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Câmara Remoto: Como jornalistas mais experientes da Rede Câmara enxergam a quarentena

Por: DANIEL MONTEIRO - HOME OFFICE

30 de março de 2020 - 09:00

Nos últimos dias, devido ao isolamento social adotado pelos colaboradores da Câmara Municipal de São Paulo como medida para evitar a propagação do novo coronavírus (Covid-19), publicamos algumas matérias sobre os bastidores da cobertura jornalística feita pela Rede Câmara de Comunicação durante a quarentena.

Nas matérias, conversei com gestores sobre o planejamento do home office; com jornalistas – mães e pais – sobre como conciliar a rotina doméstica e o trabalho; e com analistas de redes sociais, sobre as dificuldades de produção de conteúdo durante o isolamento social.

Já a reportagem de hoje tem um enfoque um pouco diferente. Eu conversei com dois companheiros de trabalho, com mais vivência no jornalismo, para contarem suas impressões desse momento.

MAGLIO

“Vamo respeitá?”. Quem conhece o jornalista e radialista Carlos Maglio, editor-chefe da Webrádio Câmara São Paulo – e meu primeiro entrevistado -, está familiarizado com a forma particular com que ele cumprimenta as pessoas.

Há 35 anos trabalhando na comunicação, Maglio é voz conhecida do rádio paulistano. Foi narrador esportivo, repórter e trabalhou por mais de 25 anos no sistema Globo/CBN de Rádio. Nesse período, também teve passagens marcantes no jornalismo impresso e televisivo, participando de grandes coberturas, nacionais e internacionais.

GRANDES COBERTURAS

Maglio esteve presente, por exemplo, na cobertura do furacão Luiz, que em 1995 atingiu a ilha de St Martin, no Caribe. “Nós fomos lá acompanhar a missão de resgate de brasileiros presos no local. Chegando lá, vimos toda aquela destruição. E ainda tivemos que esperar mais ou menos uns 3 dias até que os efeitos do furacão passassem”, conta.

Também cobriu, em 1996, o golpe de estado no Paraguai protagonizado pelo General Lino Oviedo. “Ali realmente fiquei temeroso, porque fiquei preso lá e não podia sair do Paraguai enquanto o estado de sítio estivesse decretado no país. Me deparei com situações que não tinha vivido, como ficar atrás das tropas que reprimiam as manifestações”, destaca.

No Brasil, Maglio conta que os acidentes com aviões da empresa TAM em São Paulo são marcantes em sua memória. “O primeiro deles, a queda do Fokker 100 da TAM, que deixou mais de 100 mortos, foi muito difícil, pois chegamos ao local logo após o avião cair. Havia muita fumaça e vimos de perto o trabalho dos bombeiros e a retirada dos corpos das vítimas”, lamenta.

SITUAÇÃO ATUAL

Ainda assim, Maglio se diz surpreso com a atual situação provocada pelo novo coronavírus. “Defino essa situação de agora como a terceira guerra mundial, só que o nosso inimigo é invisível, a gente não enxerga, não sabemos quais armas ainda usar contra ele. Então, pelo que eu me lembre, essa situação é sem precedentes, que traz preocupação para todos”, define o radialista.

Outra preocupação de Carlos Maglio está diretamente ligada à sua saúde e família. “Estou no grupo de risco, tenho 62 anos, embora nunca tenha tido problemas respiratórios ou pneumonia, o que me dá certa tranquilidade. Sem dúvida nenhuma também me preocupo com minha família, mas minha esposa tem menos de 60 e isso já me tranquiliza. Minhas filhas, evidentemente, também tem bem menos 60, e meus netos, cujas estatísticas de letalidade são baixas, também me tranquiliza”, afirma.

CONSELHOS

Fazendo uso de sua experiência, a despeito da preocupação, Maglio prega a calma no momento de incerteza vivido. “O importante é não entrar em pânico, que nessas horas só atrapalha, principalmente com as informações. Muitas fake news de pessoas que não tem absoluta condição de falar a respeito de vírus estão sendo difundidas. O importante é ficar em casa, se prevenir e fazer tudo aquilo que as autoridades de saúde têm recomendado”, aconselha.

CAIO

Meu segundo entrevistado também é impactante – de outra forma. O jornalista e pauteiro Caio Franco se destaca por ser muito alto e, quase sempre, usar camisas de grandes bandas, destacando logo de cara sua personalidade.

Apesar de ter começado no jornalismo um pouco mais tarde do que a média, após entrar na faculdade aos 25 anos, esse paulistano também tem bastante história. “Diria que minha carreira, até agora, foi um pouco acidentada, pelo fato de ter começado tarde, mas também tive muita sorte”, descreve.

EXPERIÊNCIA DE VIDA

Entre altos e baixos, como ele mesmo aponta, Caio teve a oportunidade de trabalhar por 15 anos na TV Globo. “10 anos desses anos foram na produção e na prospecção de pautas para o programa do Jô Soares, que sempre foi, e continua sendo, meu ídolo”, exalta.

Fora o tempo na televisão, Caio destaca a experiência com mídia instantânea como algo peculiar em sua carreira. “Na mídia instantânea a gente vai a um evento da empresa que nos contrata e ficamos escondidos do público. O objetivo é surpreender os participantes no final com um jornalzinho com fotos e o texto do evento que eles acabaram de participar. O que acaba sendo muito peculiar, porque a gente tinha que ficar escondido”, diverte-se.

A QUARENTENA

Ao avaliar o atual momento, contudo, Caio adota um tom mais sério e preocupado. “Talvez a situação que vivi e que mais se assemelha à que estamos vivendo agora, de isolamento social, foi a crise do PCC (Primeiro Comando da Capital, facção criminosa atuante no Brasil) em 2006. Lembro que, naquela época, as ruas também ficaram extremamente vazias e havia um clima enorme de tensão. Ainda assim, foi por menos tempo”, pontua o jornalista.

Por outro lado, Caio exalta a experiência como um fator positivo para lidar com estresse do momento. “O fato de ser mais idoso que a média de certa forma ajuda a ter mais resiliência, a ter mais controle sobre emoções. Não é uma coisa que me deixa exasperado. Eu imagino que, talvez, os colegas mais jovens possam ter mais dificuldades para controlar um pouco as emoções”, ressalta.

OTIMISMO

A resiliência também traz otimismo. “Eu acho que a gente vai sair dessa. Pode demorar, mas vamos sair. Estou vendo as pessoas sendo cada vez mais conscientes do que é necessário fazer, se isolando socialmente. Faço apenas um apelo para continuarem acreditando na ciência. Acreditem na ciência e em nossos próprios potenciais, que vamos sair dessa”, finaliza Caio.

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