Como parte de uma diligência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, o Palácio Anchieta, Casa do Legislativo Paulistano, recebeu na noite desta sexta-feira (15/9), parte de um grupo de 22 jovens detidos, em 2017, no Centro Cultural São Paulo. Eles se preparavam para uma manifestação que aconteceu na avenida Paulista contra o presidente da República Michel Temer (PMDB) e a favor de eleições diretas.
Na época, os manifestantes foram indiciados pelo Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) da Polícia Civil por associação criminosa e corrupção de menores. Os jovens alegam que são inocentes e que a polícia paulista teria forjado provas contra eles.
A detenção aconteceu no dia 4 de setembro. A operação policial que resultou na prisão dos jovens, que hoje respondem aos processos em liberdade, teve a participação de um oficial do Exército infiltrado em trajes civis. O julgamento dos jovens acontece no próximo dia 22, no Fórum Criminal da Barra Funda.
De acordo com a vereadora Juliana Cardoso (PT), vice-presidente da Comissão Extraordinária Permanente de Defesa dos Direitos Humanos, Cidadania e Relações Internacionais da Câmara Municipal, houve desrespeito aos direitos humanos.
“Precisamos tornar público esse caso porque ele é do ano passado. Naquela época houve mobilização da mídia alternativa para denunciar o abuso policial. Como no dia 22 vai haver o início do julgamento do processo, é extremamente importante a diligência das duas comissões”, afirmou a parlamentar.
“Este conjunto, ao lado dos movimentos sociais, vai dar um foco mobilizador para acompanhar esses jovens no dia 22”, disse. A vereadora afirmou que vai levar o tema ao Plenário 1º de Maio na próxima semana.
Durante a conversa com parlamentares e o ouvidor das polícias de São Paulo, Julio Cesar Fernandes Neves, os detidos na época contaram como as prisões mudaram a vida deles no último ano. As meninas reclamaram de assédio psicológico, jovens relataram que até hoje não tiveram seus equipamentos fotográficos devolvidos pelo Deic.
O deputado federal Paulo Teixeira (PT) afirmou que o papel dos parlamentares da esfera Federal e Municipal é o de expor uma “indignação coletiva” com o caso.
“Nós queremos fazer uma Audiência Pública na Câmara Federal e ao mesmo tempo uma representação no Ministério Público Federal porque esses meninos são vítimas de uma ação do Estado brasileiro que forjou um flagrante contra eles”, declarou. Ele classificou a ação policial do ano passado como “desinteligência”.
O debate também teve a presença do vereador Eduardo Suplicy (PT) e do deputado federal Paulão (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal.