A Câmara Municipal de São Paulo realizou nesta terça-feira (10/3) um debate sobre a vida e obra do urbanista Jorge Wilheim. Responsável pela reurbanização do Vale do Anhangabaú, renovação do Pátio do Colégio, no centro, e do Parque do Anhembi na zona norte, os especialistas afirmaram que uma das principais características do italiano era a de trazer a população para ajudar no planejamento urbano.
O secretário de Cultura, Nabil Bonduki, destacou a participação de Wilheim como secretário geral adjunto da divisão da ONU para a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Assentamentos Humanos (Habitat), em 1996. “Ele é um urbanista que exerceu várias funções públicas e é responsável por influenciar muitas políticas públicas em São Paulo. Além de ajudar na elaboração de Planos Diretores Estratégico, ele participou da conferência da ONU e discutia a importância da participação popular no processo de planejamento urbanístico”, afirmou.
A socióloga Laura Tetti, que contou diversas histórias do urbanista, o classificou como “democrata”. “Ele tinha uma essência democrática grande, sempre queria ouvir as pessoas. Uma vez, ele criou um cadastro para saber da população o que eram referências artísticas para elas naquele local, para ser considerado do ponto de vista do planejamento urbano”, declarou.
Para o engenheiro civil Ivan Maglio, uma outra característica de Wilheim era a capacidade de mobilização. “Ele ajudava a criar e a transformar ideias e ações juntamente com a comunidade”, disse.
A arquiteta paisagística Rosa Kliass, contou que fez estágio no escritório de Wilheim e sobre o primeiro desafio profissional da carreira dele. “Ele teve que fazer um projeto para a cidade de Angélica (MT) e o local passou a ter acesso urbano, parques e praças”, relembrou.
Responsável pela elaboração de diversos Planos Diretores Estratégicos – conjunto de diretrizes que orientam o crescimento do município – de várias cidades brasileiras, Wilheim também foi secretário de Economia e Planejamento de São Paulo entre 1975 e 1979 e elaborou projetos que viraram referências como a sede do Clube Hebraica, o Taib (Teatro de Arte Israelita-Brasileiro), o Sesi (Serviço Social das Indústrias) -Vila Leopoldina e, em um dos trabalhos mais recentes, seu escritório prestou consultoria para o projeto urbanístico do Jogos Olímpicos, que serão realizados no próximo ano no Rio de Janeiro.
“Ele inovou ao trazer o componente do meio ambiente para a discussão do Plano Diretor Estratégico do município”, sinalizou Maglio. “Outra ideia importante foi a descentralização das discussões e os Planos Regionais”, disse.