As dificuldades enfrentadas pelos deficientes visuais no mercado de trabalho foram discutidas nesta terça-feira (24/10) na Câmara Municipal de São Paulo. O debate foi promovido pela vereadora Adriana Ramalho (PSDB), e pelo Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência, além da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência.
Durante o encontro, os participantes disseram que a maior dificuldade é fazer com que os empregadores mudem seus conceitos. Em 2015, o Ministério do Trabalho e Emprego mostrou que o Brasil tinha 403,2 mil pessoas com deficiência registradas formalmente.
No entanto, esse número deveria ser maior. “São aproximadamente 1,5 milhão de vagas e muito menos da metade é preenchida. Precisamos mudar bastante a cultura que temos e parar de olhar para a deficiência da pessoa e sim para o potencial dela”, disse a secretária-adjunta municipal da Pessoa com Deficiência, Marinalva Cruz.
Ela ainda listou algumas ações que estão sendo desenvolvidas pelo poder público para minimizar esse problema. “O cidadão com deficiência é profissional e também um cliente. Estamos fazendo campanhas de conscientização dentro das empresas para que elas percebam as habilidades de cada pessoa”, disse Marinalva.
O conselheiro municipal da Pessoa com Deficiência, Erici Soares Honório, desmistificou o fato de as empresas considerarem que terão gastos maiores ao contratar uma pessoa com deficiência visual.
“A grande dificuldade está com os empregadores. Eles acham que a adaptação do profissional será demorada e que haverá gastos com computadores e pisos táteis. No entanto, é fundamental que eles entendam que existem aplicativos gratuitos de voz que podem ser utilizados e que esses investimentos trarão benefícios aos negócios”, disse.
O empresário Luciano de Castro é deficiente visual e concorda com Honório. “O problema está nas atitudes dos empregadores. Não existe um padrão de acessibilidade. Existem algumas convenções e cada pessoa tem sua peculiaridade. As empresas não precisam ter receio de gastar muito para a adaptação dos deficientes”, argumentou.
Para ele, o aprimoramento é fundamental para conquistar um bom emprego. “Fiz faculdade de administração pública e sempre estou em busca de especializações. Os recursos de acessibilidade existem e facilitaram bastante o aprendizado de quem tem deficiência visual”, contou Castro, que além de empresário, trabalha no setor financeiro de uma empresa privada e sempre está acompanhado de sua cão-guia, Pixel.
Os participantes do debate elogiaram a iniciativa. “Esse encontro ajuda muito. Recebemos sempre os relatos das pessoas que mesmo tendo qualificação não são contratadas. Algumas empresas não estão nem recebendo os currículos das pessoas com deficiência visual”, afirmou Honório.
A secretária-adjunta considera fundamental a discussão. “Palestras como essas ajudam na conscientização da população”, disse Marinalva.