Moradores de regiões afetadas pelos temporais, como Jardim Romano, Jardim das Flores e Jardim Paulistano, exibiram imagens em slides dos estragos causados pelas inundações nos seus bairros em audiência pública realizada nesta quinta-feira (25/03) pela Comissão de Administração Pública da Câmara Municipal.
Carlos de Campos, diretor de projetos da ONG Ação e Cidadania, por exemplo, se queixou da cobertura do problema pela imprensa. “A tragédia que se abateu na região metropolitana de São Paulo poderia nos levar à reflexão das reais causas do problema. A questão do lixo não tem nada a ver com as enchentes. As enchentes são uma questão de gestão de bacias hidrográficas. O que adianta fazer piscinão, se não houver uma política de conservação do solo? Como nós vamos discutir enchentes sem discutir a questão da especulação imobiliária?”, salientou.
Os moradores também reclamaram do problema habitacional e da remoção do lixo. Até Milene Vieira de Souza, de 9 anos, fez um depoimento sobre os danos dos alagamentos no seu bairro, o Jardim Seabra.
1000 novas casas
O presidente da Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (COHAB), Ricardo Pereira, anunciou a cooperação da Caixa Econômica Federal para as soluções habitacionais para as vítimas das inundações. “A gente precisa ter mais oferta de imóveis. A demanda é tão grande e está sendo priorizada para o Jardim Helena, Jardim Romano e Chácara Três Meninas. O prefeito fez a desapropriação de 11 áreas. Nós vamos encaixar isso no Programa Minha Casa, Minha Vida, da Caixa. O Governo federal tem muito mais dinheiro que o Município”, contou. “A Prefeitura e a COHAB têm um ótimo relacionamento com a Caixa Econômica. Estamos identificando quatro novas áreas que vão dar cerca de 1000 unidades. Vamos anunciar a desapropriação nos próximos dias. O Município vai doar o terreno para o programa”, completa. No entanto, as moradias serão entregues somente daqui a dois anos.
“O problema é muito grave. A preocupação é se isso não vai se repetir daqui a alguns meses. Quando começar a chover de novo, se não forem feitas obras preventivas e ao mesmo tempo tomar algumas medidas urgentes como diminuir a impermeabilização do solo, esse inferno vai voltar. Vamos fazer um relatório de todos os principais pontos em que ocorreram os problemas e pressionar as autoridades para que procurem uma solução. O problema básico é a falta de recursos”, resume o presidente da Comissão de Administração Pública, vereador Eliseu Gabriel (PSB).
Compuseram a mesa, além dos vereadores Eliseu, Francisco Chagas (PT) e Adilson Amadeu (PTB); Dante Paulo, da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP); Capitão Daniela, representante da Coordenadoria da Defesa Civil; Carlos Cheidi, da Prefeitura; Ricardo Borsari, do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE); Claudio Marques, da Secretaria Estadual de Saneamento e Energia; o Engenheiro Pedro Luiz de Castro, assessor de gabinete da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Ricardo Pereira.