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Câmara celebra os 500 anos da Reforma Protestante

Por: - DA REDAÇÃO

15 de setembro de 2017 - 22:28

André Bueno/CMSP

Os 500 anos da Reforma Protestante foram lembrados na Câmara

No dia 31 de outubro de 1517, praticamente no fim da Idade Média, o monge germânico Martinho Lutero escreveu um extenso pergaminho com 95 teses. Cada uma delas criticava duramente a conduta da Igreja Católica, acusada de enriquecimento ilícito, venda de indulgências e deturpação do evangelho. As denúncias foram afixadas na porta da Igreja de Wittemberg, na Alemanha.

A atitude de Lutero causou a sua excomunhão, decretada pelo Papa Leão X, e deu início ao que ficou conhecido como a Reforma Protestante, um movimento criado com o objetivo de retomar as origens do cristianismo. Além das questões religiosas, os historiadores atribuem a esse fato ao estopim de profundas mudanças na sociedade.

Hoje, 500 anos depois, o próprio Vaticano participa dos eventos em memória à Reforma. Em maio, durante um Congresso do Comitê Pontifício das Ciências Históricas, o Papa Francisco falou sobre a importância da reaproximação entre católicos e protestantes e lembrou que a divisão foi causada e alimentada por “poderosos”.

André Bueno/CMSP

Paulo Frange

Nesta sexta-feira, os cinco séculos de Protestantismo foram lembrados em uma Sessão Solene na Câmara Municipal de São Paulo. A inciativa do evento foi do vereador Paulo Frange (PTB). O parlamentar destacou que Lutero deu o primeiro passo para transformar a história e criar uma nova estrutura na sociedade.

“Começando pelo fato de os ensinamentos das escrituras sagradas passarem a ser traduzidas para a compreensão de todos, e não só lecionadas em latim. Isso junto com a chegada da gráfica, que permitiu a impressão em papel do Novo Testamento e, consequentemente, estimulou a alfabetização”.

Frange também citou outro legado da Reforma Protestante, o inconformismo. “Dentro de cada um de nós deve haver uma gota de desse inconformismo de Lutero para que a gente possa dar passos e fazer mudanças. Não aceitar as coisas sempre como elas estão. Mas selecionar e transformar”.

O Reverendo Davi Charles Gomes, chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie, foi um dos homenageados da noite no Salão Nobre da Câmara. Ele lembrou que a cidade de São Paulo tem uma relação histórica com os protestantes.

“É uma relação ambígua. Ao mesmo tempo em que aqui, antes mesmo da fundação da cidade, havia um núcleo forte da chamada ‘Contrarreforma’, para combater o movimento, São Paulo, com o passar do tempo, construiu uma relação de amizade com os protestantes, recebendo muitos deles que vinham da Europa. Hoje podemos ver como exemplo disso o Cemitério dos Protestantes, na Consolação, e até mesmo instituições como o Mackenzie”, disse.

Para o reverendo Juarez Marcondes Filho, os conceitos do protestantismo permanecem atuais ainda hoje. “A lembrança de 500 anos não serve apenas para o saudosismo, mas para tirarmos lições preciosas dela. E quando recebemos uma homenagem e um reconhecimento dentro de uma Casa de Leis, efetivamente isso nos dá a esperança de um mundo melhor”, afirmou.

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