ÉLDER FERRARI
DA WEB RÁDIO CÂMARA
O Projeto de Lei 705/2017, do Executivo, que trata da privatização do Complexo de Interlagos, aprovado em 1ª votação no Plenário da Câmara Municipal de São Paulo, passou pela segunda Audiência Pública da Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente nesta quarta-feira (21/3).
A Audiência Pública teve a participação de uma comissão integrada pelos usuários do autódromo. Sérgio Berti, que falou por essa Comissão, disse que o grupo é contra a privatização e defende a concessão.
“Nós entendemos que o melhor caminho para o Complexo Interlagos seria uma concessão responsável, que atenda a comunidade como um todo e o esporte a motor”, disse.
Além das atividades esportivas do Complexo Interlagos, existe a preocupação com o meio ambiente, já que a região de Interlagos está em uma área de manancial. O professor da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo) e arquiteto José Eduardo de Assis Lefévre defende os dois aspectos: a manutenção do histórico espaço de esporte a motor, além da questão ambiental da região.
“A questão ambiental é muito importante pela localização, também por estar dentro de uma área de preservação de mananciais. Se forem construídos edifícios, será um contrassenso.”
O arquiteto mencionou edifícios, porque o Complexo Interlagos será incluído futuramente na Operação Urbana Jurubatuba e parte dele poderá ser usado para a construção de prédios. O diretor de Desenvolvimento da São Paulo Urbanismo, Leonardo Castro, confirmou que isso deverá acontecer, mas descartou uma preocupação dos amantes do automobilismo paulistano: o fim do Kartódromo Ayrton Senna.
“Isso não é uma coisa que está sendo discutida no Projeto de Lei. O que o Projeto da Operação Jurubatuba, que ainda será enviado à Câmara, faz é estabelecer um índice de aproveitamento. Isso quer dizer que no autódromo podem ser desenvolvidas algumas edificações, como um centro de convenções ou um hotel.”
O vereador Natalini (PV), que não faz parte da Comissão de Política Urbana, participou da Audiência Pública, e se colocou contrário à privatização de Interlagos.
“A minha proposta é que esse Projeto seja transformado e aprovado como um parque público que seja aberto para a toda a população, mantendo o autódromo, diferentemente do que o governo está propondo.”
Já o vereador Rodrigo Goulart (PSD) apresentou um ofício, no qual pediu ao Executivo que faça um estudo sobre a possibilidade de transformar o projeto de privatização do Complexo de Interlagos em processo de concessão.
“Nós sabemos que a privatização é difícil, principalmente nessa crise econômica que o País enfrenta. Por isso eu pedi esse estudo para que a Prefeitura avalie se a concessão não é mais viável do que a privatização.”
Sobre todas as questões levantadas durante a Audiência Pública, a diretora-presidente da São Paulo Parcerias, Ana Beatriz Monteiro, afirmou que as atividades do Autódromo de Interlagos vão continuar e disse que essa garantia está no Projeto de Lei. Depois questionou dados apresentados pela Comissão de Interlagos, segundo os quais, o Complexo seria superavitário.
“A SPTuris, que administra o Autódromo de Interlagos, é uma empresa de capital aberto. Os números estão disponíveis na Internet. É uma questão das pessoas constatarem que a situação financeira não é positiva”.
O vereador Fabio Riva (PSDB), membro da Comissão de Política Urbana, disse que não dá para mudar uma cidade sem mexer em interesses, mas que é preciso buscar um equilíbrio.
“Nós temos um problema de moradia popular muito grande na cidade de São Paulo e uma das formas de resolver é privatizando um espaço que é muito pouco usado, como o de Interlagos, para a construção de habitações populares.”
O presidente da Comissão de Política Urbana, o vereador Toninho Paiva (PR), afirmou que a intenção dos vereadores é realizar uma nova Audiência Pública sobre o assunto na região do autódromo. E com isso dar voz à população da região. A data dessa audiência ainda deverá ser marcada.