No próximo domingo (28/7), é lembrado o Dia Mundial da Hepatite – uma das oito datas oficiais de saúde mundiais específicas para doenças designadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde). O tema é relevante, pois a infecção por hepatite viral tem grande impacto: mais de 350 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com hepatite B ou C crônica.
No Brasil, além da lembrança em um dia específico, a Lei nº 13.802/2019 instituiu, em todo o território nacional, a campanha “Julho Amarelo” – apoiada pela Câmara Municipal de São Paulo – que visa reforçar as ações de vigilância, prevenção e controle dos cinco tipos de vírus causadores de hepatites virais: A, B, C, D (ou Delta) e E, cada um com sua particularidade.
“Hepatite é um nome genérico que diz que existe alguma infecção ou inflamação do fígado. E nós chamamos hepatites virais aquelas causadas pelos vírus que se multiplicam no fígado”, resume o hepatologista Mário Guimarães Pessoa, doutor da divisão de Gastroenterologia e Hepatologia da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) e do Núcleo de Fígado do Hospital Sírio-Libanês.
Entre 2000 a 2022, segundo dados do Ministério da Saúde, foram diagnosticados 750.651 casos de hepatites virais no país, sendo que as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A – 169.094 casos (22,5%), B – 276.646 (36,9%) e C – 298.738 (39,8%), com menor incidência do vírus da hepatite D – 4.393 (0,6%), mais comum na região norte do país, e, mais raro ainda, o vírus da hepatite E – 1.780 (0,2%). Além disso, entre 2000 e 2021, o Brasil somou 85.486 mortes pela doença.
A hepatite é silenciosa e nem sempre apresenta sintomas visíveis, o que faz com que a doença possa evoluir por décadas sem o devido diagnóstico. E um dado alarmante corrobora esse cenário: dados de 2023 do Ministério da Saúde estimam que 520 mil pessoas tenham hepatite C, mas ainda sem diagnóstico e tratamento. Por isso, iniciativas como o “Julho Amarelo” são essenciais para a saúde pública. “Eu acho que a importância da campanha é conhecimento, é a população ter conhecimento e conseguir ajudar o seu médico de atenção primária no cuidado”, destaca Pessoa.
Quando se manifestam, os sintomas são: cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Já as formas de contágio são várias, pois as hepatites virais podem ser transmitidas pelo contágio fecal-oral, especialmente em locais com condições precárias de saneamento básico e água, de higiene pessoal e dos alimentos; pela relação sexual desprotegida; pelo contato com sangue contaminado, através do compartilhamento de seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos perfuro-cortantes; da mãe para o filho durante a gravidez (transmissão vertical); e por meio de transfusão de sangue ou hemoderivados.
“Se você é um indivíduo no Brasil com mais de 50 anos, 80% de chance de você já ter um anticorpo contra o vírus da hepatite A, porque foi a uma praia quando criança e se contaminou. Mas, se você tem 20 anos, 30 anos, provavelmente não tem proteção”, acrescenta o hepatologista.
No Brasil, o SUS (Sistema Único de Saúde) oferece tratamento para todos os tipos de hepatite, independentemente do grau de lesão do fígado, fora a vacina para hepatite B, recomendada para recém-nascidos. O imunizante previne infecção crônica, que pode levar ao câncer de fígado e à cirrose
No site do Ministério da Saúde você encontra um resumo das informações mais importantes sobre as hepatites virais e sobre a campanha “Julho Amarelo”.