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Os participantes da audiência pública que discutiu nesta quinta-feira (15) a possibilidade de reabertura do Cine Belas Artes e políticas públicas para cinemas de rua cobraram um maior envolvimento do Poder Executivo, em especial no que se refere ao cinema fechado desde março. Todos defenderam o tombamento do prédio onde funcionava o Belas Artes como melhor alternativa para resolver a questão.
As condições para o tombamento do cinema existem. O que ocorre é uma disputa entre o interesse público e o interesse do proprietário do imóvel. Precisamos entender qual ponto atacar. Podemos até forçar um Decreto de Utilidade Pública (DUP). Me comprometo a falar com o prefeito na próxima semana para ver a viabilidade disso. Isso garante um congelamento do imóvel enquanto o processo de tombamento não se encerra”, disse o vereador Eliseu Gabriel, presidente da Comissão de Administração Pública da Câmara Municipal.
Dentre outras possibilidades de ação, o vereador disse ainda que acredita que a Prefeitura tenha dinheiro suficiente para comprar o prédio em último caso, e que também tentará atrair a simpatia de outros vereadores para ajudar na articulação com a administração municipal.
A representante da Cinemateca na audiência, Olga Futemma, destacou a importância da revitalização dos cinemas em São Paulo, para voltarmos, em nossa cidade, a perceber a sensação de ter os cinemas na rua”. “Isso faz toda a diferença. É uma cidade que merece ser mais bela, mais pensante, mais crítica, mais sensível, essas coisas que o cinema pode trazer para as pessoas. É uma boa batalha que se abriu para a cidade, disse.
A reunião desta quinta-feira foi organizada em parceria com o Movimento pelo Belas Artes, iniciativa de diversos grupos ligados ao cinema e às artes que luta para que o espaço no qual funcionava o Belas Artes seja tombado e para que o cinema volte a funcionar ali.
Integrante do movimento, o urbanista Cândido Malta afirmou que o cinema de arte não pode deixar de existir na região central de São Paulo, e defendeu uma intervenção direta do poder público na questão. Se o mercado não consegue dar conta do cinema, temos de encontrar outros meios. Se o tombamento for um deles, vamos utilizá-lo, mas talvez não seja suficiente. Talvez a viabilização econômica dependa de uma intervenção publica mais forte. Se for necessária uma desapropriação, que ela aconteça. Temos uma casa pública para ópera, pintura, escultura, e por que não para o cinema? Temos de assumir o cinema de arte como tarefa pública a ser assumida pelos órgãos competentes, disse.
O processo de tombamento do prédio está sendo analisado pelo Conselho de Preservação do Patrimônio de São Paulo (Conpresp) desde o dia 18 de janeiro. Em junho, entrou em caráter de urgência. Desde então, o edifício não pode sofrer alterações em sua estrutura ou fachada até o final da análise do caso pelos conselheiros do órgão. Na última terça-feira (13), o Conpresp se reuniu e mais uma vez adiou a decisão sobre o tombamento ou não do edifício.
O conselho está elaborando um estudo técnico sobre o imóvel para avaliar se o prédio deve ser tombado como patrimônio histórico. O simples tombamento não garante, contudo, que o espaço continue funcionando como cinema. Por isso, o movimento pede também que o local seja considerado patrimônio cultural e imaterial de São Paulo, garantindo assim que a atividade do cinema no prédio seja garantida.
Já Valério Benfica, representante do Ministério da Cultura, disse que a pasta do governo federal está à disposição para ajudar naquilo que for possível para a manutenção do cinema. Falou-se até na possibilidade de repetir a parceria firmada no Rio de Janeiro que revitalizou o Cine Odeon para os cariocas.
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(15/09/2011 22h00)