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Campanha Setembro Verde incentiva a doação de órgãos e tecidos

Para ser doador, basta avisar a família

Por: ANDREA GODOY
DA REDAÇÃO

4 de setembro de 2024 - 16:34

Foi ainda na faculdade de medicina, em uma aula de semiologia, que o médico gastroenterologista e presidente da ABTX (Associação Brasileira de Transplantados), Edson Arakaki, descobriu que havia algo de errado com a saúde dele. Afinal, é incomum que jovens tenham pressão arterial muito alta como a aferida nele naquela ocasião. A professora pediu que ele fosse ao ambulatório para fazer várias medições e verificar se não foi um evento isolado, mas infelizmente não foi.

“Depois de alguns anos, quando eu fazia residência aqui em São Paulo na USP, foi que eu obtive o diagnóstico de uma síndrome que deposita uma proteína no rim e vai reduzindo a função renal. Na época não havia muito o que fazer, só esperar, o que implicou na progressão da redução da função dos rins. Chegou a um ponto em que eu não fazia mais a filtração renal e foi aí quando o médico me disse que eu precisava de um transplante”, lembra.

Graças a irmã dele, que doou um dos rins em vida, Edson Arakaki voltou a ter a mesma energia de antes de adoecer, que lhe permitia jogar tênis, seu esporte favorito. “Parece que me ligaram na tomada de novo, pois eu estava com a bateria fraca e de repente eu estava conectado de novo. A disposição, a vontade de fazer as coisas e as minhas prioridades mudaram bastante”, conta expressando profunda gratidão pelo ato de doação da irmã.

No entanto, essa não é a mesma sorte de milhares de pessoas que aguardam por um rim, na esperança de não enfrentar desgastantes sessões de hemodiálise. A lista de espera por esse órgão vital é a maior dentre todas e fica entre 30 a 40 mil pessoas no Brasil, de acordo com o superintendente do Hospital do Rim e diretor da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos), José Medina. No RBT (Registro Brasileiro de Transplantes) da entidade, um documento que traz o balanço de transplantes e listas no Brasil, foram registrados 33.947 pacientes ativos em lista de espera no mês de março de 2024.

Para que mais pessoas possam sobreviver e ter qualidade de vida é que acontece neste mês a campanha Setembro Verde, que divulga informações e incentiva a doação de órgãos e tecidos. “A doação em vida no Brasil é bastante regulamentada, pode ser doador qualquer membro da família com parentesco até o quarto grau, pois quando não é parente precisa de uma autorização judicial. O cônjuge também pode ser doador”, destaca o dr. José Medina.

No entanto, ele ressalta que 80% dos transplantes no país ocorrem com órgãos de doadores falecidos. “Tem uma legislação bem apropriada para o diagnóstico de morte encefálica, tem uma alocação de órgãos muito justa na Central Estadual de Transplante e a decisão da família neste caso é importante. Quando o indivíduo manifesta informalmente em vida o desejo de ser doador, a família entende isso como seu último desejo e vai autorizar a doação para que após a morte aquela pessoa contribua com a sociedade”, explica.

Medina afirma que a taxa de recusa familiar de doação de órgãos e tecidos no Estado de São Paulo é de cerca de 30%. “O argumento normalmente é de que o parente falecido nunca falou em vida se queria ser doador ou não, então não tem nenhum dogma cultural ou religioso em relação a isso”, acrescenta o presidente da ABTO, endossando a importância de avisar aos familiares em vida a vontade de ser doador.

Brasil se destaca em número de transplantes no mundo

O Brasil é o segundo país do mundo em número de transplantes e possui o maior programa de transplantes dentro do sistema público de saúde, que fornece medicamentos para o paciente evitar a rejeição do órgão transplantado pela vida toda. “A distribuição também é bem justa, pois o primeiro da fila é que recebe o órgão”, acrescenta dr. Medina.

São as Centrais Estaduais de Transplante, coordenadas pelo Sistema Nacional de Transplantes, que regulam a distribuição de órgãos e tecidos. Elas possuem um sistema de captação e recebem a lista de pacientes que precisam.

“As centrais ordenam quem vai receber o órgão quando ele chega. Então para rim o critério principal é a compatibilidade HLA e têm prioridade os pacientes que não tem condições de fazer diálise de forma nenhuma, que não tem acesso, ou pessoas que doaram um rim em vida e o outro entrou em falência. A córnea e o pâncreas são distribuídos por tempo de espera, sendo que há prioridade para quem sofreu perfuração de córnea. Fígado, coração e pulmão, o critério principal é a gravidade do paciente”, explana o presidente da ABTO.

Medina considera essencial aumentar o sistema de captação de órgãos para ampliar os transplantes no país e reduzir a espera. Para isso, ele acredita que é necessário criar Comissões Intra-hospitalares de Transplantes, que identifiquem potenciais doadores para abordar os familiares, e notifiquem a Central Estadual.

“Dá para aumentar o número de doadores de órgãos se nós corrigirmos as disparidades geográficas do país. Hoje nós temos em média 20 doadores por milhão de habitantes, mas tem Estados que possuem 40 doadores por milhão de habitantes como Santa Catarina, Paraná e Pernambuco, que também fica próximo desse número. Na região metropolitana de São Paulo, são 25 doadores por milhão de habitantes, mas é preciso melhorar o sistema de captação”, pondera.

Pacientes Ativos em lista de espera (Março 2024)*

Estado Rim Fígado Coração Pulmão Pâncreas Pânc/Rim Córnea Total
Total-Brasil 33.947 1.390 352 164 7 221 26.266 62.347

*Fonte: RBT 2024 (ABTO)

 

Atuação das duas entidades de transplantes

Engajadas na promoção da doação de órgãos e tecidos, as duas entidades têm atuações distintas. A ABTX  (Associação Brasileira de Transplantados), que conta com quase 8 mil cadastrados, foi fundada em 2017 com o objetivo de fomentar a prática esportiva entre os transplantados e participar dos Jogos Mundiais para Transplantados, realizado a cada dois anos, que equivale a uma Olimpíada. Mas em 2018, quando houve falta de medicamentos no Brasil, principalmente imunossupressores que todo o transplantado deve tomar, a entidade precisou ampliar seu escopo de atuação.

“Hoje a ABTX possui três pilares de ação: a divulgação de informações e campanhas, lutar por políticas públicas e o incentivo de práticas esportivas”, resume o presidente da entidade, Edson Arakaki.

Já a ABTO foi criada em 1986 e realiza congressos para difundir conhecimento e inovação entre os médicos que fazem transplantes, atua na formulação de políticas públicas de transplantes nas esferas estadual e federal e faz campanhas para manter a doação de órgãos.

Setembro Verde no calendário estadual

A campanha, que acontece no mesmo mês do Dia Nacional de Doação de Órgãos (27 de setembro), foi inserida no calendário do Estado de São Paulo por meio da Lei nº 15.463/2014.

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