Em audiência pública realizada nesta quarta-feira (15/7), a Comissão de Finanças e Orçamento promoveu um debate sobre a situação das Escolas de Dança de São Paulo e da Escola Municipal de Música de São Paulo, ambas ligadas ao núcleo de formação da Fundação Theatro Municipal.
Apesar de um início de ano tumultuado para as duas instituições, por conta do plano da Prefeitura de reestruturar as escolas, prevendo não somente a extinção da Fundação Theatro Municipal, mas também a diminuição do número de vagas e fechamento de alguns cursos, por exemplo, o desafio agora é outro. A proposta do Executivo não foi adiante, mas os profissionais e alunos lidam hoje com as transformações trazidas pela pandemia.
De acordo com Cristina Souza, coordenadora da Escola de Dança, uma das preocupações do momento é construir um projeto pedagógico que traga melhor aproveitamento para as escolas, já que praticamente 100% das atividades estão sendo realizadas de forma on-line. “Não temos nenhuma desistência, contamos com a participação dos pais, mas não é fácil fazer essa formação artística on-line”, explicou Cristina.
Para Daniel Cornejo, professor da Escola de Música e representante do corpo pedagógico da instituição, o número de assinaturas do abaixo-assinado contra o projeto da Prefeitura que, segundo ele, ultrapassou 100 mil assinaturas, traduz o desejo dos munícipes de manter os parâmetros atuais e de participar do processo de mudança. “É claro que sempre é possível melhorar, mas essa mudança não deveria vir de cima para baixo, sem o cuidado de ver como funcionam as escolas e ouvir quem está dentro da estrutura, para entender de fato o que precisa ser melhorado”, argumentou Cornejo.
Presente à audiência, o secretário municipal de Cultura, Hugo Possolo, disse que a mudança proposta pelo Executivo realmente gerou “discussões agudas” à época, mas que com a exclusão da Fundação Theatro Municipal do projeto que tratava da reforma administrativa, o assunto foi superado. “A questão da mudança das escolas está efetivamente postergada. Ela ocorreria muito em função da mudança do modelo de gestão”, explicou Possolo.
Para Sheila Aparecida, mãe de aluno, ainda que o plano não tenha sido aplicado, os pais estão receosos de que a Secretaria Municipal de Cultura proponha novas alterações justificadas pelo atual momento da pandemia e possível contenção de gastos. “Queremos que alunos, pais e professores sejam ouvidos em projetos futuros, que ouçam os pedidos do abaixo-assinado, de pessoas que querem que a escola permaneça como é”, declarou.
Já a educadora Eliane Vieira defendeu que os próximos projetos de mudanças busquem ampliar o acesso para quem não reside na região central da cidade. Segundo ela, os cursos livres ofertados pelas instituições, muitas vezes, são a única oportunidade para que munícipes tenham acesso à formação de qualidade. “Alunos da área periférica têm muita dificuldade de ir até o centro da cidade para estudar” afirmou. Para ela, é preciso aumentar a oferta. “Os cursos livres abraçam pessoas que não tiveram a oportunidade e fomentam a ocupação dos espaços públicos, que estão subutilizados”, argumentou.
Participaram da audiência os vereadores Antonio Donato (PT), presidente da comissão, Isac Félix (PL), Ricardo Nunes (MDB), e Soninha Francine (CIDADANIA).