Oriundo de uma família de seis irmãos, Evandro Colasso nasceu há 37 anos em Itaquera e sempre viveu na zona leste de São Paulo. Morou em São Miguel Paulista, na Ponte Rasa e hoje vive na Vila Curuçá, mas passa a maior parte do dia em Ermelino Matarazzo, onde faz o que mais gosta: trabalhar em prol dos moradores. No sábado (20/6), ele esteve no Ceu Quinta do Sol, no Cangaíba, para participar do programa Câmara no Seu Bairro e encaminhar suas sugestões aos vereadores.
Sua mãe era dona de casa e seu pai,um operário do ABC de origem italiana. Trabalhava na Panex, fabricante de panelas, e tinha uma maneira bastante rígida de educar os filhos. “Ele falava para a gente desde criança que tínhamos que aprender o italiano e que o comunismo era um perigo. Eu nunca gostei muito de saber as minhas origens por conta da rigidez do meu pai”, lembra Ferreira. Esse jeito de ser do pai sempre foi alvo de discordâncias entre ele e Ferreira, que desde cedo sempre demonstrou se preocupar bastante com os outros.
“Minha tia era dona de uma pequena rede de supermercado em São José dos Campos. Eu me lembro de que uma vez uma pessoa chegou lá pedindo um refrigerante de graça e ela não quis dar. Nem um copo com água. Comecei a chorar com aquela situação, pois eu via tantos refrigerantes ali! Por que não dividir o refrigerante?”
Aos 16 anos, Colasso começou a trabalhar em uma empresa e, quando ganhou o primeiro salário, comprou brinquedos para ajudar crianças de um orfanato perto de onde morava. Com o passar do tempo, o então adolescente foi se identificando cada vez mais com os ideais revolucionários, mergulhando na leitura do comunismo e de outros autores de esquerda. Aos 15, ele já tinha lido “O Princípio do Estado”, de Mikhail Bakunin, um dos principais defensores do anarquismo no século XIX.
Mais tarde, formou-se em jornalismo, mas foi cursando direto que ele se encontrou. É nessa área [a do Direito] que ele luta pela garantia dos direitos da população e por uma sociedade mais igualitária. Funcionário público de carreira, um dos principais trabalhos em que está envolvido atualmente e que já vem sendo realizado há um tempo é em relação ao zoneamento dos bairros de Ermelino.
“Conseguimos mapear todos os locais que precisavam ser demarcados como ZEIS [Zonas de Interesse Social] para serem regularizadas. O Plano de Meta da prefeitura para regularização fundiária aqui em Ermelino tinha uma previsão de 250 a 600 regularizações. Com esse mapeamento feito junto às comunidades, conseguimos ampliar para quase 7000. Algumas já estão em fase de entrega de títulos. Se nós não garantíssemos esses bairros como ZEIS, esperaríamos mais 20 anos para uma nova discussão de Plano Diretor para conseguir essa regularização.”
Colasso trabalha o dia inteiro e não tem hora para voltar para casa. É no período da noite que ele se reúne com as lideranças de bairro para discutir os problemas da região. “Ermelino é um bairro dormitório e é nesse período que as pessoas estão em casa. Essas reuniões também acontecem aos sábados e domingos e muitas vezes não tenho fim de semana.”
Quando tem, ele aproveita para passear com a família. Colasso adora viajar. Ele é pai de Gustavo, Leila — homenagem à ex-atriz Leila Diniz —, e Pedro Lênin — homenagem a Vladimir Lenin, líder comunista russo. Para ele, a viagem mais marcante foi para Buenos Aires, na Argentina, pois presenciou diversas vezes as pessoas sentadas em um bar discutido política, o que segundo Ferreira, não é uma situação muito recorrente no Brasil.
Movido pelos ideais de esquerda e pela paixão por sua família, Ferreira vai levando a vida. Enquanto trabalha pensando nos moradores de Ermelino Matarazzo, nunca se esquece dos filhos. Em seu braço esquerdo, por exemplo, um relógio estampa o rosto de Leila. Segundo o pai, ele tem outro relógio com uma foto de Pedro também. “Para evitar ciúmes”, brinca.