A ação da urbanização se reflete na temperatura e no clima na Região Metropolitana de São Paulo. Essa foi a principal conclusão das discussões e contribuições da 57ª audiência pública da Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente da Câmara Municipal de São Paulo, nesta quinta-feira (29/10), na Sala Tiradentes.
Os vereadores Carlos Apolinário (DEM), presidente da Comissão, e José Police Neto (PSDB), relator da revisão do Plano Diretor Estratégico da cidade, receberam o professor Augusto José Pereira Filho, pesquisador do Departamento de Ciências Atmosféricas do Instituto Astronômico e Geofísico da USP.
Pereira demonstrou o crescimento da Bacia do Alto Tietê e apresentou gráficos com a média de temperatura ao longo das décadas. “O inverno em São Paulo era muito bem definido entre junho e agosto e mais quente no fim da primavera e em todo o verão. Hoje, a cidade está dois graus mais quente por causa da urbanização em particular. A cidade está menos úmida”. O especialista também falou que o Município está com menos nebulosidade e, portanto, mais radiação; e afirmou que a ação da urbanização tem as inundações como consequência.
Os representantes das entidades da sociedade civil interessada reiteraram a pertinência do concurso dos técnicos e a contribuição da ciência no processo de revisão do PDE. Também criticaram a realidade da verticalização na cidade e não abriram mão do planejamento do Município sem levar em consideração os impactos climáticos. Para Pereira, a Universidade de São Paulo tem tecnologia e ferramentas para contribuir com isso, inclusive, para detectar eventos metereológicos.
“A cidade começou por um Plano Diretor sem ter uma política de desenvolvimento urbano. Historicamente, a cidade vem discutindo os seus planos de desenvolvimento dissociados do Plano Diretor”, argumentou Police Neto.