Poucos eventos evocam tanto o sentimento paulista como a lembrança da Revolução Constitucionalista de 1932, deflagrada no emblemático Nove de Julho. A data marcou uma sangrenta derrota militar, mas ao mesmo tempo uma inesquecível vitória política, motivo de orgulho que passa de geração para geração.
O caso de Américo Calandriello Junior, vice-presidente da Federação Paulista de Futebol, representa bem esse exemplo. O pai dele participou ativamente do movimento armado contra as tropas do ditador Getúlio Vargas.
“Meu pai, descendente de italianos e um típico paulistano, foi um dos voluntários que esteve no ‘front’ [da guerra] para defender a nossa Constituição. Ele ficou no setor Sul, próximo às cidades de Capão Bonito e Guapiara, onde as tropas paulistas se estabeleceram”.
Américo foi um dos homenageados da noite, nesta terça-feira (15/8), no Auditório Prestes Maia da Câmara Municipal de São Paulo.
“Especialmente para mim é um orgulho receber essa homenagem. Sou filho desta cidade, assim como meu pai também era. E a Câmara nos dá hoje essa condição, de contar um pouco da história de São Paulo. Da nossa postura, da linha de conduta do paulistano que se arriscou para defender a democracia”, disse.
O evento não homenageou apenas familiares de heróis da Revolução, mas também reconheceu o trabalho de profissionais e pessoas que contribuíram com exemplos e ações de civismo.
O médico Coríntio Mariani Neto recebeu uma medalha de bravura por serviços prestados na rede pública de saúde, principalmente na área de partos. Ele dirige, há mais de 28 anos, o Hospital e Maternidade Estadual Leonor Mendes de Barros.
“Trabalhamos para que as pessoas tenham um bom conceito de Saúde Pública, apesar das adversidades. E receber essa homenagem para nós é fundamental. A memória da Revolução Constitucionalista é um diferencial que só mesmo quem é daqui de São Paulo vai entender. Então o fato de ser lembrado num momento como esse para receber uma medalha dessa envergadura só me deixa envaidecido”.
O discurso de Neto foi ao encontro das palavras do diretor do Conselho da Comunidade Luso-Brasileira, Manoel Magno Alves. “Vou receber essa medalha da Revolução Constitucionalista com muita honra. Foi o último grande conflito armado do Brasil. E o 9 de Julho é uma data cívica extremamente relevante para São Paulo”.
A iniciativa da ‘Sessão Solene em Comemoração à Juventude de 1932 (MMDC)’ foi do vereador Toninho Paiva (PR), que destacou o propósito das homenagens.
“Entendo que não podemos deixar apagar essa memória. E essas pessoas merecem ser homenageadas pelo que fizeram por essa cidade e pelo que ainda vão fazer. Além disso, nossa contribuição ainda é muito pequena perto daqueles que chegaram a dar a própria vida”.