, Francisco Eduardo Bodião, representante do Fórum Verde Permanente, alertou para a possibilidade de perdas de áreas verdes na capital. “São muitas as áreas verdes da cidade de São Paulo que estão sob risco, muitas áreas que, inclusive, são consideradas pelo Plano Diretor áreas para serem preservadas, áreas que devem ser direcionadas para a construção de parques. E, nesse período recente, a gente vê ações da Prefeitura de relativizar a condição de áreas preservadas e, inclusive, a relativização da condição de bem público, de patrimônio público dos parques”, apontou Bodião.
Participante da audiência, o médico e ex-vereador Gilberto Natalini (sem partido) falou da importância das áreas verdes para a melhoria da sustentabilidade no município.
“Durante muito tempo tenho me dedicado a essa questão da luta para tornarmos São Paulo uma cidade mais sustentável. E a presença de áreas verdes e a presença de parques na cidade de São Paulo fazem parte desse cardápio da sustentabilidade. É claro que o cardápio é muito maior do que esse, mas a questão das áreas verdes está no centro da preocupação”, ressaltou Natalini.
Representando o Executivo, José Armênio Cruz, secretário adjunto na Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento, se colocou à disposição para debater as sugestões da população para as áreas verdes do município. “Nossa ideia é, na verdade, ouvi-los. Nós estamos no momento de revisão do Plano Diretor e essas questões, a mudança da abordagem climática, ela pode atestar e deve aceitar a revisão do Plano Diretor também, é uma questão a uma pauta bastante importante”, pontuou Cruz.
Já o diretor da Divisão de Gestão de Parques Urbanos da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente, Vinícius de Souza Almeida, exaltou a importância da participação popular para a criação e implementação de parques e áreas verdes. “Historicamente falando, a implantação de parques sempre teve uma relação muito forte com a pressão da sociedade civil. A maioria dos parques implantados no mundo inteiro em áreas urbanas são resultados dessas lutas e ocorreram de uma maneira muito reativa”, citou Almeida.
Também se manifestaram Fernando Salvio, fundador do movimento Viva o Parque Vila Ema; Thiago Santos Moliani, do Vigia Verde; Ana Aragão, do movimento Parque Linear Caxingui; Cecília Pelegrini, do Parque da Fonte; Ernesto Maeda, do coletivo Amigos da Mata Esmeralda; Natália Chaves, militante ecossocialista; Adriana Guimarães, do grupo Ação Parque Linear Itapaiúna; Beatriz Bito de Souza, da APAC São Paulo; Élio Jovart Bueno de Camargo, do Cades Butantã; Maria de Lourdes Marin Martins, moradora da Casa Verde; Otacilio Ribeiro Filho, do Movimento de Defesa do Parque Peruche; Deocleciana Ferreira e Ivanilde, moradoras da Fazenda da Juta; Matthew Richmond, geógrafo e pesquisador afiliado da Unesp (Universidade Estadual Paulista); André Manoel, do Cades Sapopemba; e Oscar Lira, morador de Campo Limpo.
Posição dos vereadores
Presente ao debate, o vereador Eduardo Suplicy (PT) lembrou a articulação na Câmara para a criação do Parque Augusta Prefeito Bruno Covas, inaugurado no final de 2021 e a importância do aumento de áreas verdes na capital. “O Parque Augusta foi um êxito, de iniciativa tanto de Bruno Covas quanto do prefeito atual, Ricardo Nunes (MDB), que o inaugurou, e está tendo um sucesso muito grande, mas certamente o Parque Augusto ainda não contempla a necessidade de parques nessa região da cidade”, refletiu Suplicy.
A Audiência Pública foi presidida pelo vereador Professor Toninho Vespoli (PSOL) . Também participaram o vereador Eduardo Suplicy (PT). A íntegra do debate pode ser conferida no vídeo abaixo: