Mesa de abertura do simpósio, realizado nesta sexta (19/9). Foto: Luiz França / CMSP
A Câmara Municipal de São Paulo realizou nesta sexta-feira (19/9) o III Simpósio em comemoração ao Dia Municipal da Pessoa Disléxica. Durante o evento, os participantes tiveram palestras sobre políticas públicas, empregabilidade, emoções e experiência de sucesso relacionadas à condição.
A dislexia, explicou o neurologista Marco Antônio Arruda, é um transtorno do desenvolvimento, e os primeiros sintomas começam a surgir na infância, durante o período de alfabetização. Os pais e educadores podem suspeitar do problema quando perceberem que a criança tem muita facilidade em cálculos e números, mas com a leitura e a escrita não. Por exemplo, ela confunde as letras p e b, f e v e d e t, afirmou.
O especialista também diz que pessoas com o transtorno normalmente são muito inteligentes. O índice de superdotados entre disléxicos é alto. Podemos falar do cientista Einstein e do político Winston Churchill, que tinham e eram muito inteligentes, acrescentou Arruda, quem coordenou os trabalhos para a elaboração da Cartilha da Inclusão Escolar Inclusão Baseada em Evidências Científicas.
A falta de preparo das escolas para lidar com alunos com dificuldades de aprendizado foi um dos principais problemas apontados pelos palestrantes. De acordo com a fonoaudióloga Simone Capellini, o Brasil está muito atrasado em políticas públicas educacionais. O Reino Unido passou a ter programas de reforço e atenção, com psicólogos e fonoaudiólogos dentro das próprias escolas. Na Espanha também é assim. Na Itália, há também uma preocupação em capacitar os professores para que eles possam identificar o estilo de ensino no qual a criança tem mais facilidade de aprender, explicou.
A falta de preparo dos profissionais da educação preocupa os pais que têm filhos com dislexia. A dona de casa Valdênia Celeghin relatou que a filha de dez anos tem dificuldades para ler e escrever. Depois que ela começou a ter acompanhamento com os profissionais, facilitou o aprendizado. Mas a escola achava que era falta de dedicação dela aos estudos, tanto que ela até repetiu, afirmou.
Para a pedagoga Cintia Piro, que tem o marido e filho disléxicos, o ensino é falho em escolas públicas e particulares. Antes mesmo do diagnóstico de que eles tinham dislexia, em casa já era didática com eles. Com o meu filho procuro fazer leitura em voz alta e peço para ele ler para mim também, contou.
Procurando buscar maneiras de facilitar o aprendizado de alunos com dislexia, a professora de português e inglês Tatiane Zanzin mudou sua forma de ensinar. Percebi que as crianças com esse transtorno tinham dificuldade de aprender quando escrevia muito na lousa. Por isso, passei a colocar apenas tópicos e a explicar mais por meio da fala, assim consigo preparar esses estudantes. Mas para complementar, passo atividades extras de leituras e peço que eles tragam uma resumo do que eles entenderam, disse.
O evento foi uma iniciativa do vereador Floriano Pesaro (PSDB), autor do Projeto de Lei 86/2006, que dispõe sobre o programa de apoio ao aluno portador de distúrbios específico de aprendizado diagnosticado com dislexia. A proposta está em tramitação na Câmara Municipal e ainda precisa ser aprovada em segunda discussão no plenário.
(19/09/2014 – 12h58)