Além de listar propostas que devem entrar na pauta de 2024, as lideranças partidárias discutiram na primeira reunião do Colégio de Líderes do ano o pedido de instalação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das ONGs. Segundo o presidente da Câmara, há cerca de 45 solicitações para abertura de CPI na Casa. Sugerida pelo vereador Rubinho Nunes (UNIÃO), a proposta da Comissão é investigar ONGs (Organizações Não Governamentais) que prestam serviços sociais na região central da cidade.
“Eu pleiteio a abertura da CPI das ONGs, com o objetivo principal de investigar as ONGs que atuam no centro de São Paulo”, falou Rubinho, que também quer apurar denúncias de abuso sexual contra menores de idade dentro do contexto das organizações.
“Recentemente surgiu a vítima, um jornalista chamado Cristiano. Ele veio a depoimento e disse que foi vítima de abuso sexual por parte do senhor (padre) Julio Lancellotti. A Arquidiocese, a meu ver, de forma muito razoável e como sempre muito transparente, abriu uma investigação para apurar os fatos. Porém, as denúncias trazem isso, inclusive, para dentro do universo das ONGs”, falou Rubinho Nunes.
Após a fala de Rubinho, Milton Leite se posicionou sobre os fatos apresentados. Ele considerou as acusações “gravíssimas” e afirmou que encaminhou as denúncias para o Ministério Público. “Também estamos enviando à Roma. Tudo o que chegar eu dou provimento. Não vou segurar uma na minha mão, sob pena de prevaricação, assim como enviei para a Diocese”.
Apesar de entender que as acusações são graves, Milton exigiu “cautela e prudência” na condução do assunto. Por isso, em acordo com as lideranças, Leite adiou o debate sobre a abertura da CPI para a semana seguinte do Carnaval, a fim de analisar o escopo da proposta da Comissão Parlamentar de Inquérito.
“Precisamos de um pouco mais de tempo para examinarmos junto com a ATM (Assessoria Técnica da Mesa), que me diz se é possível estar contida nesse escopo esta natureza de denúncia ou se faremos um novo requerimento”, explicou Milton Leite.
Líder da bancada do PT na Casa, o vereador Senival Moura (PT) concordou com o adiamento da discussão. “Precisamos saber quais são as entidades que de fato serão investigadas. O padre sequer é objeto dessa investigação, não tem ligação nenhuma. É um cidadão, é o padre exercendo a sua atividade prestando serviço social no dia a dia”.
Para a vereadora Elaine do Quilombo Periférico (PSOL), líder da bancada do PSOL na Câmara, é preciso analisar os fatos de forma responsável. Ela quer discutir o tema com seriedade e tranquilidade antes de a Casa tomar uma decisão. “Nós, vereadores, devemos ser os primeiros a tratar com muita responsabilidade acusações tão graves quanto essa. E concordo com o presidente, que disse que acusações tão graves quanto essas precisam ser investigadas”.
O vereador Eliseu Gabriel (PSB) foi outro parlamentar a se manifestar sobre as denúncias. “Nós não somos Conselho Tutelar, nós não somos Ministério Público. Eu acho que estamos entrando em um terreno movediço. A CPI é para tratar de ONG, eu não sei por que estamos discutindo tanto essa questão do padre. Isso é um negócio gravíssimo que suja a barra da pessoa”.
O vereador Sidney Cruz (SOLIDARIEDADE) também concordou com o adiamento da discussão proposto pelo presidente Milton Leite. “Vossa Excelência, de forma muito prudente, prorrogou esse assunto para discutirmos após o Carnaval”.
Ainda em relação à CPI das ONGs, o vereador André Santos (REPUBLICANOS) destacou que “precisamos esperar que as provas – no seu conteúdo total – sejam apresentadas. Aí sim, como foi falado pelo presidente, tomar uma posição em relação a isso”. O parlamentar completou dizendo que a Câmara tem que conduzir a discussão com responsabilidade. “Não se pode falar sobre o padre sem que tenhamos uma comprovação exata se ele tem culpa ou não”.
A íntegra da reunião do Colégio de Líderes pode ser conferida no vídeo abaixo: