Nesta quarta-feira (18/12), a Comissão Extraordinária de Meio Ambiente e Direito dos Animais da Câmara Municipal de São Paulo realizou uma Audiência Pública para discutir o andamento das obras de revitalização do Parque do Carmo, zona leste da cidade. O debate atende a um requerimento do presidente do colegiado, o vereador Alessandro Guedes (PT), e visa averiguar o andamento das obras do parque.
De acordo com a Prefeitura, o projeto para revitalização do Parque do Carmo conta com um investimento de R$ 83 milhões e inclui manejo arbóreo, vigilância, restauração de edificações, vias de passagem, rede elétrica e demais estruturas. O prazo inicial da obra é de 24 meses, e a ideia é que a revitalização mantenha as características históricas e de paisagens.
Participaram da discussão representantes da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, da Secretaria Municipal Infraestrutura e Obras, da Defesa Civil de Itaquera, e da construtora Ramon Aguilera, responsável pela obra.
“Essa Audiência Pública foi convocada pela Comissão de Meio Ambiente para falar sobre as condições de abandono do parque e questões relacionadas à erosão e o risco de rompimento do lago. O nosso objetivo aqui é entender por que as obras de revitalização estão paradas, e buscar a retomada das ações para atender a população da zona leste”, destacou o vereador Alessandro Guedes.
Participação dos convidados
Representando a construtora Ramon Aguilera, Thiago Oliveira foi indagado pelo presidente da Audiência Pública sobre o andamento das obras e da contenção da erosão do lago. “A gente teria lá naquele parque cerca de 22 frentes de serviço, mas como o parque está em funcionamento, nós tivemos que reduzir as frentes de serviço que poderiam estar acontecendo de forma simultânea. Hoje nós temos cinco frentes trabalhando, porque não tem como a empresa estar com várias frentes de serviço com o parque aberto, por conta dos riscos com maquinário. Nós temos ali obras de pavimentação e de construção de grande vulto, que dificultariam o funcionamento amplo dessas frentes de trabalho. Por isso, temos buscado junto com a Secretaria do Verde, uma forma que não atrapalhe os usuários de estarem frequentando o parque e, da mesma forma, ir tocando as frentes de trabalho”, revelou.
“A obra de revisão do vertedouro, a gente precisou fazer um estudo e se deparou ali com uma outra situação, diferente da que a gente foi contratado para fazer. Então, a gente precisou fazer uma nova adequação desse vertedouro que não tem nada a ver com a contenção do lago, que foi falado sobre o risco de rompimento. O vertedouro é para absorver a amortecer o volume de água que chega ali. O novo modelo que foi proposto foi aprovado, mas agora nós temos ali uma discussão sobre o alteamento da borda do lago, o que vai de encontro com essa informação do risco de rompimento do lago. Essa é a situação hoje do nosso contrato do vertedouro”, concluiu o representante da construtora.
A chefe de gabinete da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, Thamires Oliveira, falou sobre a proporção da complexidade das obras, que começou com a identificação de problemas com banheiros inadequados e se expandiu para a reforma completa do local. “A nossa gestão investiu cerca de R$ 150 milhões em obras na zona leste, com apoio da população e um aumento substancial no orçamento da Secretaria do Verde. Recentemente, nós não identificamos grandes problemas de zeladoria no parque, mas me comprometo a verificar isso pessoalmente e realizar uma vistoria, caso necessário”, disse.
A chefe da assessoria técnica da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras, Antônia Ribeiro, também explicou os problemas relacionados ao andamento das obras de contenção do lago. “Inicialmente, a obra visava resolver três problemas: trocar o vertedouro do lago, resolver a erosão e controlar o nível da água para reduzir alagamentos na região. No entanto, durante a execução, surgiram ajustes no projeto, incluindo uma solução diferente da proposta inicial pela empresa contratada, o que gerou mudanças na engenharia e nos prazos. Apesar dos contratempos, o objetivo é finalizar o projeto, especialmente no que se refere à erosão, antes que o período de chuvas se agrave. Uma reunião com a empreiteira está marcada para acelerar o andamento, e a intenção é iniciar a obra definitiva o mais rápido possível, com foco na solução urgente da erosão”, salientou.
Participação popular
Representando o grupo de lideranças sociais “Casa Rosada”, de Itaquera, José Carlos Medeiros expressou sua preocupação com a reforma do Parque do Carmo, destacando a luta histórica pela melhoria da zona leste de São Paulo. “Lamento a falta de funcionários e a deterioração do local, incluindo os banheiros sujos e a erosão ao redor do lago. Se o lago se romper, vai agravar as enchentes frequentes que a gente vem sofrendo no bairro e causar uma tragédia, considerando o risco de mortes e de prejuízos aos comerciantes. Nós queremos uma garantia de que a reforma será feita de maneira segura e que as autoridades responsáveis respondam prontamente para evitar danos maiores à região”, ressaltou.
Jerônimo Barreto, representante da Associação Nossa Senhora Aparecida, do Jardim São Francisco e São Matheus, declarou que a zona leste está abandonada pelas autoridades. “Nós sabemos que a zona leste vai ter o maior orçamento da cidade de São Paulo para o ano que vem. São 600 e poucos milhões para as Subprefeituras, como é que o parque pode estar nessa situação? Isso é inadmissível. Os vereadores e o prefeito enganam todos nós moradores com promessas de melhorias para a zona leste nas campanhas eleitorais, mas a verdade é que nós somos um depósito de pessoas, só jogam gente lá e não melhoram nada. A gente não recebe o dinheiro. Ninguém pensa nas nossas necessidades”, desabafou.
Diretora da Ampascity (Associação de Moradores do Parque Savoy City), Aurelita Araújo, se mostrou frustrada com a atual gestão municipal e com a situação da Zona Leste da capital. “É triste ver a situação que o Parque do Carmo está. Um local que já recebeu eventos e apresentações culturais, como passeios de bicicleta e apresentações de artistas, agora está nestas condições precárias. A Prefeitura só gasta dinheiro com obras superficiais, como melhorias de asfalto que já existem, sem resolver problemas mais graves como a questão da sujeira e do esgoto. A nossa luta tem que continuar. Nós precisamos de melhorias concretas para a zona leste”, pontuou.
Mateus Ramos, líder comunitário da Cidade Líder, chamou a atenção para a questão do risco de enchentes na região. “Uma questão muito importante é a do lago do parque, que é responsável pelas enchentes na nossa região, principalmente na Cidade Líder. A Prefeitura prometeu mexer no lago, fazer a licitação e iniciar a obra, mas até hoje nada aconteceu. Recentemente, tivemos uma enchente que, com apenas 30 minutos de chuva, destruiu muitas casas. Enquanto algumas pessoas comemoram o Natal, muitas outras estão sofrendo na favela, preocupadas com as suas casas. Essa obra é urgente!”, destacou.
Participaram da Audiência Pública desta quarta-feira os vereadores Alessandro Guedes (PT) e Danilo do Posto da Saúde (PODE). A íntegra da discussão pode ser acompanhada no vídeo abaixo.